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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Soneto

A Rosa

Flor que nunca esquecerei
Lá do meio do jardim
Mais que bela e que o odor
Pecou, Pétala, em mim

Teu perfume, tão suave
Faz feliz quem perceber
O que guarda sepalado
Mil surpresas de prazer

Flor a mais que, num jardim
Me espetou, cicatrizou
Deixou sua marca em mim

Dói-me um pouco, Flor formosa
Não seguir teu caminhar
Sê Feliz, então, minha Rosa!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O que não se quer ver

Há, naturalmente, pessoas que não aceitam ver. Mas, indiferente às preferências individuais de cada um, a Parada Gay, ou melhor dizendo, a Parada do Orgulho Gay, tradicionalmente é um movimento de forte matiz político-ideológico. Trata-se de um sonoro brado dos homossexuais, bissexuais e simpatizantes, denunciando, a seu modo, todo o preconceito de que são vítimas.

Um legítimo direito democrático, que sempre foi exercido pelos manifestantes fazendo absoluta questão de usar o mínimo possível tanto de discrição quanto de violência.

Há os que são indiferentes ao movimento. Há os que consideram a passeata uma “agressão à moral e aos bons costumes”. Há os que, como eu, defendem e apóiam o exercício do direito de liberdade de expressão dos Gays pois são eles quem, afinal, sabem onde lhes doem os calos.

O que não pode acontecer em nenhuma hipótese são as cenas de violência que foram vistas no último desfile do orgulho gay em Ilhéus (leia aqui). As matérias dão conta de tiroteio, correria, feridos... cenas lamentáveis que ninguém gostaria ou mereceria ver.

Falharam a Polícia Militar – tanto por conta do mau aparelhamento dado pelo Governo do Estado quanto por conta da falta de um mínimo de planejamento – e os organizadores do evento, consortes com a prefeitura, que precisam se precaver, considerando a possibilidade, a cada dia mais provável, de ocorrerem incidentes violentos em eventos públicos dessa natureza.

Mas essa não é a lição mais importante. O que realmente fica como alerta é o sinal, mais um, do empobrecimento de uma cidade e de uma região.

Que não restem mais ilusões: a falta de oportunidades para se engajar no processo econômico formal força as pessoas a tomar um dos três caminhos: a) buscar a informalidade, tornando-se camelôs ou negociantes de produtos de origem duvidosa, b) mudar-se, em busca de um lugar com melhores oportunidades de vida ou c) migrar para a marginalidade, onde sempre há uma chance de encontrar um modo de viver, e talvez de morrer.

E numa cidade cuja economia caminha para o colapso, como o caso de Ilhéus, não é de se surpreender que fenômenos assim estejam ocorrendo: diminuição da população, já que as pessoas buscam oportunidades em outros lugares, aumento do número de comerciantes “informais” que negociam produtos mais informais ainda e, infelizmente, o crescimento de todos os índices de violência.

Acumulam-se, para todos os lados que se volta o olhar, as evidências de que Ilhéus, bem todo o Sul da Bahia, precisa o quanto antes mudar o rumo de sua economia. Abrir novas oportunidades. Aceitar novos desafios. Romper com amarras do atraso.

Essa realidade, embora dura, está aí, piscando aos olhos de todos. Brilha mais do que o desfile do Orgulho Gay.

Mas há, naturalmente, pessoas que não aceitam ver.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

"Pimenta na Muqueca" não ficou calado

A foto é de duas meninas, uma com 14 e outra com 16 anos. Fazem "ponto" no viaduto do cruzamento das BR 415 e BR 101 - a menos de 2 km do posto da Polícia Rodoviária Federal. Usam o dinheiro que recebem para sustentar o vício do Crack.

A Matéria pode ser lida no "Pimenta na Muqueca", que está de parabéns pela denúncia. Clique aqui.



Foto de Oziel Aragão, um belo instantâneo de uma das faces mais cruéis da pobreza que já compõe a paisagem no Sul da Bahia.

É preciso mudar o rumo da economia desta região. Urgentemente.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Para não ficarmos calados

Protejamos nossas crianças.

