Pesquisar

domingo, 29 de novembro de 2009

Não fosse pelo motivo que é...

O staff do piloto Nelsinho Piquet ainda não desistiu de colocá-lo em algum cockpit para o mundial de 2010. Leia aqui.

A mais recente proposta é associar a rivalidade de outrora - Senna X Piquet - à imagem da equipe Campos e, assim, conseguir melhorar as possibilidades de levantar patrocínio.

O ponto é totalmente válido: enquanto pilotaram, sempre em equipes diferentes, Piquet e Senna - os originais - protagonizaram uma rivalidade histórica, dentro e fora das pistas.

Nos bastidores houve declarações de Piquet a respeito da sexualidade de Ayrton, que por sua vez já tinha usado a imprensa para mostrar que sua popularidade - mesmo antes de conquistar o primeiro campeonato (enquanto Nélson já contava três) superava a do compatriota.

Nas pistas a rivalidade rendeu os melhores resultados que o automobilismo brasileiro já teve, com os dois alinhando várias vezes na primeira fila, e alcançando várias "dobradinhas", pondo com frequência a bandeira do Brasil em primeiro e segundo lugar no pódium. Inclusive na corrida local, o GP do Brasil de 1986.

Protagonizaram momentos como esse.



Assim, a imagem histórica associada aos dois sobrenomes, e a regeneração dessa rivalidade pode, sim, ser explorada com muita facilidade pela equipe Campos. Pode ser uma boa idéia.

O único problema é o motivo que levou Nélson Piquet a popor isso à equipe. Não, ele não está motivado pela disputa contra o compatriota. Não, ele não quer reviver para o mundo a rivalidade histórica. Não, ele não pensa no espetáculo, no esporte, na competição.

Nélson Ângelo Piquet tem a carreira manchada para sempre, por atitude desrespeitosa com o público e os adversários. Um dos maiores exemplos de anti-esportividade de toda a história da Fórmula 1.

Depois dessa mancha, resta-lhe pouco o que oferecer às equipes.

Na verdade, parece, apenas o sobrenome.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Comparação Cruel

Não é que eu defendenda o governo do PT. Longe disso, e muito pelo contrário. Há muito o que se criticar.

Mas ao olhar uma comparação, feita por Emir Sader, entre os 8 anos do governo do PSDB e 6 anos do governo do PT, vê-se o quanto, apesar de tudo, esse país pode ser melhor.

Os dados eu obtive no blog do jornalista Paulo Henrique Amorim (leia aqui).

É impressionante.

Em tempo: quando é que o PT da Bahia vai conseguir mostrar uma comparação tão positiva?





terça-feira, 24 de novembro de 2009

Heroína de Ilhéus

Direto do Blog do Gusmão. Leia aqui.

Uma cachorrinha vira-lata saltou entre um Pit Bull enlouquecido para salvar uma criança de 13 anos.

Aconteceu no bairro Nossa Senho da Vitória.

A cachorrinha morreu, mas a criança foi salva.

E eu fiquei pensando com os meus botões. E sonhando, que sonhar não paga nada.

Que houvesse mais vira-latas assim em Ilhéus. Inclusive entre as pessoas

E menos Pit Bulls.

Acertos e Erros

Uma vez eu disse que a administração do Prefeito Newton Lima, apesar de ser uma decepção, tendo iludido a cidade com uns meses de gestão aprovável (embora aquém do que a cidade precisa e pode), não pode ser tratada como um estrondoso fracasso.

Digo isso com liberdade, pois pela minha vontade não seria ele o prefeito da cidade. Eu apenas curvei-me à decisão da maioria, como mandam os princípios democráticos.

Valderico Reis foi a maior estupidez já perpetrada por eleitores de uma cidade. Newton Lima, diferente, foi, para muitos, um erro. Talvez um grande erro. Mas longe de ser uma administração inteiramente nociva para o município, como foi seu antecessor.

E a administração atual tem seus acertos e seus erros.

Por exemplo, conforme se lê no Blog do Gusmão (aqui), a queda nos índices de infestação do mosquito da Dengue que foi conseguida entre 2005 e 2007 é notável. Durante o período, os resultados mostraram que o trabalho acabou sendo mais eficaz.

As áreas em rosa na figura abaixo mostram os locais em que o risco de infecção era alto em 2005. Amarelo indica risco médio e verde indica risco baixo.



E em 2007 a melhoria já era sensível.




Mas em Novembro de 2009 já há um recrudescimento da qualidade do trabalho, e o conseqüente aumento do risco de infestação.



Obviamente algo muito errado está havendo na gestão do combate à dengue no município. E independente de acusações a gestores específicos, a responsabilidade por essa involução é devida à prefeitura Municipal.

Ilhéus pode acabar sendo um dos campeões nacionais de Dengue no próximo verão. E o Sr. Newton Lima tem muito a ver com isso.

Mas nem tudo são espinhos. Há uma denúncia no Jornal Bahia OnLine (leia aqui), dando conta de que um secretário do município está encontrando irregularidades em pagamentos de contas de energia, lesando os cofres municipais.

Pelo que a investigação vem dando conta, parece que há uma grande quantidade de imóveis, que não pertencem nem estão em usufruto da prefeitura municipal, cujas contas de energia são pagas pelo município.

Ao que parece, todos esses imóveis irregulares estão sendo devidamente identificados, e a sangria dos cofres está sendo estancada.

