Pesquisar

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ele cochila e espera desde sempre

Receita de Ano Novo

Por Carlos Drummond de Andrade



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O problema das três portas

Também referido como o paradoxo de Monty Hall, este problema surgiu a partir de um concurso televisivo nos Estados Unidos, chamado Let’s Make a Deal, exibido na década de 1970.

O jogo consiste no seguinte: Monty Hall (o apresentador) apresentava 3 portas aos concorrentes, sabendo que atrás de uma delas está um prêmio e que as outras não tem prêmio nenhum. O jogo consistia de três etapas, a saber.

1. O concorrente escolhe uma porta (que ainda não é aberta);

2. Em seguida, Monty abre uma das outras duas portas que o concorrente não escolheu, sabendo de saída que o prêmio não se encontra ali;

3. Agora com duas portas apenas para escolher - pois uma delas já se viu, na 2ª etapa, que não tinha o prêmio - e sabendo que o prêmio ainda está atrás de uma delas, o concorrente tem que se decidir se permanece com a porta que escolheu no início do jogo e a abre, ou se muda para a outra porta que ainda está fechada para então a abrir.

A pergunta é: é melhor trocar de porta? Ou é melhor não trocar? Ou é indiferente?

Quando fui apresentado ao problema, imediatamente respondi: “Tanto faz!

Meu raciocínio, que provavelmente será o mesmo seu, caro leitor, é simples. Depois de mostrada uma porta, o meu universo era de duas portas. Uma premiada, outra não. Nesse caso eu teria 50% de chances de acertar, independente de trocar ou não a porta. Simples assim, não?

Ledo engano. Meu e seu, amigo!

O programa abaixo, em java, foi feito de maneira um tanto apressada. Mas dá uma boa evidência de que há diferenças entre as estratégias.

Para executá-lo, tendo o Java em seu computador, basta executar os comandos de compilação (javac Montyhall.java) e de execução (java Montyhall).

O programa basicamente repete o experimento 10.000 vezes, para diferentes estratégias. Numa primeira etapa, jamais trocando de porta; depois, sempre trocando de porta.

Os resultados possivelmente surpreenderão. Mas são esses mesmos, podem repetir. Em média, a estratégia de trocar a porta acerta 66,7% das vezes, enquanto a estratégia de não trocar a porta alcançará 33,3% de acerto.

O que é intrigante, sem dúvidas.

A explicação, porém, é um tanto prosaica. Pensemos em probabilidades: havendo três portas, a chance de a porta correta ser selecionada logo de início é de 33%, contra 67% de chances de iniciarmos com alguma porta errada.

Ora: notem que, se optamos pela estratégia “não trocar”, então certamente permaneceremos com a porta que iniciamos. Que tem 33,3% de chances de ser a correta. Logo, o esperado é efetivamente 33,3% de acerto.

Olhemos agora para o que ocorre quando a estratégia é “trocar”. Se selecionamos a porta correta a princípio, então certamente trocaremos por uma porta errada. Ou seja, erraremos com probabilidade igual à de escolhermos a porta correta, que é de 33%. Por outro lado, se escolhemos uma porta errada, e a outra porta errada é aberta (e não é mais selecionável), então certamente trocaremos uma porta errada pela porta correta. Como a chance de selecionarmos uma porta falsa é de 66,7%, temos que, com esta estratégia, nós acertaremos 2/3 das vezes a porta correta.

Copiem o programa daqui, perdoem os comentários em inglês e o pouco preciososmo na codificação, e divirtam-se com esse problema interessante, que propõe um paradoxo aos nossos cérebros.

--------------------------------

public class Montyhall {
String strategy; int number_of_tries, total_matches;

public Montyhall(String s, int n) {
strategy = s;
number_of_tries = n;
total_matches = 0;
}

public void test() {
System.out.println("Starting with strategy "+strategy);
for (int i=0;i
// monty allways starts by selecting the 0 door
int selected = 0;
// the correct door is randomly chosen between 0 and 2
int correct = (int) ((Math.random() * 3));
// the showed door is always other than the 0 and the correct door
int showed = choose_to_show(0, correct);
if ("change".equals(strategy)) { //in this case the selected door must be other one else than the 0 and the showed door
selected = 3 - showed;
}
if (selected == correct) {
total_matches++;
}
System.out.println("Selected the door "+selected+": correct door "+correct+": matches "+total_matches);
}
System.out.println("Done!");
}

public String result() {
return "Strategy: "+strategy+" Tries: "+number_of_tries+" Matches: " + total_matches+ ": "+ ((total_matches*100) / number_of_tries) + "% of success";
}

int choose_to_show(int i, int j) {
if (i==j) { //the chosen and the selected are equals to 0
return (int) (1+ (Math.random() * 2)); //random selection between 1 or 2
}
return 3 - j; //return 1 if j = 2 or 2 if j = 1
}

public static void main(String args[]){
Montyhall monty1 = new Montyhall("not change", 10000);
Montyhall monty2 = new Montyhall("change", 10000);
monty1.test();
monty2.test();
System.out.println(monty1.result());
System.out.println(monty2.result());
}
}

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal



Noite Feliz.

Na companhia da minha Princesa, e da minha Florzinha. Com a família reunida. Celebrando a paz, a concórdia, a amizade.

Propondo um brinde a todos. Uma proposta de entendimento e de paz.

Aos amigos, aos desafetos, aos que eu não ouvi, aos que não me ouviram, o melhor dos presentes.



Paz!

Um brinde a todos voces.

Feliz Natal.

domingo, 19 de dezembro de 2010

A praça Castro Alves é do povo...

Mas parece que esta praça, na Urbis, em Ilhéus, não é do povo, não.



Hoje, dia 19 de Dezembro, uma das praças do Hernane Sá, em Ilhéus, está sendo simplesmente apropriada por um cidadão. Não pertence mais à coletividade.



A praça fica no final da avenida principal, em frente ao “Bar do Mineiro”. Ali, como podemos ver nas fotos, o novo “dono” aparentemente já está cercando sua propriedade, para impedir que os demais tenham acesso. A praça agora será apenas dele, e dos que ele permitir que a freqüentem.

Cabem então as perguntas: quem está fazendo isso? Este cidadão teve permissão da prefeitura para tomar posse da praça? Quais suas intenções? Será que presenciaremos mais um flagrante de poluição sonora e desrespeito ao descanso e à paz alheios?

São coisas que eu, sinceramente, não consigo entender. Às vezes parece que a prefeitura de Ilhéus prefere atuar de maneira contrária ao interesse das pessoas da cidade

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Uma Lágrima

Uma lágrima neste Natal. Foi-se minha amiga.



Paty, minha coleguinha de faculdade. Minha companheira de apê. Minha coleguinha de trabalho na Humana e na Telpa. Tão bonita. Tão companheira. Tão atrapalhada. Tão alegre. Jamais me esquecerei de seu sorriso, e de seu carinho. Que papai de céu te receba, minha amiga tão querida.



E que o anjinho que você deixou aqui na Terra tenha uma vida feliz.

Daqui me despeço. Com carinho, com saudade, com as alegres lembranças dos anos todos de companheirismo na universidade e no trabalho.

Com uma lágrima neste Natal.

Sê com Deus.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Os aliados do Wikileaks

Esta notícia eu li no Último Segundo (aqui). Parece que os Hackers organizados não vão abandonar a luta de Julian Assange, que constrangeu e denunciou abusos do governo dos Estados Unidos.

Assange, muito convenientemente, foi preso. Acusado de abuso sexual. Mas aparentemente a sua luta contaminou ciber-ativistas ao redor do Globo.