Sempre!

Em cidades que recebem muitos turistas temos que ter ainda mais atenção.





Quem não denuncia também é criminoso.

Não perca a oportunidade de poupar sofrimento a uma criança. Disque 100.


20 Anos!




Parece que foi ontem!

Depois de vencer as 500 milhas de Indianápolis, e dominar amplamente a temporada, Emerson Fittipaldi saltava o Atlântico, e se tornava campeão mundial da Formula Indy, a categoria que então rivalizava com a Fórmula 1.

A Vitória no oval de Nazareth garantiu o título por antecipação, e o brasileiro tornou-se um dos únicos pilotos do mundo a conquistar os campeonatos mundiais de Fórmula 1 e Fórmula Indy.

Salve Emmo, que havia conquistado o mundo, e então conquistava a América.

Cumpria sua sina, abrindo os caminhos do automobilismo norte-americano aos pilotos brasileiros. Como já fizera no automobilismo europeu.

20 anos atrás. Completos exatamente hoje.

sábado, 19 de setembro de 2009

Privatização de Energia: o engodo ou o engano?

Em Carta Capital nesta semana há uma discussão a respeito do processo de privatização que foi conduzido no Brasil, principalmente durante o governo FHC. Mas não exclusivamente. Até mesmo o Presidente Lula está privatizando: rodovias (chama de PPP – Parcerias Público-Privadas, mas tem o mesmo efeito prático das concessões tucanas) e o "grande" projeto de privatização da Infraero.

Para um presidente que ganhou o debate nas eleições de 2006 denunciando as privatizações, lamentáveis decisões.

A privatização das companhias energéticas foi vendida aos brasileiros como o processo que elevaria a qualidade do serviço aos melhores níveis do mundo. E os preços seriam competitivos, regulados por rigorosas agências democraticamente constituídas.

Hoje temos a ANEEL, e, na Bahia, a AGERBA, com a concessão do serviço outorgada ao grupo Iberdrola.

Em Carta Capital o principal foco é nos resultados da privatização do setor energético. De fato, e principalmente para quem mora em Ilhéus – e vive à mercê do serviço prestado pela COELBA – a privatização da companhia elétrica baiana não surtiu senão uma grande decepção.

Mas Carta Capital vai além, e discute que, hoje, o Brasil é o país com o maior custo per capita de energia em todo o Planeta.

Somos líderes no ranking mundial, à frente de países com renda per capita muito superior à brasileira, como Japão e Alemanha. De 1995 a meados de 2008, data de publicação do estudo, a tarifa média teria subido nada menos que 398%. No mesmo período, os salários, corrigidos pelo IPCA, subiram bem menos, apenas 164%”, garante o jornalista Luiz Antonio Cintra, baseando-se no trabalho de uma CPI que, não por acaso, quase não aparece nos holofotes da mídia.

Imaginar que o serviço com a qualidade que a COELBA presta ainda está entre os mais caros do mundo, isso sim, é algo difícil de engolir.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Decepção Parlamentar

O parlamento brasileiro já nos deu algumas alegrias, não se pode negar. Já teci comentários pessoais sobre isso (leia aqui) reconhecendo que, no Parlamento, foram consagradas algumas das conquistas do Brasil – seja entre os deputados, seja entre os senadores.

Mas também nos dá uma sucessão infinita de péssimos exemplos, péssimas práticas, abusos de poder e, porque não dizer, ações verdadeiramente criminosas em certos casos.

Recentemente houve a aprovação, no Senado Federal, da Nova Lei Eleitoral. Por algum motivo, a cada eleição, no Brasil, há uma “Nova” Lei Eleitoral.

Pois bem. Essa Nova Lei eleitoral aprovada no Senado contemplava uma série de objetivos que são do interesse da democracia brasileira. Referir-me-ei a um em especial: a proibição de candidatos “Ficha-Suja”.

Apesar de o texto não ter ficado claro, a sugestão é de que as pessoas que tiverem pendências judiciais estejam imediatamente impedidas de concorrer a qualquer cargo eletivo.