Independente de quem pessoalmente promove essa ação, cabe parabenizar a administração do Sr. Newton pela investigação e pelas providências.

Há muitos problemas na administração atual da Prefeitura de Ilhéus. Muitos erros, muitas coisas mal explicadas, e até inexplicadas. Mas não se pode deixar de reconhecer também os seus méritos, pois eles existem, ainda que tímidos. Como na gestão de qualquer prefeito.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"A mão pesada de Corrêa"

É interesante notar como o antigo herói da PF, o homem de tantas operações "fantásticas", "surpreendentes" e "corajosas" de repente se torna vilão. É demitido, e perseguido pela própria polícia.

Tudo isso depois da operação em que ele denunciou a corrupção que vai dos governos do PSDB aos do PT. Passa pela grande mídia, pelas empresas de telecomunicações e pelas privatizações.

Nessa hora ele perdeu todo o apoio. Do governo e da Oposição. E, principalmente, da "Grande Imprensa".

Não há herói que sobreviva contra tantos e tão poderosos inimigos.

Extraído de "Carta Capital". Leia aqui.

Por Leandro Fortes

“Na noite de quarta-feira 11, o delegado Protógenes Queiroz sentou-se diante de uma platéia de mais de 600 pessoas no auditório da Loja Maçônica de Joinville (SC). Como tem sido comum desde o seu afastamento da Polícia Federal, o delegado havia sido convidado para falar sobre o combate à corrupção no Brasil. Como também virou rotina, uma dupla de agentes federais o esperava com a enésima intimação para depor em processos internos abertos contra ele na PF. Do lado de fora, outros dois policiais vigiavam as saídas.

Um dia antes, na Universidade de Franca, no interior de São Paulo, Protógenes resolveu fazer piada da situação. ‘Peço aos colegas que se dirijam aqui à frente para me entregar a notificação’, afirmou o delegado, interrompendo a palestra. ‘Sei que os senhores estão cumprindo ordens, embora constrangidos.’ A platéia o aplaudiu efusivamente. Os agentes, pegos de surpresa, foram embora sem cumprir o que parece ter se tornado uma missão prioritária na gestão do atual diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa: aproveitar eventos públicos para intimidar e constranger o chefe da Operação Satiagraha, responsável pela investigação que possibilitou a condenação a dez anos de cadeia o banqueiro Daniel Dantas.

A obsessão de Corrêa inclui, desde a deflagração da Satiagraha, em 8 de julho de 2008, um programa permanente de ações administrativas apoiadas pelo ministro Tarso Genro, da Justiça. E tem provocado mal-estar, críticas e crescente oposição na PF. Para piorar, Corrêa mudou radicalmente a orientação desenhada pelo antecessor Paulo Lacerda. Escassearam as operações contra crimes de colarinho branco (na verdade, a última foi justamente a Satiagraha), voltaram as modorrentas e pontuais ações de apreensão de drogas. Para tentar evitar a oposição dos delegados fiéis a Lacerda, Corrêa trocou os titulares de todos os cargos importantes da corporação desde que assumiu a direção-geral no fim de 2007.

Não funcionou a contento. Apesar da limpa, Corrêa tem enfrentado fortes protestos internos. Em 30 de setembro, pela primeira vez na história da PF, policiais deslocados de superintendências estaduais foram para a porta do Ministério da Justiça pedir a demissão do chefe. No mesmo dia, uma ‘operação padrão’ em Foz de Iguaçu, na fronteira com o Paraguai, foi desencadeada para prestar solidariedade aos manifestantes. Uma semana antes, durante encontro nacional realizado em Maceió (AL), representantes dos 27 sindicatos de policiais federais haviam decidido pedir, formalmente, a cabeça de Corrêa ao ministro Genro. Por enquanto, em vão.

Em 25 de setembro, o presidente do Sindicato dos Policiais Federais (Sindipol) do Distrito Federal, Cláudio Avelar, enviou simultaneamente três ofícios dirigidos ao ministro da Justiça, ao presidente Lula e ao deputado Michel Temer (PMDB-SP), presidente da Câmara dos Deputados. No texto, classifica a gestão de Corrêa de ‘antidemocrática, sem critérios técnicos e objetivos, além das perseguições que remontam ao período da ditadura militar’ – esta última frase, referência explícita à sanha contra Protógenes.

‘Nunca houve tanta interferência política na Polícia Federal’, afirma Avelar. Segundo o presidente do Sindipol, tanto o diretor-geral quanto o ministro querem demitir Protógenes por razões políticas, mas usam procedimentos administrativos para esconder a intenção. ‘Eles podem até demiti-lo, mas o delegado vai acabar revertendo isso na Justiça’, avalia Avelar. ‘Não há uma única prova contra ele’, afirma.

Mesmo a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, normalmente alinhada aos interesses dos dirigentes da corporação, passou a encampar a bandeira de mudanças no método de escolha do diretor-geral. Quer, em tese, evitar o ‘recrudescimento’ das ingerências políticas no órgão. Em carta pública elaborada no 4º Congresso Nacional de Delegados Federais, em 3 de novembro, eles afirmam que a ‘construção de uma Polícia Republicana, que atua a serviço do Estado e não de governos, só será possível com o mandato para o cargo de diretor-geral escolhido entre os delegados de Polícia Federal’. Um recado nada sutil a Corrêa.