Hackers aumentam ataques contra sites que boicotam WikiLeaks

Sites da MasterCard, da Justiça sueca e do PostFinance são alvo da 'Operation:Payback', que defende os vazamentos pelo WikiLeaks

"Um grupo de hackers orquestrou uma ampla campanha nesta quarta-feira de apoio ao site de vazamentos WikiLeaks, que vem atraindo críticas pela divulgação de mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA e cujo criador, Julian Assange, está preso em Londres sob acusação de abusos sexuais.

Os alvos incluem a Mastercard.com, que parou de processar doações ao WikiLeaks; a Amazon.com, que retirou o site de seus servidores; o serviço de pagamento online PayPal, que suspendeu sua cooperação comercial; o advogado representando as duas suecas que acusaram Assange; e o PostFinance, braço de serviços financeiros do Correio suíço, que fechou a conta de Assange com o argumento de que ele forneceu informação falsa ao dizer que residia na Suíça.

Segundo o jornal britânico Guardian, o site da MasterCard está parcialmente paralisado no ataque. A empresa, porém, informou ao iG que o ataque não afeta as transações com cartões.

Anonymous, um grupo independente que prometeu retaliar contra qualquer organização que se opusesse ao WikiLeaks, alegou responsabilidade pelo ataque a Mastercard, e, segundo um ativista associado ao grupo, conduzia múltiplos outros ataques sob a chamada 'Operation: Payback' ('Operação: Acerto de Contas', em tradução em livre).

O ativista Gregg Housh disse em uma entrevista por telefone que 1,5 mil hackers estavam em fóruns online e em salas de bate-papo lançando repetidos ataques de 'negação de serviço' (DDos) [nota do blogueiro: é DoS] contra sites que atuaram contra Assange e o WikiLeaks em dias recentes.

Além da MasterCard, o PostFinance confirmou nesta quarta-feira que é vítima há três dias de ataques de DDos depois de fechar a conta de Assange na segunda-feira, quando justificou a medida afirmando que Assange forneceu 'dados falsos sobre seu domicílio'. 'Desde o fechamento da conta, vários grupos lançaram a operação 'Payback' com o objetivo de bloquear o PostFinance, simulando centenas de milhares de conexões com o site para sobrecarregá-lo', indicou.

A Justiça sueca anunciou nesta quarta-feira que apresentou uma denúncia à polícia após ter sofrido um ataque de hackers contra o site nas últimas horas. Por causa do ataque, o site ficou fora de serviço site desde terça-feira à noite até esta manhã e ocorreu depois uma sobrecarga no tráfego em direção a ela."

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Isca?

Muitas e muitas vezes temos ouvido e lido de muitas fontes diversas, notadamente o grupo de ativistas e ambientalistas que são contrários à implantação do Complexo Intermodal, que o novo aeroporto de Ilhéus não virá. Alegam que trata-se apenas de uma “isca”, com o objetivo de atrair a simpatia dos cidadãos.

Observando os fatos recentes, acho que é hora de considerarmos seriamente isso.

Porque as autoridades do executivo estadual e federal, nas pessoas do Governador Wagner e do presidente Lula, bem como de seus assessores diretos, os ministros, secretários e presidentes de estatais, além dos políticos aliados - que deveriam defender os interesses da região - simplesmente não tocam mais no assunto. Falam muito da Ferrovia, que será iniciada em breve, ao que parece, e do Porto. Mas o Aeroporto caiu totalmente no esquecimento.

Se esse for o caso, então Ilhéus e a região toda ficará à mercê do velho aeroporto Jorge Amado.

Em outras palavras, ficará à mercê de uma série de contratempos que se acumulam: companhias que operam com aeronaves de menor porte, o que impede boa parte da logística das empresas do Pólo de Informática e das indústrias da região. Restrições de operação noturna e com tempo ruim, o que encarece as passagens e diminui a competitividade do Turismo. Quantidade limitada de companhias aéreas, que limita a concorrência e deixa os passageiros vítimas de serviços de qualidade lamentável.

O Velho Jorge Amado não suporta os novos desafios. Até o Banco do Brasil já o abandonou, fechando os caixas eletrônicos que ali existiam. Quem sair por último apague a luz.

Ilhéus precisa muito de um novo aeroporto: moderno, espaçoso, com alfândega, pista para grandes aeronaves, múltiplas companhias aéreas. A necessidade tão grande quanto urgente.

Infelizmente, de acordo com as atuais propostas orçamentárias, em breve é Vitória da Conquista que terá seu aeroporto de grande porte. Isso atrairá para aquela cidade uma série de operações de carga que hoje ainda são executadas no aeroporto de Ilhéus. Outro duro golpe contra esta cidade, impondo-lhe mais perda de arrecadação e impostos.

Com a vinda do presidente Lula a Ilhéus, na sexta-feira próxima, é a hora de a sociedade organizada cobrar dele, e do governador Wagner, e dos políticos regionais uma palavra final: Ilhéus terá seu Aeroporto Internacional, conforme prometido?

Ou os ambientalistas tinham razão, e a cidade inteira apenas mordeu uma isca?

domingo, 5 de dezembro de 2010

O Leão caído



Foi a crônica de uma morte anunciada.

Anunciada neste modesto blog, ainda no mês de Maio. Leiam aqui.

O Vitória foi rebaixado. Matematicamente pode-se dizer que foi rebaixado porque a arbitragem prejudicou o rubro-negro baiano na partida contra o Corinthans.

Prejudicou mesmo. É verdade. E tomou dois pontos do Vitória. Que fizeram muita falta.

Mas o rebaixamento mesmo não se deu ali. Porque um time que escapa do rebaixamento por dois pontos na verdade foi rebaixado também. Apenas teve a sorte de a Tabela do Campeonato não se aperceber disso.

O rebaixamento do Vitória começou quando não conseguiu um mísero meio-campista de qualidade, fora Ramon.

E Ramon não podia jogar muito mesmo. Jogava apenas metade de cada partida, e mesmo assim não participou de todas.

Não obstante sua grande qualidade, Ramon foi um jogador com o qual o Vitória não pôde contar, ao final das contas.

Ora: um time sem criatividade no meio de campo não consegue ir bem no ataque. O Vitória ficou sem seu velho poderio ofensivo durante todo o ano de 2010.

E isso evidenciou a impressionante fragilidade da defesa, que tomou, como sempre aconteceu nos últimos anos, uma quantidade absurda de gols oriundo de lances ingênuos ou simples, fruto de falhas totalmente inaceitáveis. Sem pecar por excesso, com certeza foram dezenas de gols assim.

Sem o meio-campo para acionar o ataque, a alternativa era construir uma equipe defensiva.

Mas com a qualidade dos jogadores que o time tinha na defesa isso não era possível. Treinador nenhum poderia dar jeito nisso.

O Vitória não teve um time taticamente configurado em nenhum momento do Campeonato Brasileiro. Deu no que deu. Rebaixamento.

Ano que vem, com fé, será melhor.

"Bora Vitória"

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ilhéus sem aeroporto

Segundo notíciado (leiam aqui) a comissão mista de orçamento aprovou um total de 110 milhões de reais para a construção de novos aeroportos na Bahia.

Do total, 60 milhões irão para o aeroporto de Barreiras e 50 milhões para o aeroporto de Vitória da Conquista.

Ilhéus receberá o de sempre: Nada.

Não dá mais para empenhar muitas esperanças de que exista realmente uma grande vontade política, por parte dos governos estadual e federal, para a construção do novo aeroporto de Ilhéus. Ele já nem aparece mais nos discursos oficiais (leia aqui), bem como não consta oficialmente dos planos concretos do orçamento.

Vitória da Conquista está prestes a ver o seu aeroporto ser iniciado. Até Barreiras conseguirá o seu. Enquanto isso a cidade de Ilhéus patina, à mercê das promessas não cumpridas e dos nós não desatados.