Evidentemente é necessário se esclarecer o que é um candidato “ficha suja”. Caso um simples processo aberto contra si o classifique como tal, então pessoalmente não me parece interessante haver a restrição aos “Ficha-Suja”. Porque pode-se abrir processos com relativa facilidade contra quaisquer pessoas. Isso acabaria sendo usado como arma no jogo político.

Entretanto, após uma discussão fundamentada, pode-se entender que candidatos que respondam por crimes contra a vida, ou que tenham sido condenados por crimes eleitorais ou de mau uso do dinheiro público deveriam ser realmente impedidos de se candidatar.

Tais medidas deveriam ser desnecessárias, pois em tese caberia ao eleitor a seleção. É triste a constatação de que os eleitores insistem em conceder seu voto – e portanto sua confiança – a candidatos que notoriamente mostraram um comportamento incompatível com o zelo pela coisa pública ou a ética, nos âmbitos pessoal e público.

A depender do eleitor, portanto, isso não acontecerá. Pelo que se vê. Que venha a Lei então, proibir o eleitor de votar em candidatos “Ficha-Suja”.

Dessa forma, concedo aplausos aos senadores que trabalharam no projeto, pelo Projeto de Lei. Projeto que seguiu para a Câmara dos Deputados para ser apreciado e aperfeiçoado.

E aí se deu a decepção de toda uma nação. Os deputados, inexplicável e desrespeitosamente puseram por terra o impedimento dos candidatos “Ficha-Suja”. Todo o esforço de alguns senadores, e toda a expectativa de uma nação. Tudo jogado por terra, numa das votações mais rápidas da história da Câmara dos Deputados.

Por Deputados, a maioria, mas não todos. Ressalte-se. Provavelmente deputados que se encaixam no perfil dos “ficha-suja” e então, legislando em causa própria, impediram que se fechasse a brecha por onde pretendem passar, dia 03 de outubro do ano que vem, de volta à Câmara Federal.

Um dia disse que nosso Parlamento, afinal, uma vez foi útil.

Hoje o Parlamento voltou a ser aquele de costume: dsrespeito e decepção.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Série Tabuleiro da Bahia: Hamilton, o Tratorista

Ouando os seres humanos fazem a diferença.

Uma insensível ordem de demolição... uma mãe de família e seus filhos despejados.

Do frio ponto de vista jurídico, uma reintegração de posse.

Da vista humanitária de um homem iluminado, uma família desabrigada.

Seu Hamilton, o tratorista que foi designado pela Justiça para demolir a casa, e desalojar as famílias, se negou a cumprir a ordem.

Fou ameaçado de ser preso, por obstrução da Justiça.

Acabou recebendo ordem de prisão, por obstrução da Justiça.

Mas seu coração, justo, o impediu.



Pois, cega, a Justiça não vê tanto quanto o coração dos justos.

Seu Hamilton é um orgulho para a Bahia.

Exemplo para toda a raça humana.

domingo, 13 de setembro de 2009

A Vergonha Municipal

Não é vergonha.

É crime!

Direto do Blog do Gusmão (leiam aqui) vem uma denúncia absurda.



Isso ultrapassa os limites de falhas de gestão. Ultrapassa os limites de descaso. Ultrapassa até mesmo os limites de crime.

"Merendamos Pipoca", dizem as crianças.

Pipoca que os professores compraram.

Em se comprovando as denúncias - e parece que não há muitas dúvidas a respeito - a Prefeitura de Ilhéus está sendo COVARDE.

Pois penaliza a parte mais fraca e indefesa da população: crianças carentes.

Que não possuem o discernimento necessário para se defender. E por isso mesmo são vítimas mais facilmente atingíveis.

Parece que o pensamento é: já que não se pode agradar a todos, então vamos desagradar os que menos poder possuem.

As crianças.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A Vergonha Nacional

Eu duvidei que o “caso” Cingapura fosse realmente acontecido como, a princípio, se divulgou. Parecia sem sentido, e pouco verossímil. Leia aqui as minhas considerações a respeito.