A possível demissão de Protógenes poderá se basear em um fato ocorrido em 30 de setembro de 2008. O episódio foi apresentado à mídia como prova da sua participação em um comício do ex-prefeito e então candidato do PT à prefeitura de Poços de Caldas (MG) Paulo Tadeu D’Arcadia. Protógenes foi acusado de ter infringido uma lei de 1966, imperiosa para a ditadura de então, que proíbe atividades político-partidárias de servidores da corporação. Na verdade, nunca houve comício algum. O que fez o delegado foi gravar uma declaração de apoio à instalação de uma delegacia da PF no município, um dos mais importantes do sul de Minas.

‘Por ter lutado pela delegacia da PF aqui, e só por esta razão, gravamos uma declaração de apoio do delegado Protógenes, para a tevê e a rádio, à minha candidatura. Foi apenas uma gravação’, informou D’Arcadia, em carta enviada ao jornalista Paulo Henrique Amorim e publicada no blog Conversa Afiada. O político afirma ter explicado a situação à comissão da PF montada para investigar a ‘denúncia’ e diz se sentir ‘envergonhado’ com o que classifica de ‘postura pusilânime’ do ministro Genro, com quem alega ter convivido no diretório nacional do PT. ‘Este episódio, se não corrigido, ficará como mancha de perseguição política, constrangendo todos que acreditaram e, como eu, acreditam no governo Lula’, escreveu o petista.

O calvário de Protógenes começou logo após a prisão de Dantas. Em menos de 48 horas, o banqueiro obteve habeas corpus do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O delegado, apoiado pelo juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Federal de São Paulo, conseguiu colocar o dono do Opportunity novamente atrás das grades, o que obrigou Mendes a conceder um segundo HC.

O presidente do STF nunca perdoou a dupla pela segunda prisão. Sentiu-se afrontado em seu poder supremo. A partir daí, apoiado em uma cobertura propositadamente enviesada da mídia, quando não absolutamente mentirosa, Mendes conseguiu produzir factóides que obnubilaram a Satiagraha e infernizaram a vida de Protógenes, De Sanctis e Paulo Lacerda, então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Por conta de um inexistente grampo no Supremo, Lacerda foi enviado ao desterro em Lisboa. De Sanctis enfrenta a marcação implacável da corregedoria do tribunal federal. E o delegado, afastado do comando da Satiagraha uma semana após as prisões de Dantas, corre o risco de ser demitido da PF. Sem que, no caso dos três, se tenha produzido uma única e escassa prova de conduta irregular.

Na quarta 11, por exemplo, o Ministério Público Federal, responsável pelo controle externo da polícia, reafirmou o que já havia informado antes: não houve qualquer ilegalidade no apoio de agentes da Abin à Satiagraha, pois o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) prevê ações conjuntas dos órgãos. O MPF já havia tentado arquivar o caso antes, mas sofreu forte oposição do juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal Criminal de São Paulo. Na recente decisão, o subprocurador Wagner Gonçalves não só encerrou o assunto como deu um chega pra lá em Mazloum, a quem acusou de ter usado de ‘excesso de linguagem’ ao rejeitar o primeiro arquivamento.

Um dos pecados da Satiagraha, ao que parece, foi ter captado o melífluo lobby de próceres do PT a favor de Dantas, a exemplo do que fez o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. Famoso por seu engajamento em causas humanistas, Greenhalgh não só tentou interceder no Planalto em prol do ‘perseguido’ banqueiro como, de acordo com declarações à CartaCapital da governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, queria angariar a simpatia da administração paraense aos empreendimentos agropecuários de Dantas na região. Uma atuação a coroar a carreira humanista do engajado causídico.

A inconsistência das acusações não comove Corrêa. Em 14 de abril passado, com base na acusação de suposta participação político-partidária em Poços de Caldas, Protógenes havia sido afastado das funções de delegado e teve o salário reduzido pela metade. Praticamente ao mesmo tempo, outros dois processos administrativos foram instaurados. Um deles, o procedimento administrativo 014/2009, instaurado em 31 de agosto, foi requentado de um outro, encerrado em 2005, e diz respeito à prisão de Flávio Maluf, filho do deputado Paulo Maluf (PP-SP), ex-prefeito de São Paulo, acusado de fazer parte da quadrilha montada supostamente pelo pai para desviar dinheiro público.

Embora a ação fosse coordenada por Protógenes, a prisão de Flávio Maluf foi realizada pelo delegado Alessandro Moretti, também investigado, por ter permitido a presença de um repórter da TV Globo durante a ação e por ter requisitado um helicóptero de um dos investigados para fazer o transporte do preso para as dependências da PF em São Paulo. Segundo a assessoria de imprensa da polícia, o primeiro procedimento foi encerrado por causa de um ‘erro formal’ da comissão encarregada de investigar a ação policial, quatro anos antes.

A outra investigação, o PAD 46/2009, é fruto dos humores de Corrêa. Ele ficou irritado com um texto publicado no Blog do Protógenes, mantido, segundo o próprio, por um advogado e dezenas de colaboradores, onde é feita uma relação entre a perseguição da PF com os interesses feridos de Dantas.