Belo futuro aguarda esta Princesa Destronada: em breve os passageiros sairão daqui para embarcar em Conquista.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Boca com Fome

No próximo dia 04 de Dezembro a cidade de Ilhéus receberá a visita de um dos artistas mais competentes que existem perambulando pela Música Popular Brasileira. Longa carreira, muita qualidade, uma voz marcante, uma identidade particular.

Zé Ramalho.

Ocorre que, ao contrário do que deveria ser, isso não é exatamente motivo de alegria para todos.

Muito pelo contrário.

É que Zé Ramalho vai se apresentar no Boca Du Mar.

O Show, portanto, vai ser ali, na cabeceira da Ponte do Pontal. As milhares de pessoas e as centenas de veículos vão estar exatamente ali, onde o trânsito da cidade normalmente já é caótico. Ali, a menos de 400 metros de um bairro residencial. Ali mesmo: proporcionando o colapso nos transportes e o fim do sossego dos moradores.

O saldo do Show deverá ser magnífico para os que dele participarem. Zé Ramalho é puro deleite. Mas para o restante da cidade será uma longa e difícil noite. Aos moradores de Ilhéus se recomenda que planejem para que não dependam de trafegar por ali naquelas horas. O seu direito de ir e vir estará irremediavelmente subtraído. O mesmo valerá para ambulâncias e o Corpo de Bombeiros. Desde as primeiras horas da noite os moradores perdem também o direito de necessitar de urgência ou emergência. Se desobedecerem, caso se atrevam a necessitar de serviços médicos, a pena poderá ser a Morte. Estejam avisados.

Outrossim saibam, os que habitam as imediações, que seu direito ao sono e ao sossego também será suprimido inexoravelmente. Cabe aos responsáveis por idosos e recém nascidos deixar as suas casas e levá-los para longe das imediações, ou aguentarem as consequências. O Poder Público, que autoriza eventos desta natureza naquela localização, entende que seu sossego é um pequeno detalhe, frente à magnitude de um evento que "agitará Ilhéus inteira". Se desejarem ouvir a Televisão, tratem de adquirir fones de ouvido. Caso exista apenas um aparelho para muitas pessoas, revezem-se: cada um ouve um pedacinho do Filme, da Novela, ou do Jornal. É tudo para o Bem da Cidade.

Aproveitem a oportunidade de exercitarem um profundo respeito pela Democracia e pelo Estado de Direito.

Não adianta o argumento de que há uma infinidade de locais onde se poderia fazer o Show, que este poderia ocorrer em um espaço muito mais amplo, melhor e mais agradável para o público, com o bônus adicional de não promover nenhum incômodo às pessoas.

A cidadania, este pequeno detalhe, será impiedosamente mastigada e engolida naquela noite. É um preço que todos pagarão por um Bem maior.

O Boca está faminto.

sábado, 27 de novembro de 2010

Sul da Bahia Justo (?) e Sustentável (?)

No Youtube tem um vídeo muito bonito, que apóia as manifestações contra o Complexo Intermodal. Eu reproduzo o vídeo abaixo, mas ele pode ser assistido "in loco" se clicarem aqui.

O vídeo é realmente muito bem produzido. Extremamente emotivo, com músicas de fundo - destaque para a execução repetida do Hino Nacional Brasileiro - e tomadas paisagísticas de qualidade profissional.

Constrói vilões e mocinhos com a mesma maestria que a Rede Globo faz com suas novelas, e que a indústria do entretenimento faz nos Estados Unidos.

Pessoalmente me toca muito. Emociono-me fácil com boa música, belas imagens, histórias bem contadas. Então devo dizer que gostei do vídeo. Embora tenha sentido falta, nas imagens, das pessoas não tão bem vestidas, não tão bem penteadas, não tão bem alimentadas e não tão bem cuidadas que efetivamente moram naquela região. Pergunto-me porque não se vê os sem camisa, sem dentes e sem perspectiva que povoam às centenas a Ponta da Tulha e a Lagoa Encantada.

Mas deixando de lado o apelo emocional, e focando no ponto racional, é possível ver um pouco mais dentro do vídeo.

Ou, melhor dizendo, um pouco menos.

Porque ali há muita produção cenográfica e pouco – talvez nenhum – conteúdo relevante. O vídeo é uma compilação dos mesmos argumentos que são usados há muito. Não diz nada de novo. Apenas diz de maneira muito bem editada.

O vídeo fala da biodiversidade da mata atlântica e afirma, com uma autoridade difícil de ser demonstrada, que a real vocação desta região é o “Turismo Sustentável”.

E, com a mesma falta de evidências, ainda afirma que, com o Complexo Intermodal “todo aquele ecossistema estará irremediavelmente perdido”, e “o impacto será extremamente maior ao longo do tempo”.

Muitas afirmações, nenhuma sustentação técnica ou científica.

Com a bela seleção musical ao fundo e as tomadas aéreas tecnicamente perfeitas, efetivamente o vídeo causa um grande impacto. Mas não traz nenhuma luz à discussão. Apenas um apelo sem nenhum fundo racional. Chega à pachorra de mostrar imagens de baleias Jubarte como se estas também fossem se tornar vítimas do projeto.

Em essência, o vídeo propõe a manutenção do que sabidamente não funciona: defende que a região continue apostando suas fichas no desenvolvimento econômico baseado no turismo “sustentável”.

Que, até então, não reduziu minimamente a desigualdade social nem a crescente pobreza de Ilhéus, uma cidade que caminha a passos largos para o seu Ocaso.

Bem como também não discute o fato de que, segundo os relatórios técnico/científicos da COPPE/UFRJ, os impactos gerados pela instalação do Complexo Intermodal podem ser minimizados e compensados satisfatoriamente.

Efetivamente não discute nada. É uma mera peça publicitária. Portanto, a menção vai apenas para a inegável qualidade da produção. O resto é mera estratégia de propaganda.

Podem assistir. Vale à pena.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Vereza Radical

No Blog "Nas veredas do Vereza" o ator Carlos Vereza derrama suas críticas e suas reflexões sobre uma infinidade de assuntos. Como modestamente também se faz aqui neste espaço.

Devo esclarecer que considero, e continuo pensando assim, que trata-se de um bom ator. Pelo menos bons me pareceram os poucos trabalhos que assisti com ele. Na Televisão e no Cinema.

Inobstantemente, a última postagem, com o título "Forças Armadas: acordem!", é de conteúdo estarrecedor. Ali o ator se derrama em elogios aos valores patrióticos e militares, contra os quais eu tenho algumas reservas, e em seguida ele vai além.

Inconsequentemente além.

Não se trata de defender governos. Carlos Vereza e qualquer outro brasileiro pode e deve se expressar contra qualquer ação de qualquer governo. Vereza pode denunciar, cobrar, criticar, satirizar. E ao fazê-lo estará exercendo seu pleno direito democrático.

Mas defender a deposição de governantes eleitos pelas forças armadas é defender o encerramento das garantias democráticas que ele próprio está exercendo ao emitir suas opiniões.

Vereza vai à insanidade de defender que haviam motivos para se depor o Presidente Jânio Quadros. Não da forma que se depôs Collor de Melo, com o exercício das instituições do Estado de Direito. Vereza, no meio de seu ódio, postula que "Os motivos alegados para a deposição de Jango, multiplicam-se, hoje, acrescentados pelo banditísmo do PT, que não hesita em quebrar todas as regras pela permanência no poder".

Não tenho elementos para alegar nenhum "banditismo do PT". Pelo menos não mais do que o que tenho visto nos governos que se sucedem ao longo dos meus já nem tão poucos anos de vida. Mas tenho a serenidade de entender que, seja qual for o banditismo alegado, se este não for combatido pelos poderes Judiciário e Legislativo (a quem cabe fiscalizar o Executivo) então a nação estará sendo vilipendiada. Estaríamos combatendo um "banditismo" com outro.