Mas agora, frente a uma declaração formal de Nélson Piquet, o Jr., de que aconteceu de fato, e que ele propositadamente bateu para interromper a corrida e favorecer seu colega de equipe, não me restam muitas dúvidas: eu estava errado. E a esportividade na Fórmula 1 alcançou mesmo o fundo do poço.

A primeira conseqüência das declarações do piloto brasileiro precisa ser, em nome do mínimo de decência esportiva, a cassação imediata e irrevogável de sua licença como piloto. Porque não se pode admitir uma ação dessa natureza de esportista nenhum, em nenhum esporte.

O goleiro chileno Rojas, por muito menos, foi banido irrevogavelmente do Futebol. Que seja Nélson banido, não da Fórmula 1, mas de toda e qualquer competição esportiva no futuro.

Pessoalmente acho que, mesmo que a FIA não o faça, dificilmente o piloto brasileiro vai conseguir novamente encontrar uma nova oportunidade em sua carreira. A mancha a que ele se sujeitou é indelével. Patrocinadores e donos de equipes sempre sentirão o mau cheiro antes de ver um piloto.

A equipe Renault, da mesma maneira, precisa ser severamente punida. Como time esportivo, também deveria deixar de existir. Como corporação, evidentemente, não é possível. Assim, é de se imaginar um belo gancho, afastando também de maneira irrevogável TODOS os envolvidos no episódio e suspendendo a marca Renault de todas as competições esportivas.

Acompanho as corridas de Fórmula 1 desde 1980. Já assisti atitudes desesperadas, anti-esportividades, destemperos de pilotos e dirigentes. Vi Alan Jones bater em Nélson Piquet na largada do GP do Canadá em 1980. Vi Prost jogar o carro contra Senna em 1989 e, no ano seguinte, o Brasileiro acertando grosseiramente a parte de trás do carro do Francês. Vi Schumacher bater de propósito em Damon Hill para ser campeão, e tentar de novo contra Jacques Villeneuve. Vi Gerard Berger abrir passagem para Ayrton Senna em muitas corridas. Vi Rubens Barrichello abrir para Schumacher na reta de chegada no GP da Áustria.

Todos lances polêmicos, feios, anti-esportivos. Mas protagonizados por pilotos que estavam no calor de uma disputa. O que não os inocenta, evidentemente, mas os fazem merecedores de ter a seu favor o argumento de que não estavam agindo friamente, já que estavam no meio de uma competição.

Como jogadores de futebol que cometem um ato indisciplinado e são expulsos de campo.

O caso de Nelson Piquet Jr. É totalmente diferente. Foi combinado antes, e protagonizado por um piloto que se mostrou medíocre na Fórmula 1 e, portanto, não almejava disputar nada de mais promissor naquele Grande Prêmio. Como de sorte em nenhum outro.

Eu gosto muito de Fórmula 1. E por isso estou, pela primeira vez, realmente envergonhado da falta de esportividade na categoria. Porque um piloto se sujeitou a esse nível de baixeza.

E ele é Brasileiro. Filho de um dos maiores da História.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ilhéus e as Obras Urgentes

Ilhéus é a cidade das obras urgentes.

É urgente uma nova ponte no Pontal, é urgente a regularização do Aeroporto, aliás é urgente a construção do Novo Aeroporto. É urgente a construção de um Shopping Center. É urgente a duplicação da rodovia Ilhéus-Olivença, é urgente a criação de alternativas econômicas, é urgente a construção do Complexo Intermodal.

Mas a maior de todas as urgências, ou pelo menos a que, por ser factível, deveria ser a primeira na fila de prioridades, é a duplicação da BR 415, trecho entre Ilhéus e Itabuna.



A foto acima, que está publicada no Pimenta na Muqueca (leiam aqui), dá uma idéia do caos que se torna a pista em dias de maior movimento.

A quantidade de acidentes, muitos com vítimas fatais, é uma das médias mais altas do país.