Além disso, Queiroz é alvo de três sindicâncias internas da PF. Em duas delas, é investigado por mexer, novamente, no vespeiro do Opportunity. Em uma, o delegado fez referências a Dantas no caso de grilagem de terras no Pará. Em outra, chamou o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) de líder da ‘bancada de Dantas’ no Congresso Nacional (há alguma mentira no chiste?). A terceira sindicância guarda similaridade com o caso de Poços de Caldas. O delegado é investigado por gravar declarações de apoio à deputada Luciana Genro (PSOL-RS), filha do ministro Genro, usadas em horário político. Protógenes afirma não ter autorizado o uso da gravação na propaganda eleitoral.

As desavenças entre Corrêa e Protógenes descambaram para um jogo de gato e rato. O diretor-geral tem feito questão de enviar agentes para notificar o delegado afastado em eventos públicos e palestras Brasil afora. Seja em Minas Gerais, Pernambuco, Paraná ou São Paulo, os passos de Protógenes são atentamente seguidos por colegas da corporação.

O mesmo empenho em rastrear a movimentação do delegado tem demonstrado o juiz Ali Mazloum. O magistrado encampou a tese da ‘contaminação’ da Satiagraha pela Abin, argumento tão caro à malfadada e patética CPI das Escutas Telefônicas presidida pelo deputado Marcelo Itagiba, que há pouco trocou o PMDB pelo PSDB. A CPI, como tantas outras criadas sobre o nada, terminou de forma deprimente – apesar de ter rendido manchetes rocambolescas para a porção da mídia empenhada na causa do orelhudo.

Em 27 de outubro, quando se preparava para falar a estudantes da Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce, em Governador Valadares (MG), Protógenes foi abordado por um oficial de Justiça por ordem de Mazloum. O juiz nunca perdoou o federal por ter sido apontado, durante a Operação Anaconda, em 2004, como integrante de uma quadrilha da qual participava seu irmão, o também juiz Casem Mazloum. Ali foi acusado de abuso de poder. Casem, de fazer grampos telefônicos clandestinos.

Na sexta-feira 6, enquanto participava da 12ª Convenção Nacional do PCdoB, partido ao qual se filiou, o delegado foi surpreendido por uma ligação no telefone celular. Do outro lado da linha, segundo ele, estava outro policial federal, também presente ao evento no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo. ‘Fui avisado que seria demitido antes do Natal’, conta. A demissão, segundo o colega da PF, seria motivada pelo tal procedimento administrativo sobre a participação dele no comício de Poços de Caldas.

O delegado da Satiagraha não teve dúvidas. Ligou para diversos jornalistas e denunciou a manobra, em meio ao evento. Antes mesmo de acabar a convenção, a notícia tinha se espalhado via internet e chegado ao ouvido do principal convidado da festa, o presidente Lula, que estava acompanhado do ministro Tarso Genro. Também presente no Anhembi, a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, não entendeu nada quando começou a falar para o auditório lotado e viu as luzes das câmeras de tevê e os flashes dos fotógrafos voltados para o ponto da platéia onde estava Protógenes.

O delegado acredita ter desarmado a bomba da demissão a tempo, embora não tenha conseguido ter acesso a informações oficiais. CartaCapital solicitou à assessoria de imprensa da Polícia Federal, em Brasília, dados sobre o trâmite das investigações levadas a cabo contra o funcionário. De acordo com a assessoria, das três investigações abertas contra o policial, somente uma delas, relativa ao comício de Poços de Caldas, está concluída. ‘Neste caso, tanto a comissão de disciplina responsável pelo procedimento quanto a Corregedoria-Geral deram parecer pela suspensão por 60 dias, sob análise da instância superior, no caso o MJ (Ministério da Justiça), conforme prevê a Lei’, informa um texto enviado por e-mail.

Genro não atendeu ao pedido de entrevista de CartaCapital. Por meio de sua assessoria, informou: ‘Não vou dar porte político à questão nem tomar qualquer decisão que tenha caráter político, seja a favor ou contra as intenções eleitorais do senhor Protógenes Queiroz. Os inquéritos internos da Polícia Federal têm caráter técnico, adequados aos estatutos que regem a corporação, e assim continuarão. Reafirmo: não vou participar de nenhum debate político, nem ter qualquer ação, ou persecutória ou protetiva, em relação a senhor Protógenes’. O delegado sairá candidato pelo PCdoB em 2010. Ainda não decidiu se a deputado federal ou senador.

Na verdade, ao ser enviado ao Ministério da Justiça, o assunto ganhou inevitável peso político. Genro, no mínimo, tem feito vistas grossas ao constrangimento de Protógenes. É ele que, segundo a lei, como titular da pasta, tem poder de punir um delegado da PF com demissão. Caso opte pela atitude extrema, corre o risco de, às vésperas de um ano eleitoral, colocar na rua um delegado que, tem demonstrado os fatos, cumpriu com o seu dever dentro dos limites legais. Ironicamente, Tarso Genro, candidatíssimo ao governo do Rio Grande do Sul, tem sido injustamente acusado de usar a Operacão Rodin, que desmontou um esquema de corrupção no Detran gaúcho, para atingir uma de suas adversárias, a governadora tucana Yeda Crusius.

E mais: a oposição e parte da imprensa sempre acusou o governo Lula de transformar, na gestão de Paulo Lacerda, a PF em um instrumento de perseguição. Genro, mesmo antes de assumir o Ministério da Justiça, fazia questão de ressaltar o caráter ‘republicano’ da corporação. Resta saber se, ao dar guarida à perseguição de um delegado ligado a Lacerda e permitir uma mudança tal radical de rumo, o ministro terá se rendido aos argumentos da oposição.”