Quando Vereza esceve "Espero, sinceramente, que nossas Forças Armadas, intervenham, colocando alguma ordem no caos que, rapidamente, instala-se no Brasil!", ele efetivamente está propondo que as forças armadas tomem para si um poder que elas não possuem e nem jamais deveriam possuir. Por incrível que pareça, Carlos Vereza acredita que o que aconteceu em 1964 foi bom para o Brasil.

Vereza não se preocupa com a Democracia. Preocupa-se com a deposição de um governo do qual ele não gosta. Ele não entende que o respeito às decisões cidadãs, como são por excelência as que exalam das urnas, é pilar insubstituível - embora muitas vezes difícil de aceitar - de qualquer Democracia.

Vereza sabe muito de artes cênicas, mas não sabe nada de Cidadania.

Ou então está com dor de cotovelo em função do resultados das últimas eleições.

Aqui na Bahia sabemos expressar muito bem o que Vereza é: Jacu Baleado.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Transparência Hacker

Um Hacker é uma pessoa que possui conhecimentos profundos sobre sistemas web service e sobre sistemas operacionais.

Nem tanto do ponto de vista tecnológico, já que o objetivo é desenvolver pequenas linhas de código que explorem bugs ou falhas de segurança nestes sistemas.

A expressão "Hacker" é associada a pessoas que desejam tirar vantagem das falhas dos sistemas de Rede de Computadores em proveito próprio. Hackers são acusados de violar informações alheias, acessar contas de e-mail, redes de relacionamento e até mesmo dados bancários de suas vítimas. Hackers já promoveram brincadeiras com governos, pessoas públicas e grandes corporações, deixando-os em saia justa.

Todavia há que ressaltarmos que nem todos os Hackers atuam meramente como irreverentes ou criminosos. Eles, os hackers, já atuam, em muitos casos, de maneira extremamente positiva.

É o caso dos wikileaks, que vem initerruptamente divulgando documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis. Ficaram famosos quando divulgaram uma grande massa de documentos secretos do exército dos Estados Unidos, reportando a morte de milhares de civis no guerra do Afeganistão, por militares norte-americanos.

Consultem o wikileaks aqui (twitter) ou aqui (espelho) porque o site original não está acessível.

E o Brasil possui o Transparência Hacker, que desenvolve uma série de aplicações com dados governamentais (públicos, que se diga) construindo pequenos datawarehouses e permitindo múltiplas visões e diversos tipos de cruzamento de dados.

Em 2009 eles clonaram o Blog do Planalto, com a diferença que, na versão hacker, o blog permitia que os cidadãos postassem comentários. Em São Paulo, hackeraram o serviço de reclamações da prefeitura e montaram um ranking de problemas municipais. Também invadiram o site da Câmara Municipal para publicar a prestação de contas de vereadores.

Wikileak, Transparência Hacker, e outros mais venham. É a Tecnologia da Informação deixando de ser propriedade exclusiva do Capital, e servindo a propósitos diversos. Para o bem de todos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

sábado, 20 de novembro de 2010

Dave Brubeck All Star Quintet



Porque Jazz não é só para negros. Dave é branco.

E não tem idade. Brubeck já comemorou 90.

Bela homenagem, belíssima música.

O melhor da música Norte Americana.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Os filhos que cuidam dos pais

Essa matéria assustadora eu peguei no Blog do Nassif (leiam aqui).

Não é fácil entender como um país rico e socialmente avançado como a Grã Bretanha permite esse estado de coisas. Mesmo nos emergentes e em boa parte do terceiro mundo isso seria absurdo.

Um crime contra a Infância.

Os filhos que cuidam dos pais

Por MiriamL

Da BBC Brasil

Filha que cuida da mãe desde os seis anos ilustra realidade que preocupa britânicos

A situação de uma adolescente britânica de 12 anos que cuida da mãe desde os seis anos ilustra uma realidade que vem se tornando mais comum na Grã-Bretanha e gera preocupação no país.

A mãe da Victoria, Gail, perdeu a visão após ser submetida a uma operação para remover um tumor do seu cérebro. O pai é caminhoneiro e passa longos períodos fora de casa, deixando a mulher aos cuidados da filha.

Victoria ajuda a mãe a se lavar, se vestir e ir ao banheiro. Ela também a alimenta por meio de um tubo inserido no seu abdômen e prepara um complicado coquetel de medicamentos que também precisa ser injetado por meio de um tubo na mãe, quatro vezes ao dia.

"Já sei as doses de cor, então essa parte está tranquila. Eu olho para a minha mãe e sei que isso é o que faz que ela fique viva", diz Victoria, enquanto prepara os medicamentos para a mãe.

"São vários remédios que ela precisa tomar. Você tem de prepará-los com cuidado, amassar tudo, tomar cuidado para que eles possam passar pelo tubo".

Culpa

Gail sabe que cuidar de um adulto é uma responsabilidade imensa, um peso muito grande sobre os ombros de uma jovem de 12 anos.

"Me sinto culpada por fazer com que ela cumpra essas tarefas. Mas para ser honesta, se pessoas de fora viessem me dar assistência, seria uma pessoa diferente entrando pela porta a cada dia", diz Gail.

"Eu gostaria de um pouco de ajuda em tudo", diz Victoria. "Gostaria que viessem nos ajudar com coisas básicas, como levar minha mãe ao banheiro, por exemplo. Dos medicamentos, nós poderíamos cuidar."

Em Dundee, uma cidade na Escócia, a menina Leigh, de oito anos, tem uma realidade parecida com a de Victoria.

Leigh precisa cuidar da mãe, Kirsty, que sofre de transtorno bipolar. A filha fazer companhia constantemente à mãe, dar a ela remédios e, além disso, tem que fazer tarefas domésticas e ir sozinha para a escola.

A menina acaba tendo apenas duas horas por dia para si mesma, das 17h às 19h, quando vai a um centro local para crianças que cuidam de parentes.

Embora admita que precisa do apoio da filha, Kirsty reconhece que Leigh precisa de ajuda.

"O grupo (de apoio, no centro local) dá a elas (as crianças que cuidam de parentes) a chance de serem crianças", disse. "Isso também as faz perceberem que não estão sozinhas."

Pesquisa

Nesta semana, a BBC divulgou uma pesquisa que indica que o número de adolescentes e crianças que cuidam de pais ou parentes pode ser quatro vezes maior do que calcula o governo britânico.

Ao todo, 4.029 crianças em idade escolar foram entrevistadas. Uma em cada 12 disse ser responsável por dar assistência - como banhar, vestir ou alimentar - a algum membro da família.

Se a pesquisa - baseada em um questionário elaborado por acadêmicos da Universidade de Nottingham University, na Inglaterra - for um reflexo da Grã-Bretanha como um todo, pode haver 700 mil crianças nessa situação no país.

O último censo britânico, feito em 2001, identificou apenas 175 mil delas.

Entidades de defesa dos direitos da criança dizem que o governo está economizando milhões de libras às custas do trabalho dessas crianças, prejudicando a sua infância e destruindo seu futuro.

A secretária para as Crianças da Inglaterra, Sarah Teather, disse que a pesquisa mostra a realidade vivida por essas crianças.

"É chocante perceber que elas não recebem nem apoio, nem o reconhecimento que merecem" disse Teather.

A secretária anunciou que o governo deve lançar um programa direcionado ao grupo no final do ano.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Os Preconceitos de Nós

Pessoalmente tenho ficado preocupado com os flagrantes de preconceito, intolerância e discriminação que estão nos palcos da mídia e nos centros dos debates.

Emissoras pintando na Televisão dois "Brasis", um de azul e outro de vermelho, reiterando irresponsavelmente uma divisão inútil e inexistente em resposta ao frustrante (para elas) resultado das últimas eleições.