A rodovia é mal sinalizada, extremamente sinuosa e o asfalto carece de manutenção adequada - além de ser extremamente deteriorado pelo tráfego de veículos pesados que levam e trazem produtos do Porto do Malhado.

Com a duplicação, o tempo de viagem entre Ilhéus e Itabuna poderá ser diminuído sensivelmente, bem como o gasto médio de combustível. Isso poderia ser revertido para as tarifas de ônibus, beneficiando estudantes da UESC e moradores dos bairros que ficam às margens da rodovia.

É um projeto estratégico para os municípios de Ilhéus e Itabuna, e não requer um orçamento tão vultoso por parte dos governos estadual e federal, se comparado com outras obras que estão em andamento.

Não se entende, portanto, porque jamais saiu do papel.

Se é que algum dia no papel esteve.

domingo, 6 de setembro de 2009

O ex-Paquiderme

O modelo de estado defendido por muitos anos no Brasil, e que encontrou sua máxima eficiência nos anos do governo Fernando Henrique Cardoso, entende que o estado deve existir minimamente, já que está condenado a ser um organismo ineficiente e oneroso, cujos resultados sempre serão incipientes quando comparados à iniciativa privada.

Evidentemente há, aqui e ali, eventos que sugerem ser válida essa teoria: a morosidade do judiciário, a inoperância dos serviços públicos de saúde e educação, por exemplo.

Mas ocorre que esses não são problemas intrínsecos ao estado. Ou, dizendo de outra forma, não é com a eliminação do estado que tais problemas deixam de ocorrer. Tomemos, por exemplo, os sistemas privados de telefonia e energia elétrica. Quem, em sã consciência, pode defender que a qualidade e os custos do abastecimento de energia são, hoje, melhores do que eram quando operados pelo estado? O sistema de telefonia se beneficiou de um enorme avanço tecnológico – cuja fronteira ainda está longe de ser alcançada – o que pode passar a falsa sensação de ter uma qualidade superior à do tempo em que era estatal. Mas ocorre apenas que naquele tempo tais tecnologias ainda estavam indisponíveis. E, hoje, as empresas de telefonia são as campeãs de reclamação junto aos órgãos de defesa do consumidor. Seguidas das companhias elétricas.

Houve mesmo tanta vantagem assim no modelo privatista?

Serviços notoriamente prestados por empresas privadas, como transporte coletivo (ônibus), possuem um nível de preço e qualidade aceitável pelos cidadãos? Curiosamente, os sistemas de transporte público operados pelo estado – Metrôs e Trens – recebem menos queixas dos usuários.

Portanto, há um problema de gestão na prestação de serviços. Mas esse problema é indiscriminado, não se trata do serviço ser prestado numa estrutura pública ou privada.

Há casos em que, por necessidade de concorrer com o serviço público, a iniciativa privada acaba apresentando paliativos de eficiência – muito longe do desejável – que as coloca num patamar de qualidade um pouco acima do serviço público. Casos da previdência e dos sistemas de planos de saúde.

A solução proposta pelas correntes neoliberais nos anos 90 é a do estado mínimo: desfazer-se o Estado de tudo o que é possível passar para a iniciativa privada. Porque estes são os únicos capazes de prover a qualidade que todos desejam. E assim foi feito com rodovias, telefonia fixa e celular, energia elétrica.

Quase foi feito com a Petrobrás – houve um projeto de rebatizá-la de PetrobraX, e assim suprimir o sufixo BRAS, desqualificando um pouco a identidade nacionalista da empresa, que é um dos patrimônios dos quais os brasileiros mais se orgulham.

Não lograram êxito. Mesmo chamando a empresa de “o último paquiderme”.

Hoje, ainda pública, mas gerida sob uma ótica que entende ser o estado um ente tão viável quanto a iniciativa privada, o que é a Petrobrás?

O Paquiderme está avançando rapidamente no mercado de energia – a Petrobrás pesquisa em fontes alternativas ao petróleo – e se prepara para ser inclusa entre as maiores petrolíferas do Planeta.

O que, estrategicamente, coloca o Brasil na posição de um dos provedores do bem mais precioso para todas as economias do mundo: Energia.