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mais sobre o Aeroporto

Há uma discussão a respeito de serem de origem política ou técnica as restrições que existem ao funcionamento do aeroporto de Ilhéus.

Há os que alegam que há impedimentos técnicos que colocam em risco a segurança dos vôos, particularmente os casos de pousos e decolagens em condições adversas como chuva ou neblina intensas.

De outro lado existem os que vêem pouca vontade ou força política dos governantes para fazer a operação do Aeroporto voltar a ser como antes do fatídico acidente do AirBus A320 da TAM em 2007.

Uma análise fria dos fatos dá razão aos dois lados.

Porque, apesar de ignoradas até a ocasião do acidente da TAM, sempre houve muitas ponderações a respeito das condições de segurança na operação do Aeroporto Jorge Amado. Essas ponderações vinham sendo contornadas, ignoradas, esquecidas. Todavia, com o acidente em Congonhas, e temendo um acidente similar em outros aeroportos, a ANAC pôs em prática toda uma série crescente de restrições, até o aeroporto chegar às precárias condições em que está.

Mas por outro lado, se houvesse força e/ou vontade política, o aeroporto poderia funcionar plenamente, com a instalação de instrumentos de aproximação como o ILS ou o VOR/DME (quem quiser saber mais a respeito leia aqui).

Houvesse disposição para a instalação de tais instrumentos (na verdade provavelmente basta a instalação do VOR/DME), então o aeroporto de Ilhéus poderia funcionar plenamente, como funcionam os aeroportos de Congonhas e o Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

Este último, inclusive, oferece pista ainda mais curta que o de Ilhéus. Mas possui os instrumentos.

Então a pergunta é: porque ninguém discute seriamente a instalação de instrumentos de aproximação e pouso para permitir a plena operação do Aeroporto Jorge Amado?

São indícios dos que defendem a tese de que falta força ou vontade política para resolver o problema.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Nada de Novo no Front

Não sei não.

A visita do Secretário de Aviação, Brigadeiro Godinho, trouxe a excelente notícia de que o Aeroporto Jorge Amado poderá operar vôos noturnos.

Ele explicou que “A nova carta estabelece um ponto onde a aeronave desce por instrumentos a dois mil pés de altitude, a partir dali, havendo condição visual, o piloto completa o pouso, não havendo, ele tem toda a segurança para interromper o procedimento e arremeter” (leia aqui).

Bom, eu não sou um expert em aviação. Mas parece que estão trocando Aipim por Macaxeira.

Na verdade os vôos noturnos não estão proibidos. Ocorre que a aproximação é que está comprometida, tendo que ser feita no visual.

Por isso a TRIP, por exemplo, consegue operar sem problemas. Suas aeronaves são menores, voam a velocidades menores, requerem menos pista para pouso e decolagem.

Entretanto, para as empresas que operam com aeronaves maiores, como Gol e TAM, isso é inviável, porque o seguro a ser pago para pousar ou decolar suas aeronaves à noite é muito caro.

Essas companhias só operarão no aeroporto de Ilhéus durante a noite se o pouso for, como era antes, totalmente auxiliado por instrumentos.

E, segundo a fala do Brigadeiro, aos 2000 pés (o que dá uns 600 metros de altura) não se pode mais usar instrumentos. Ou o piloto tem vista da pista ou terá que arremeter.

Na prática já era isso o que acontecia. E foi isso o que afugentou os preciosos vôos noturnos das companhias aéreas Gol e TAM do aeroporto de Ilhéus.

Ou seja, o que o Brigadeiro disse, embora usando outras palavras, foi que o aeroporto poderá operar à noite - como sempre pôde - mas continuará sofrendo restrições, o que continuará inviabilizando as operações noturnas das companhias Gol e TAM.

Sintomaticamente, talvez Freud explique, ele ainda sugere "buscar novas linhas com a Azul e a Trip". Justamente companhias que operam com aeronaves menores e que podem se sujeitar às restrições a que o aeroporto Jorge Amado continua submetido.

Talvez um Ato Falho. O Brigadeiro sabe, embora tenha dito de modo enviesado: não haverão aeronaves de grande porte pousando no aeroporto de Ilhéus à noite. Continua tudo como dantes no quartel de Abrantes.

E os problemas do Pólo de Informática, do Turismo e das empresas que utilizam os serviços aeroportuários permanecerão como estão.

Nada de novo no Front.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Óbito à vista

Amanhã virá a Ilhéus um mutirão de funcionários do Ministério da Defesa, entre os quais o Brigadeiro Jorge Godinho, da Secretaria de Aviação Civil (leia aqui).

Vão todos se reunir com o prefeito, e um dos assuntos da Pauta é a velha novela do Aeroporto Jorge Amado.

Algo, aquele meu amigo que sempre me diz coisas inconvenientes, já sussurrou no meu ouvido.

Algo me diz que, se fossem boas notícias a serem dadas, viria o Governador, o Presidente, o Ministro, e uma enorme comitiva.

"Quando mandam apenas a turma menos patenteada", diz-me Algo, "é porque a notícia é ruim. Pois a imagem do Governador ou do Presidente precisa estar nas manchetes positivas dos jornais, e não no obituário".

É verdade que o sacana do Algo já errou no passado. É raro, mas acontece.