Pessoas usando a internet de maneira irresponsável ou, no mínimo, infeliz, destilando rancor contra nordestinos, negros, índios. Classificando pejorativamente nações e povos.

Ou esse flagrante asustador abaixo: o Sr. Luiz Carlos Prates se queixando das pessoas "miseráveis" que "agora possuem carro" e denunciando a irresponsabilidade do governo que permitiu que eles pudessem alcançar isso. A culpa dos acidentes seria, pela lógica deste senhor, das pessoas que "não deveriam possuir carro". Assim como já se queixam as pessoas dos aeroportos lotados, dos shoppings apinhados de gente "pé-rapado", das pessoas dividindo seus restaurantes e seus barzinhos com a "gentalha".

Acho que vai demorar até que nossas elites aceitem que o Brasil pode e precisa ser de todos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Vettel Campeão




Eu bem que poderia dizer aqui que havia previsto o título de Sebastien Vettel. Fiz isso com 7 meses de antecedência. Deve ser um récorde!

Podem conferir aqui.

Mas não seria justo. Porque eu havia mudado de opinião já há algumas corridas e ontem, antes da largada do GP de Abu-Dhabi, apostaria no veterano espanhol do carrinho vermelho.

Ainda assim, reitero o que dizia naquela época: considerando a pouca idade e experiência, Vettel é um piloto que está guiando "o fino", e foi consistentemente rápido durante toda a temporada, embora alguns erros quase tenham ofuscado o brilho desse jovem talento.

Vettel é o mais provável candidato a gênio que há na Fórmula 1 hoje. A despeito de seu rosto juvenil, quiçá imberbe, e de seu sorriso quase pueril, sua ascenção lembra-me muito um outro piloto alemão, que também levou uma então pequena equipe ao seu primeiro campeonato mundial.

Aquele alemão depois ainda venceria outros 6 títulos. Quanto a Vettel é difícil saber quantas conquistas o aguardam. Ou se aguardam.

Mas eu, pessoalmente, apostaria num número grande.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sanfona é assim!

Para os que pensam que somente aqui no Nordeste é que tem sanfoneiro bom.

Ainda bem que tem outras pérolas em outras paragens.

Direto do Rio Grande: Renato Borghetti e a Milonga das Missões. Sanfoneiro para ninguém botar defeito.

Aliás, "gaiteiro".

Puro deleite.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Governo do Brasil ajuda o SBT

Sempre pairou uma dúvida a respeito de, num dado instante da campanha presidencial, uma certa emissora de televisão ter destoado das demais a respeito de um certo episódio.

Foi o SBT no episódio do Atentado da Bolinha de Papel.

Fraude muito mal articulada que todo mundo viu, muitos se revoltaram, alguns acharam engraçado e uns poucos tentaram justificar.

Particularmente na grande imprensa. Com direito a peritos e análises que eram, no mínimo, surreais.

A Rede Record não entrou na mesma linha. O que já era esperado. E a Globo foi a principal emissora de TV que tentava explicar o inexplicável e defender o indefensável. O que já era esperado também, já que as relações do governo federal com a Rede Record são infinitamente melhores do que com a rede Globo.

Mas o SBT também acusou a fraude no Atentado da Bolinha de Papel. E todos se perguntaram o porquê.

Não que isto seja uma resposta definitiva. Mas efetivamente dá o que pensar quando, menos de 15 dias depois das eleições, chega um socorro oficial (leia-se federal) de 2,5 bilhões de Reais para salvar o Banco de Sílvio Santos - o empresário que dirige o SBT. Leia aqui e aqui para ver como o Banco Panamericano recebeu ajuda do Banco Central.

Evidentemente seria leviano acusar o SBT de ter usado as eleições como moeda de troca. E o Governo Federal de ter aceitado o jogo. Não há nada que não seja circunstancial a respeito.

Mas seria igualmente leviano não considerar essa hipótese. Como diz o jornalista Bóris Casoy, "eu tenho uma eterna desconfiança dos políticos. Deve ser um defeito meu. Ou dos políticos."

Acho que o SBT e o Governo precisam mesmo se explicar muito bem.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

CPMF

É interessante observar como a maré da política muda o pensamento dos governos e das oposições.

Pois quando a CPMF foi proposta pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso a oposição de então, liderada pelo PT, atacou duramente o imposto. Que acabou sendo aprovado pois seria a "salvação da saúde pública".

Não foi, como se viu.

Depois, quando o governo já era do PT, e cabia ao PSDB a oposição, as preferências rapidamente mudaram de lado. O imposto (ou contribuição, a depender do contexto jurídico observado) acabou sendo derrubado no senado, indiferente ao esperneio do presidente Lula.

Agora fala-se na volta da CPMF. E fica fácil adivinhar as posições de cada um: naturalmente a oposição será contra e o governo será favorável. Hoje, o primeiro papel cabe ao PSDB e o segundo ao PT. Mas amanhã eles trocam fácil. Basta as contigências do jogo mudarem.

Pessoalmente tenho ouvido e lido muita coisa sobre a CPMF. A única crítica que meu pobre e limitado cérebro conseguiu entender foi a de que o dinheiro não estaria sendo usado na saúde. Ou então que os governos (PSDB e depois PT) teriam aproveitado a CPMF para subtrair outros recursos tradicionalmente voltados para a saúde, o que acabou anulando o benefício que seria obtido.

Isso eu consigo entender. De fato, sendo verdade essa alegação, e parece mesmo que é, que sejam cobrados os governos. E que seja direcionada, a CPMF, para o fim a que originalmente se destina, e que a justifica plenamente.

A outra crítica é a respeito do impacto na economia. Mas eu ainda não consegui ver isso. Falam que o imposto incide "em cascata", e que acaba "comprometendo a competitividade em todas as áreas" em função do impacto sobre os preços.

Pelo que entendi, o problema é que há aplicação do imposto em todos os níveis da produção. Assim, se um agricultor vende sua produção de feijão a um comerciante, ele deve recolher a CPMF. E, naturalmente, repassá-la para o preço de venda de seu produto. O comerciante, depois, deve igualmente recolher sua CPMF para fazer o transporte. E depois para revender aos supermercados. Que recolherão outra CPMF ao entregar as mercadorias aos clientes. Esta lista de pessoas envolvidas no processo de produção e venda do feijão é a tal "cadeia produtiva". Neste pequeno exemplo, a cadeia teria 5 integrantes.

Ora. Supondo, para simplificar com um exemplo prático, que o único imposto que exista seja a CPMF. E assumindo também a alíquita de 0,38% que era praticada até a extinção do imposto. Supondo, também, que um quilo de feijão seja vendido, pelo agricultor, por 1 real. Com a CPMF ele terá que repassar o feijão por 1 real e 38 décimos de centavo ao comerciante. Este, por sua vez, poria mais 0,38% nesse valor, elevando o aumento para 0,007614 de real (menos de um centavo). Depois que todos os integrantes da cadeia produtiva tenham repassado o custo da CPMF para o produto, o quilo de feijão estaria em 1,01914495 reais (menos de 2 centavos de aumento).

Não consigo entender onde fica um impacto tão grande assim. Principamente se, em troca, houver uma melhoria substancial na saúde pública.

Pensando matematicamente, se a cadeia produtiva é formada por N integrantes, então o aumento total do preço é o resultado de N multiplicações de 1,0038 por 1,0038. Ou 1,0038 elevado a N.

Assim, se a cadeia produtiva de nosso exemplo fosse formada, numa situação absolutamente irreal, por 20 integrantes, ainda assim o quilo de feijão não passaria de 1,079 reais.

Menos de 8 centavos de aumento.

Assim, ao passo em que me alio aos que denunciam o mau uso e o desvio do dinheiro da CPMF, não consigo entender a alegada nocividade financeira deste imposto sobre a produção.