Com a descoberta do Pré-sal, as possibilidades de avanços estratégicos da empresa ampliaram-se exponencialmente. A Petrobrás será provavelmente uma das cinco maiores empresas de Petróleo do Mundo, com investimentos e pesquisas diversificados em inúmeras alternativas ecológica e economicamente viáveis para substituir os hidrocarbonetos.

No seu ramo principal de atividade, a empresa avança cada vez mais. E, de olho nas mudanças que o planeta enfrentará, já antevê as alternativas com as quais terá que lidar no futuro.

Ou seja, um bom exemplo de gestão estratégica.

E pública.

sábado, 5 de setembro de 2009

O "Caso" Cingapura 2008

Muito rumoroso esse episódio – ou suposto episódio – envolvendo a equipe Renault, e o piloto brasileiro Nélson Piquet (o Jr.) no GP de Cingapura de 2008.

Pelos elementos que se tem até o momento, é difícil afirmar que o caso tenha de fato ocorrido, pelo menos da maneira como está sendo relatada.

O que ocorre é que a alegação, ou a suposta investigação, é de que Nelsinho teria deliberadamente batido o carro numa posição tal que inevitavelmente provocaria uma bandeira amarela, com a conseqüente entrada do safety car naquele momento. E aquele era o exato momento em que o primeiro piloto da equipe, Fernando Alonso, havia acabado de parar para reabastecer. Os demais ainda teriam que fazê-lo. Como, pelo regulamento daquela temporada, aguardava-se algumas voltas para os boxes serem abertos em caso de acidente, houve uma reaproximação dos carros e, após a parada dos demais, o piloto espanhol herdou tranquilamente a liderança da corrida, trazendo com sua reconhecida competência, sua Renault àquela que seria a primeira vitória da equipe na temporada.

Há elementos que corroboram a tese do acidente proposital: o mais óbvio, evidentemente, a incrível coincidência de fatos que favoreceram Fernando Alonso. Mas esse não é o único motivo que levanta suspeitas sobre o episódio: o desempenho de Piquet naquela temporada (como nesta também) estava muito abaixo do esperado. Não obstante, seu contrato foi renovado. Imaginar o que teria feito Nelson Piquet Jr., apesar de seu desempenho, merecedor da renovação de seu contrato, torna as coisas ainda mais suspeitas.


Mas ao mesmo tempo é de se perguntar: porque a necessidade de um acidente? Porque não poderia Nelson simplesmente ter estourado o motor no meio da reta, ou travado as rodas, ficando impossibilitado de se mover, causando a mesma interrupção e o mesmo resultado – entretanto sem os riscos iminentes de uma batida?

Alguns podem alegar que esses dados apareceriam na telemetria. Não obstante, a pergunta é: o que exatamente apareceria na telemetria? Que o limitador de giros do motor falhou e houve um estouro? Que uma válvula qualquer abriu e derramou o óleo, provocando o comprometimento das peças do motor? Que uma engrenagem se desprendeu e travou a caixa de câmbio?

Nada disso seria mais suspeito do que o que está sendo atualmente investigado, que são coisas como a trajetória escolhida por Piquet naquela curva e as reações do carro no momento do acidente. Nada seria conclusivo, tanto num caso quanto no outro.

Assim, sem querer defender a Renault, nem o piloto brasileiro (cujo desempenho, independente de qualquer análise, foi muito ruim até o momento), acho improvável que essa investigação traga algum resultado definitivo.

Não que eu creia desvairadamente na idoneidade de dirigentes e pilotos de Fórmula 1. Sei que eles não são santos.

Mas também não são burros.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O Silêncio do Prefeito

Em uma postagem relativamente recente (leiam aqui) eu defendi a tese de que entre o governo do prefeito Newton Lima, o qual não o é por minha vontade, e o governo do ex-prefeito Valderico Reis, o qual também não o foi por minha vontade, haviam diferenças substanciais.

Apontei, entre tantas, uma série de iniciativas propondo modificações no trânsito, além da conclusão de pequenas (e heróicas) obras, principalmente nas áreas de urbanismo.