Tomara que erre de novo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Parque Jorge Amado

Eu tenho lá minhas dúvidas se existe de fato disposição política para se construir o Complexo Intermodal. Pelo que pude comprovar (leia aqui) não há nada de concreto ainda, sequer no papel. Só promessas.

Mas como sonhar não custa nada, eu tenho uma sugestão para o que fazer com a área do velho aeroporto, assim que o novo for de fato construído.

Fala-se de um Shopping Center. Fala-se de um Condomínio de Luxo. Fala-se de um grande Centro Empresarial, para as empresas que se instalarão em Ilhéus, com atividades voltadas para o Complexo.

Eu não descarto nenhuma dessas opções. Mas gostaria muito que o município de Ilhéus cuidasse mais de seus cidadãos.

Porque uma parte daquele enorme terreno, e nem precisa ser a parte mais nobre, de frente para o mar, não pode ser oferecida para usufruto dos próprios moradores de Ilhéus?

Eu tomei a liberdade de copiar uma área pública conhecida como “Parque da Criança”, que fica minha querida Campina Grande/Paraíba. É um espaço mantido pela prefeitura para que as pessoas possam fazer caminhadas, levar as crianças a se divertirem, fazer exercícios, praticar esportes. Espaço amplo, bem cuidado, totalmente cercado e protegido, além de devidamente vigiado.

A imagem abaixo (perdoem minha pouca habilidade em fazer montagens) mostra alguns detalhes de como poderia ser, por sugestão, o “Parque Jorge Amado”, que ofereceria às pessoas de Ilhéus, bem como seus visitantes, um espaço agradável de saúde e lazer. Se quiserem ver a imagem ampliada, cliquem sobre ela. O Parque contaria com pista de caminhada, ciclovia, parques infantis, pista de skate, quadras de esportes, campo de futebol e toda uma infra-estrutura de apoio.



E usaria menos de um quarto da área total do Aeroporto, como se pode ver na figura seguinte. Ainda restaria lugar para os empreendimentos privados (Shopping, Condomínios, etc.) que podem ser acomodados com folga na área “nobre” (de frente para o mar).


A Cidade de Ilhéus é uma cidade Turística. Mas precisa acrescentar ao seu modelo turístico um tipo sutil e inteligente de turismo, que não precisa dos meses de verão para existir, tampouco sofre com problemas de infra-estrutura portuária ou aeroportuária: o turismo Interno. O Ilheense precisa ser convidado a desfrutar de sua própria cidade.

Não basta tratar bem os turistas. Ilhéus precisa ser boa para seus filhos também.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Dúvida

No Jornal A Região, bem como em inúmeros outros veículos de comunicação, dá-se como fato uma reunião para depater o Complexo Intermodal, aproveitando-se do fato de que "a lei 12.053, publicada em 14 de outubro no Diário Oficial da União, incluindo o Porto Sul no Plano Nacional de Viação" (leia aqui) .

Ocorre que, por curiosidade, eu consultei a lei número 12.053 que foi publicada no Diário Oficial da União.

Ela pode ser acessada ao se digitar o endereço http://www.soleis.com.br/L12053.htm

Ocorre que o texto dessa Lei não cita o Porto Sul em nenhum momento. Mais do que isso, não tem nenhuma relação com o Plano Nacional de Viação.

Há algum engano, meu ou dos jornais? Quem sabe esclarecer?

Afinal há ou não há uma Lei incluindo o Complexo Intermodal no Plano Nacional de Viação?

A Volta!

Cravo Sem Canela (clique aqui) voltou ao ar.

Pessoalmente eu acho que isso é uma excelente notícia. Voltamos a ter um pouco mais de sátira, inteligência e polêmica. A boa polêmica.

E a primeira já foi levantada: que interesse tem a BAMIN em promover o Pan de Surf em Ilhéus?

Não é preciso pensar muito: propaganda institucional. É o mesmo interesse do Supermercado Meira em manter (em excelentes condições, diga-se de passagem) a praça Cairú. Ou da cervejaria AMBEV em patrocinar a Copa do Mundo de 2014. Trata-se do interesse de qualquer Companhia que apóia uma atividade cultural (esportiva ou artística). Promover a imagem da Empresa.

E o caso da BAMIN não é diferente.

Não nos iludemos: a BAMIN não sonha com o desenvolvimento de Ilhéus, nem com a solução da crise econômica do Sul da Bahia, nem com a abolição da Ditadura de Cuba, nem com a Cura do Câncer, nem com a erradicação da Fome no Mundo.

Nem a BAMIN nem nenhuma empresa do mundo. Empresas, por definição, buscam o lucro.

Ocorre que esse modelo, de busca individual pelo lucro, segundo Adam Smith, é o que promove a evolução das sociedades. Porque, para encontrar o lucro, as empresas precisam contratar pessoas, investir em infra-estrutura (o que permite que outras empresas contratem outras pessoas), investir na própria imagem, patrocinando eventos como o Pan de Surf ou o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 ou o Festival de Verão de Salvador.

As empresas buscam seu próprio lucro. Mas isso só pode ser obtido fazendo girar toda uma roda econômica que, se bem conduzida - e aí entra o precioso papel do Estado regulador - torna-se um poderoso vetor de desenvolvimento econômico e social.