Por outro lado, consigo ver fácil algumas coisas. Por exemplo, um cidadão que ganhe 600 reais pagará, ao sacar todo o seu salário no banco, um total de 2,28 reais de CPMF. De outro lado, um investidor que movimente 1 milhão de reais em especulação financeira terá que pagar 3.800 reais de CPMF.

Acho que isso incomoda. Principalmente porque não é este investidor que usufruirá dos benefícios do imposto.

Outra coisa que dá para ver fácil é a facilidade com que, via CPMF, os auditores fiscais do governo podem rastrear a movimentação financeira de muitas empresas, surpreendendo-os (se for o caso) em tentativas de sonegação fiscal.

Acho que isso incomoda também. Por motivos óbvios.

E é só. Outra explicação não encontro. Efetivamente deve haver algo que eu não sei. Ou que minha inteligência limitada não foi capaz de perceber. Pois só isso explica a oposição visceral que faz o PSDB hoje, como fez o PT ontem, contra a CPMF.

Ou isso, ou então trata-se de puro fisiologismo político mesmo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Nazismo do Brasil

Um dia eu tive o interesse de entender exatamente o que propunha a filosofia nazista. Que fundamentos haveria para justificar todos aqueles absurdos de que ouvimos tanto falar.

Queria, na verdade, dar espaço ao contraditório, já que sempre ouvira falar do nazismo pela boca dos que foram contra, e os derrotaram na 2ª guerra.

Aproveitando viagens e oportunidades de encontrar pessoas diferentes no Brasil e no exterior, consegui ouvi-los. Bem como li um tanto de textos de orientação ultra-conservadora. Nessa caminhada eu tive duas grandes surpresas. A primeira é que não é correto dizer que o Nazismo propunha qualquer coisa. Erro de tempo verbal. Ele propõe. No presente.

Porque o nazismo está aí, vivo, discutindo e se apresentando aos espaços sociais e políticos. Ainda que não se identifique pelo nome. Ninguém diz: “prazer, eu sou um nazista”. Mas há muitos nazistas, pode acreditar. Você os percebe ao trocar algumas palavrinhas.

Constatei isso junto com minha segunda surpresa. Os nazistas possuem uma visão extremamente pragmática da relação do Estado com as pessoas. E é isso que justifica, para eles, toda uma série de medidas, digamos, pouco ortodoxas.

Para os nazistas é simplesmente intolerável que as pessoas sejam um “peso” para o estado. Não estou falando de cabides de emprego ou políticos corruptos. Para os nazistas, qualquer pessoa que porventura dependa da ajuda do Estado para viver é simplesmente um peso. Não se deve aceitar. Esse elemento precisa ser eliminado.

Índios, estrangeiros sem qualificação, desempregados, pessoas carentes, gays e prostitutas (que são grupos de risco de doenças venéreas) são, entre muitos, e segundo os meus interlocutores, potencialmente danosos para a sociedade. Precisam ser simplesmente extirpados. A qualquer preço.

No Brasil isso vai além. Programas sociais e decisões estratégicas que visem o desenvolvimento regional também são vistos como desperdício. Como uso indevido do Estado. As pessoas ou regiões que se beneficiem dessas medidas são um grande “peso”. Precisam ser condenados.

Sim, há nazismo no Brasil. E essa campanha eleitoral de 2010 expôs isso de maneira dura e cruel. A derrota do PSDB e das elites do Sul e do Sudeste do país não foi facilmente digerida por esse grupo. Estão se expondo, apresentando seus argumentos, começando a ocupar espaços na mídia. Por ora, a Internet.

Exemplos do discurso nazista podem ser vistos neste vídeo abaixo.



Verdade que ainda se trata de uma minoria de idiotas que estão usando a Rede para aparecer. Mas alguns meses atrás eles sequer apareciam. Todo esse preconceito e todo esse ódio começaram a aflorar muito recentemente.

É uma amostra, apenas uma amostra, do Nazismo do Brasil.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Fratura exposta

Há uma infinidade de motivos para que o Brasil comemore o resultados das urnas.


Um, em particular, não é exatamente motivo de festa. Mas é um esqueleto que finalmente pula para fora do armário.


O Brasil mostrou todo o seu preconceito. Como discute a professora Prof. Tania Bacelar de Araujo, da UFPE: "A ampla vantagem da candidata Dilma Rousseff (...) no Nordeste reacende o preconceito de parte de nossas elites e da grande mídia face às camadas mais pobres da sociedade brasileira e em especial face ao voto dos nordestinos. Como se a população mais pobre não fosse capaz de compreender a vida política e nela atuar em favor de seus interesses e em defesa de seus direitos".


De fato, trata-se o voto dessas pessoas todas com uma certa indulgência. Como se fosse um mal necessário. Do ponto de vista dessa análise, os Nortistas e Nordestinos não são pessoas que estão depositando sua confiança em um projeto que efetivamente deslocou o eixo principal de desenvolvimento do Brasil para regiões outras que o Sudeste (um amigo defende que Lula rompeu com o SDD: "São Paulo Driven Development" - Desenvolvimento Orientado por São Paulo) e, conseqüentemente, dando a regiões como o Norte e o Nordeste a oportunidade de, em décadas, finalmente experimentar algum tipo de desenvolvimento efetivo.


Há o argumento óbvio e repetido, de que o Bolsa-Família é que permitiu ao governo federal uma efetiva "compra de votos branca" nessas eleições. Ocorre que, infelizmente, os dados não sustentam tal hipótese: Dilma obteve mais de 60% dos votos do Nordeste. E não são 60% das pessoas daqui beneficiárias de programas sociais. Simples assim.


Ocorre que, infelizmente para alguns analistas de plantão, o que ficou em contraste nessas eleições foi o país que vivemos nos anos 90 (entre 1994 e 2002), marcado pelo investimento regionalizado (Sudeste, principalmente) e por pouca sensibilidade às carências sociais do país.


Os eleitores compararam isso com o Brasil do século 21 (entre 2003 e 2010), onde o interesse da administração federal se voltou em parte para os programas sociais, é verdade, mas também para um grande projeto de integração nacional, apostando no crescimento da produção e consumo de massa. Isso foi muito bom para a economia e para o desenvolvimento social do Brasil. E, é verdade, em particular para as regiões Norte e Nordeste.


Esta é uma hipótese que se sustenta, e nos permite entender o porquê de 60% dos votos daqui terem ido para a candidata do projeto atual.


Todavia o fato é que para os "analistas", bem como para boa parte da grande mídia, e, principalmente, para os políticos da oposição, há e haverá sempre um fato que permanece: só votou no projeto do atual governo a camada "mais pobre e menos esclarecida da população". Os votos vieram de pessoas que não escolhem por motivações pragmáticas e pela percepção que possuem quando comparam os dois projetos, já que em tese seriam incapazes de tal exercício. Seriam apenas pessoas que votam em resposta à recompensa imediata, a refeição provida pelo Bolsa-Família. Cérebros não evoluídos, que atuariam meramente como os cães do famoso experimento de Pavlov.


Uma visão que expõe a ferida aberta e infeccionada de todo o preconceito que sempre existiu, e que agora aparentemente nem se esconde mais. A pele se rompeu. Não está escoriada, tampouco é uma simples contusão.


É Fratura Exposta.

domingo, 31 de outubro de 2010

Dia das bruxas



Ufa!

Não aceitamos a maçã. A sedução foi intensa, e eu mesmo temi que hoje estivéssemos irremediavelmente envenenados.

Mas não aconteceu. O dia das bruxas foi só de brincadeira mesmo. Não era verdade.

Ainda bem!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Os exageros que não engolimos

Essa campanha eleitoral está mesmo sendo lamentável.

Bolinhas de papel para cá, aborto para lá, homossexualismo, dossiês, sigilos bancários. A relevância política dos temas são realmente decepcionantes.