Todavia, não há como não estar deveras surpreso com algumas notícias recentes, não tanto pelo conteúdo - que infelizmente espoucam notícias dessa natureza a todo momento em todos os círculos de poder político - quanto pelo desprezo com que vem sendo trastadas pela administração municipal.

No Blog do Gusmão há uma denúncia gravíssima (leiam aqui) que coloca a administração da saúde pública de Ilhéus em situação inviável: caso comprovadas as denúncias, certamente será o caso, como foi em Itabuna no ano passado, de haver uma intervenção estadual na saúde pública de Ilhéus.

E até o momento nenhuma justificativa, explicação ou satisfação foi prestada pela administração municipal.

E é aí, meus caros, que realmente reside o problema: começa a se revelar um desacaso crescente da prefeitura para com os cidadãos e para com toda a sociedade organizada.

Ou é isso ou então o silêncio pode ser interpretado como um atestado de culpa.

Em qualquer dos casos, cabe o veemente repúdio de todos à postura da Prefeitura Municipal.

Administrar uma cidade com as dificuldades financeiras que Ilhéus atualmente enfrenta não é tarefa realmente simples. Muito pelo contrário. E, somando-se aspectos históricos e culturais, a resistência às mudanças pelas quais a cidade precisa passar se tornam praticamente inviáveis. Todos esses percalços existem no caminho do gestor municipal, e merecem ser considerados.

Mas o silêncio como resposta a denúncias gravíssimas é simplesmente inadmissível.

O prefeito precisa se explicar.

Ilhéus merece isso.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Dois pesos, duas medidas

Engraçado como as reações da imprensa frente à hipotética – e jamais admitida sequer por ele mesmo – mudança constitucional que permitiria um terceiro mandato para o presidente Lula foram firmes, duras. Os termos usados variaram de “casuísmo” a “oportunismo” e, mesmo, “golpe”.

Da mesma forma, a frustrada tentativa de Hugo Chávez na Venezuela ganhou as primeiras páginas dos jornais, com direito a uma gafe histórica do “Estadão” (leia aqui). Chávez depois acabaria logrando êxito em sua tentativa.

De fato, pessoalmente me parece que agem mal os presidentes que, estando no exercício de um mandato para o qual foram eleitos, sejam beneficiados por mudanças constitucionais que modifiquem as regras no decorrer do próprio mandato. Corre-se o sério risco de viciar o processo pelos interesses – nada desprezíveis – dos mandatários. Não se deve permitir isso. Mudanças de regras só podem beneficiar mandatários futuros, jamais os vigentes.

Assim, Lula não poderia, como não pleiteia, ter um terceiro mandato. Chávez não deveria ter obtido o direito. Nesse sentido, agiu muito bem a imprensa em denunciar, e expor esse abuso de poder a todo o planeta. Chávez abusou do poder presidencial.

Ocorre que Fernando Henrique Cardoso, nosso ex-presidente, agiu da mesma forma, e a postura da grande imprensa não foi assim tão veemente. Algumas críticas aqui e ali, legadas aos rodapés das páginas dos principais jornais. Ontem, de maneira semelhante, Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, aprovou um referendo para decidir pelo seu terceiro mandato (leia aqui), também sem maiores críticas de nenhum grande jornal ou rede de televisão.

Quando Chávez aprovou um referendo similar, viu-se o estardalhaço na imprensa. Na Rede Globo, por exemplo, Alexandre Garcia chegou a dizer que “Chávez poderá se reeleger quantas vezes quiser”. Não obstante, pouco – às vezes nenhum – espaço é dado à ação igualmente oportunista de Uribe na Colômbia.

O que nos faz pensar num padrão: um terceiro mandato para Lula, ou o referendo para reeleição de Chávez vão para as manchetes como “escândalo” e “golpes contra a democracia”. Já a emenda da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, ou o referendo para reeleição de Álvaro Uribe são manobras políticas polêmicas, mas apenas frutos da conjuntura política.

Será que podemos confiar nos critérios das análises que lemos na imprensa?