No caso da BAMIN, e do polêmico Complexo Intermodal, o fenômeno que se observa é exatamente esse. Há um interesse muito claro da empresa: lucrar. Quanto mais melhor. Mas há também uma oportunidade única de, sendo bem conduzido, o projeto venha a somar um desenvolvimento ímpar para Ilhéus e para toda esta falida regiao ex-cacaueira. Porque prevê a geração de milhares de empregos diretos e indiretos. Será necessária a instalação de uma enorme infra-estrutura, que sustentará os interesses logísticos da BAMIN, mas também abrirá oportunidades para inúmeras outras atividades serem fortalecidas, diversificando a economia da Região. No caso, haverá o fortalecimento das atividades de importação e exportação de todo tipo de produtos, além de prever um Aeroporto Internacional, um equipamento que poderá alavancar fortemente o Turismo.

Todos esses resultados gerarão desenvolvimento social e econômico. Desde que o projeto seja bem conduzido. Aí é onde está o papel do Estado. Por "Estado" leia-se: IBAMA, Secretarias de Planejamento e Finanças, Ministério dos Transportes, Ministério da Integração Nacional. Todos tem papéis fundamentais a executar.

O Complexo Intermodal apresenta uma série de riscos potenciais, que estão sendo debatidos, contornados e compensados. Pessoas, Governos e Empresas precisam se entender, para que o projeto saia da melhor forma possível.

Porque, além dele, não há muitas esperanças para essa região cada vez mais pobre.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Waldonys e Esquadrilha da Fumaça

Essa eu vi no Blog no Nassif (clique aqui).

Uma boa música, com um bom sanfoneiro.

E o espetáculo, que em breve estará no Sul da Bahia.

Esquadrilha da Fumaça

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Não há como não se emocionar

Tantas vezes critico o governo do Estado. E continuarei criticando.

Dona Enedina teve a chance de aprender a ler e escrever. Um direito que lhe foi negado por mais de 100 anos - Dona Enedina é centenária.



Essa propaganda, além de emocionar, mostra uma das coisas que merecem elogios. O programa TOPA é uma das melhores ações governamentais que o estado já viu.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Viva o Chopp!

Estou temporariamente impossibilitado de degustar, mas não me esqueço do quanto é saboroso um bom Chopp.

Parabéns ao pessoal do Bar Vesúvio pelo prêmio que receberam (leiam aqui).

Parabéns, afinal, pelo bom Chopp que servem ali.


Precisamos multiplicar, em Ilhéus, alternativas como o Vesúvio. A cidade precisa oferecer locais onde se coma bem, se beba melhor ainda, a um preço justo e com bom atendimento.

Isso ajudará a fortalecer o Turismo. Mas também fortalecerá o Turismo Interno, ou seja, aumentará a quantidade de ilheenses que desfrutam de sua própria cidade.

Um filão de mercado tão pobremente explorado.

domingo, 8 de novembro de 2009

Pan-Americano de Surf

Nesse Blog, infelizmente, eu tenho tido muito pouca oportunidade de elogiar.

Mas é sempre um prazer quando posso fazê-lo!

Uma grande festa do esporte, que é o Pan Americano de Surf, pela primeira vez é realizado no Brasil. Numa manobra hábil e feliz, esta etapa foi trazida para Ilhéus.

E, de todas as fontes que tenho ouvido, o evento tem sido um sucesso!

Confraternização de povos, divulgação de atividades esportivas, incremento das atividades turísticas, divulgação internacional da cidade.

Até mesmo o ritual de abertura de etapas de Surf, a chamada "Cerimônia das Areias" (leia aqui) foi seguido à risca!



Por todos os ângulos que se olhe, o que se pode dizer é: valeu Ilhéus! Esse foi um grande acerto.



Tomara que seja o primeiro de muitos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Quem será o Pai do Complexo

O governador Paulo Souto (alguém me explicou que não se usa mais, por polidez, o prefixo “ex” ao se referir a ilustres ex-ocupantes de cargos públicos. Assim, trata-se do Presidente Fernando Collor, Presidente Itamar Franco, Presidente Fernando Henrique e Governador Paulo Souto, entre outros) manifestou-se favorável ao projeto do complexo intermodal, embora alegue desconhecê-lo (leia aqui).

Pelo andar da carruagem, a disputa nas próximas eleições para governador será acirrada, entre Paulo Souto, que teve uma aceitação razoável de seus mandatos enquanto governador, e Jacques Wagner, cujo mandato sofreu com toda uma série de heranças administrativas difíceis de serem contornadas, embora também não se possa negar que a administração do PT na Bahia tem sido decepcionante em muitos aspectos.

Posto esse cenário, parece um grande equívoco do governador Paulo Souto afirmar que não conhece o projeto do Complexo Intermodal. Porque, como candidato, ele precisa conhecer todos os detalhes de todos os projetos que sejam do interesse do Estado. Incluído aí o sempre esquecido Sul e Extremo Sul da Bahia.

Todavia, sob uma análise mais cuidadosa, vê-se que, na verdade, o candidato do DEM fez um lance de mestre no jogo da disputa pelo governo do estado em 2010. Por um lado, disse o óbvio, que concorda com o conceito do Complexo Intermodal contanto que se respeite o meio ambiente, etc. Mas ao mesmo tempo alfineta o atual governo ao dizer que não conhece detalhes do projeto.

De fato, ainda não há nenhuma informação absolutamente concreta sobre o projeto: orçamento, cronograma, licitações, compensações ambientais, etc.

Essa é a denúncia que, indiretamente, está fazendo o candidato do grupo outrora liderado por Antônio Carlos Magalhães: o Complexo Intermodal ainda não existe, sequer no papel. Não passa de uma grande promessa política.