Muitos referem-se ao candidato do PSDB como "Zé Baixaria". Eu, apesar de considerar que muitas práticas envidadas por sua campanha não tenham sido as mais recomendáveis, insisto que não há porque desrespeitar um candidato, representante legítimo da oposição, porta-voz de uma série de propostas e de uma série de grupos que efetivamente compõem parte dos interesses e da malha social do Brasil.

É José Serra, não "Zé Baixaria".

Mas, ao mesmo tempo, reconheço que fica difícil caracterizar de outra forma o vídeo abaixo. Não encontro outra palavra. Um amontoado de apelos "futurísticos" com uma visão apocalíptica totalmente infundada. Um vídeo com o único propósito de disseminar um medo irracional e sem sentido, de confundir os eleitores e, principalmente, fugir das discussões relevantes em troca do sensacionalismo midiático e totalmente sem conteúdo.

Um enorme desserviço à Democracia. Uma aposta na falta de inteligência do eleitor. Uma contribuição à superficialidade das discussões políticas.

Não tem outro nome: baixaria. Em sua forma mais pura.

Com um bom remédio contra enjôo, talvez seja possível assistir até o fim.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Bode Expiatório

Jomarcelo Fernandes dos Santos foi condenado. Jomarcelo pegou um ano e alguns meses de detenção por homicídio culposo.

Porque, segundo o Tribunal Militar que o julgou, Jomarcelo foi negligente como controlador de vôo e colocou em rota de colisão o jato Embraer Legacy e o avião Boeing 737 que cumpria o vôo 1907 da Gol, partido de Manaus com destino a Brasília.

Eu acho muito didático ilustrar esse acidente fazendo uma metáfora como se fosse uma colisão entre automóveis. Podemos entender tudo como se fossem dois veículos que bateram de frente. Um acidente terrível.



Obviamente há culpa no agente de trânsito, nosso controlador Jomarcelo, que não advertiu um veículo de que ele estava na contramão. De fato, o Embraer Legacy estava em altitude incorreta e não há nenhum registro de que ele tenha sido efetivamente alertado a esse respeito.

Ocorre que há, nos aviões, um sistema de rádio especial que identifica a rota das aeronaves e, se necessário, permite que as aeronaves atuem automaticamente para evitar colisões. Chama-se Transponder.

O Transponder é configurado com um único número para cada aeronave em um dado espaço aéreo. Com ele, e com o auxílio do radar, pode-se saber a localização e a altitude de todas as aeronaves ao alcance. Isso permite que os controladores instruam os pilotos para cruzar os ares em segurança.

E o Transponder vai além: a onda de rádio que emite pode ser percebida por outras aeronaves na mesma rota e isso dispara um alarme de colisão iminente. Nesse caso os pilotos podem tomar medidas evasivas. Ou, o mais comum, as aeronaves fazem isso autonomamente: os sistemas de piloto automático determinam mudanças de altitude de forma que se cruzem em segurança.

Tendo ainda em vista a analogia com o tráfego rodoviário, imaginemos uma rodovia à noite. O Transponder são os faróis. Dá para ver, de longe, pelos faróis, que há um veículo vindo em direção contrária. Os motoristas, então, tomam as providências necessárias para que os veículos se cruzem em segurança.

O maior pesadelo de qualquer motorista é encontrar um veículo na contramão, de noite, com os faróis desligados. O acidente, nesse caso, seria praticamente inevitável.

E o Legacy estava com o Transponder desligado.

De volta ao Jomarcelo, assim como a um guarda de trânsito, cabia a ele alertar o motorista de que ele estava na contra-mão e, principalmente, que ele estava com o “farol” desligado. Falhou, inegavelmente.

Mas como esquecer do motorista que estava deliberadamente na contramão, e que ainda trafegava com o “farol” desligado? Como justificar tamanha imprudência? Como não condenar dois pilotos que simplesmente atravessavam o espaço aéreo sem acionar o Transponder e sem, portanto, serem identificáveis tanto pelos sistemas de radar quando pelos sistemas das demais aeronaves?



Pessoalmente acho estranho que os senhores Joseph Lepore e Jan Paladino ainda tenham suas licenças de pilotos válidas. Fosse um acidente rodoviário e eles provavelmente teriam incorrido em falta gravíssima e teriam sua habilitação cassada. Não é fácil entender que nada tenha acontecido contra os dois pilotos. O resultado, tristemente, podemos relembrar na reportagem abaixo.



Apenas Jomarcelo Fernandes dos Santos foi condenado. Nessa pantomima toda coube a ele o papel mais difícil.

De bode expiatório.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Une presse très remontée contre Lula

É isso o que se pode constatar. Uma imprensa contra o Presidente. E a constatação não é minha, tampouco de nenhum partidário do Presidente Lula, da candidata Dilma (que é a minha preferência neste segundo turno) ou mesmo do PT.

É de um grande jornal francês: “Courrier International”.

O jornal vai além: “Dans la dernière ligne droite de la campagne, le torchon brûle entre les grands journaux et le gouvernement.

(Entrando na linha final da campanha, a disputa ferve entre os grandes jornais e o governo).

E denuncia o que todos sabemos por cá: “Quatre grandes familles se partagent le contrôle des principaux médias : les Marinho, propriétaires du quotidien de Rio O Globo et de la toute-puissante Télé Globo ; les Mesquita de O Estado de São Paulo ; les Frias, de Folha de São Paulo ; et les Civita, de la maison d’édition Abril, éditeur du principal hebdomadaire, Veja. Ces grandes familles ne se sont jamais remises de l’élection de Lula, ce président peu instruit, venu d’un Etat pauvre et issu du syndicalisme.

(Quatro grandes famílias dividem o controle das principais mídias: os Marinho, proprietários do diário O Globo do Rio e da toda poderosa Televisão Globo; os Mesquita, de O Estado de São Paulo; os Frias, da Folha de São Paulo e os Civita, da Editora Abril, editores do principal semanário, Veja. Essas grandes famílias não se renderam jamais à eleição de Lula, o presidente pouco instruído, vindo de um estado pobre e oriundo do sindicalismo)

E um comentário interessante, com o qual tenho ressalvas, feito na mesma reportagem do mesmo jornal.

La presse déteste Lula et ce qu'il représente. Best-président dans l'histoire du Brésil est un ouvrier métallurgiste. La presse veut bannir l'héritage de Lula.
Dilma Rousseff est vilipendé et calomnié comme jamais vu dans une autre campagne présidentielle. Cette presse brésilienne est la copie de l'American Tea Party et Fox News.

Exemples:
Dilma est accusé de l'avortement par la femme du candidat Serra, qui a commencé une persécution religieuse.
Vérité: La femme du candidat pratiqué des avortements.
Dilma est accusé de violation du secret des finances de la fille du candidat Serra.
Vérité: Un allié du candidat Serra et de son propre parti, Aécio Neves (PSDB), est le responsable.
Dilma est accusé de terroriste et un assassin.
Vérité: Dilma jamais pris les armes, elle a été arrêté et sauvagement torturé par la dictature parce qu'il s'est battu pour la liberté et la démocratie. Dans tout autre pays, Dilma serait traitée comme une héroïne. Une femme qui ont osé défier la dictature!

(A imprensa detesta Lula e o que ele representa. O melhor presidente da história do Brasil é um metalúrgico. A imprensa que banir a herança de Lula.
Dilma Roussef é vilipendiada e caluniada como jamais se viu em outra campanha presidencial. Esta imprensa brasileira é a cópia do Tea Party americano e da Fox News.