O Complexo pode ser a última chance de soerguimento da economia sul-baiana, particularmente no caso de Ilhéus. Porque o Cacau não terá mais fôlego para alcançar os áureos tempos de outrora, e o Turismo é uma atividade cujo pico se dá nos meses do verão, praticamente inexistindo durante dois terços do ano. Mesmo na chamada “alta estação”, o Turismo sofre com a infra-estrutura precária da cidade e com a péssima qualidade dos serviços que são prestados ao turista.

Jacques Wagner poderia ser o pai da criança, o governador que iniciou o Complexo Intermodal, e ir para a história como o estadista que recuperou a economia do Sul da Bahia, com um projeto inovador, consistente, sustentável.

Mas a verdade é que do projeto de Wagner, até hoje, apenas se ouviu falar. E o governador do PT, em função de toda essa conjuntura política desfavorável, corre o sério risco de não se reeleger nas eleições vindouras.

O destino do projeto, e com ele o de toda a economia do Sul da Bahia, pode estar nas mãos desses dois homens, e naturalmente está sendo deliberadamente usado na disputa política.

Jacques Wagner precisa mostrar que é capaz de tirar o projeto do mundo das idéias e torna-lo uma coisa concreta. Ainda não conseguiu. Paulo Souto tenta mostrar que, aquilo que no mandato de Wagner não passa de uma boa idéia, tornar-se-á realidade quando a Bahia escolher um governador com espírito “empreendedor”, capaz de levar a cabo projetos estratégicos de interesse de todo o estado.

No meio dessa guerra ficam os eleitores: uns lamentando as decepções, outros temendo o retrocesso.

Ambos cobertos de Razão.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Charge: Programa de Terror

Apesar de São Pedro ter dado uma aliviada, ainda podemos assistir a esse filme de terror na TV.



Até que o poder público forneça a infra-estrutura necessária para lidarmos com essas coisas, vamos vivendo de chuva alagando, de barraco desabando, de crianças morrendo.

Charge do sempre genial Amarildo.

domingo, 1 de novembro de 2009

Fatos: ANAC, Empresas Aéreas e Palavra Empenhada

Há uma discussão interessante a respeito de o que exatamente mantém o aeroporto de Ilhéus sem operar plenamente, usando toda a sua capacidade. Há os que põem a culpa na ANAC e no Governo. Há os que põem a culpa nas Companhias Aéreas.

Na verdade os fatos apontam um pouco de razão nas duas linhas de pensar.

A restrição inicial ao aeroporto de Ilhéus foi para pousos de aeronaves do porte do AirBus A320, da TAM. Com isso a empresa passou a operar com os A319, e isso foi o primeiro dos problemas. O A319 trazia menos espaço para carga – fato que prejudica diretamente as empresas do Pólo de Informática – além de transportar menos passageiros – fato que afeta o Turismo e os Negócios. Além disso, como o A319 é operado na Ponte Aérea Rio-São Paulo, a empresa optou por diminuir a quantidade diária de vôos para a cidade de Ilhéus. É mais lucrativo manter os A319 ente Congonhas e Santos Dumont do que mandá-los ao Jorge Amado.

Portanto, nesse ponto há alguma razão em se dizer que os interesses das empresas afetaram as operações do aeroporto.

Mas é importante observar que tanto a Gol quanto a TAM mantinham, cada uma, uma aeronave estacionada no aeroporto de Ilhéus durante o período noturno. Os aviões pousavam durante a noite e permaneciam em manutenção até que, no final da madrugada, decolavam novamente.

Essa opção das duas empresas foi decidida estrategicamente. Porque elas têm interesse em transportar o máximo de equipamento e material das empresas do Pólo. Gol e TAM operaram dessa forma até que as operações noturnas foram suspensas pela decisão da ANAC de restringir os vôos por instrumentos – e por conseqüência os vôos noturnos – do aeroporto Jorge Amado.

Com isso tanto da Gol quanto da TAM foram demitidos dezenas de funcionários – principalmente aqueles que trabalhavam nas madrugadas.

Além disso, era no decorrer dessas horas que os porões das aeronaves eram convenientemente carregados com os equipamentos do Pólo, já que essa operação demanda algumas horas e não é simples de ser feita durante os vôos diários, cuja escala é de poucos minutos.

Logo, a restrição de vôos noturnos foi mais um duríssimo golpe contra o Pólo de Informática de Ilhéus e, portanto, contra toda a economia do Sul da Bahia.

É importante observar que as empresas aéreas mantiveram a decisão de manter seus aviões estacionados em Ilhéus durante a madrugada, gerando empregos e facilitando a logística do Pólo, até que a ANAC as proibiu de fazê-lo. Logo, as empresas tinham, sim, interesse em operar os vôos naqueles horários. É insustentável creditar apenas às empresas aéreas a responabilidade pelas decisões que tornam cada vez mais precárias as condições de operação do aeroporto. A volta das operações noturnas traria de volta os vôos "corujões", geraria mais empregos e reduziria os custos de logística das empresas do Pólo.

Bem medido, bem pesado, temos que a palavra empenhada e não cumprida do Governador e do Presidente de que o aeroporto voltaria a operar em Outubro foi, sim, mais um golpe contra a economia da cidade e da região.

É o que dizem os fatos. Os argumentos precisam se submeter a eles.