Exemplos:
Dilma foi acusada de aborto pela esposa do Candidato Serra, que começou uma perseguição religiosa.
Verdade: A esposa do candidato praticou aborto.
Dilma é acusada de violar o segredo das finanças da filha do candidato Serra.
Verdade: Um aliado do candidato Serra e de seu próprio partido, Aécio Neves (PSDB), é o responsável.
Dilma é acusada de ser terrorista e um assassinato.
Verdade: Dilma jamais pegou em armas, ela foi presa e selvagemente torturada pela ditadura porque ela se empenhou pela liberdade e a democracia. Em qualquer outro país, Dilma seria tratada como uma heroína. Uma mulher que se atreveu a desafiar a ditadura!)

------------------------------------------

Para se ter uma ideia de a quantas anda a preocupação da grande Mídia com os princípios éticos do jornalismo. Do ponto de vista de outras pessoas, e de outros países.

A matéria no Corrier International pode ser lida aqui.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A mais criativa


Há anos não vejo uma propaganda eleitoral tão criativa.

Porque é um joguinho, do tipo "ajude sua candidata a vencer as eleições".

Muito engraçado, embora talvez nem todos tenham espírito esportivo para apreciar.

Quem quiser jogar é só clicar aqui.

sábado, 16 de outubro de 2010

Manifesto de professores

A lista completa, com mais de mil nomes, pode ser conferida aqui.

Se conferirem, por favor, acrescentem Álvaro Coêlho - UESC. Não sei se já a terão atualizado até então.

O manifesto segue abaixo.

"
Manifesto em Defesa da Educação Pública

Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.

Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.

Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.

Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.

Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.

No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor."

Dito por Ayrton Senna

Os ricos não podem mais viver numa ilha rodeada por um mar de pobreza. Nós respiramos, todos, o mesmo ar. Devemos dar a cada um, uma chance, ao menos uma chance fundamental”.
(Ayrton Senna)



Ayrton foi espetacular nas pistas. E nas pistas muitas vezes não agiu de maneira correta. Mais especificamente, nas pistas ele muitas vezes agiu de maneira absolutamente imperdoável.

Não obstante, ao se ver fora do carro, longe do asfalto e sem nenhuma disputa em vista, Senna era, segundo muitos e muitos relatos de pessoas próximas, bastante sincero e humano. Preocupado com o Brasil, com o Mundo, com as pessoas.

Recebi essa frase aí por e-mail e resolvi compartilhar. Não porque Senna foi um dos meus ídolos. Tampouco pela sua imensa qualidade como piloto de automóveis.

Apenas porque é um pensamento com o qual eu mesmo compartilho.

E pelo qual tenho sinceros temores a partir dos resultados das próximas eleições.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

1989

É preciso reviver 1989.

Não há um candidato como o Lula de 1989. Mas há um embate entre as mesmas forças. Naquele ano o lado sombrio da linha dura ultra-conservadora da política brasileira, mais a grande Imprensa, mais o clero conservador de todas as igrejas aliaram-se ao candidato Collor.

Todos contra as forças populares, de transformação. Que eram personificadas na candidatura de Lula, apoiado pelos sindicatos, pelos estudantes, pelos setores progressistas das igrejas, e pela imprensa livre.

Deu no que deu. Mas a marca do grito pela mudança ficou indelével. Lula não venceu, mas as forças conservadoras perceberam que havia um oponente poderoso, e a partir de então as coisas tiveram que ser reacomodadas.

Há muito em jogo: os projetos de inclusão social, o Pré-Sal, as Universidades Públicas, o desenvolvimento com inclusão social do Brasil.

Contra isso tudo há a Força da Grande Imprensa, do Capital, dos grupos conservadores. Aliado ao Brasil que avançou resta apenas a militância.

A despeito das diferenças históricas entre as candidaturas Lula/1989 e Dilma/2010, é preciso que as forças progressistas se posicionem rápido ao lado da única candidatura viável para os interesses populares. E irredutivelmente contra a candidatura dos modelos de exclusão, privatização, atraso e subdesenvolvimento.

Que esqueçam as diferenças menores, irmanados todos pelo projeto maior: manter alijados do poder os velhos donos do Brasil.

Manter o Brasil sendo de todos os brasleiros.

É a hora dos estudantes irem para as ruas. Dos sindicatos se posicionarem. Aliem-se os blogueiros, os padres e pastores progressistas, os profissionais liberais, os professores.

Estejam nas trincheiras de hoje como estiveram nas de ontem. Pelo Brasil para todos, contra o Brasil do atraso.

Engajemo-nos, como em 1989. Porque há muito em jogo.

O Brasil está em risco.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

De volta à Idade Média

Um discurso muito interessante. Barack Obama é o presidente dos Estados Unidos. Logo, temos que entender que ele defende os interesses de seu país. Interesses que, evidentemente, tantas vezes afrontam os de outros países. Às vezes do mundo inteiro.

Mas é um país com longa tradição republicana. Onde jamais houve um presidente que não tenha sido eleito. Onde as instituições democráticas são muito mais maduras do que as nossas, por exemplo. Se não são exemplo para o mundo em sua política internacional, em termos de organização do Estado há, seguramente, algo a aprendermos com os Ianques. Como nesse discurso de Barack Obama.

Não sendo uma nação de Cristãos, mas uma nação plural, como esperar que o Estado atue apenas a favor dos Cristãos? Ou, mesmo assumindo essa hipótese absurda, a serviço de quais grupos de cristãos estará? Os protestantes? Os católicos? Os evangélicos? Os anglicanos?

O Estado precisa ser laico. Ou isso ou não é um estado republicano, que respeita cada um dos seus cidadãos em sua individualidade e em seus direitos.

Não podemos aceitar a religiotização da política, com a conseqüente religiotização do Estado. Sob pena de caminharmos para uma nação fundamentalista, onde todos estarão sujeitos à ditadura de um pensamento teocrático.

Uma nova Idade Média.

domingo, 10 de outubro de 2010

Religiotização

Vou ousar um neologismo. Porque não há outra forma de descrever o que está acontecendo nestas eleições presidenciais: religiotização.

Na ânsia de ganhar os votos dos brasileiros, os candidatos simplesmente partiram para cima de temas cuja relevância é discutível mas, principalmente, afronta direitos fundamentais de muitas minorias.

Agora o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo – perdoem-me a falta de hipocrisia ao não me referir a isso como “União” - são as tônicas do debate.

Como se o Presidente fosse responsável por decidir sobre a legalização do Aborto. Ou do casamento entre gays.

Parece que os demais assuntos, como os investimentos em infra-estrutura, os destinos da impressionante fortuna do Pré-Sal, os problemas na gestão da Saúde, a necessidade de estruturação da Educação, o combate à fome e à miséria e tantos outros temas se tornaram instantaneamente irrelevantes.

Porque os brasileiros querem mais votar em quem partilha de suas convicções religiosas, ainda que à custa do próprio desenvolvimento do País. Danem-se as escolas. Esqueçamos o Pré-Sal. Abandonemos a Saúde. Infra-estrutura é secundário. O importante é que o Presidente seja contra o casamento Gay e contra o Aborto.

Em breve ele também terá que ser contra os Muçulmanos, os Judeus, as Religiões Africanas. Parece mesmo muito promissor este debate.

A discussão política está pautada pelos temas religiosos. Antes, quando não havia temas em discussão, falava-se em "Idiotizar" o debate, ironia ao nível de profundidade e relevância com que os temas eram tratados. Esta barreira foi superada: agora não é mais a idiotização. Trata-se da Religiotização.

Parece que o eleitor quer ver suas convicções religiosas garantidas, ainda que ao preço de seu próprio desenvolvimento. Que sejam execrados os gays, e que levem para a cadeia por toda a eternidade as mulheres que cometem aborto. Isto feito, podem fazer o que quiser com o resto. Que é o Brasil inteiro.

Naturalmente, há alguns Padres, Pastores e oportunistas de toda hora que se levantam contra todas as conquistas, contra tudo o que o Brasil avançou, segurando solenemente essas duas bandeiras religiotas: o aborto e o casamento gay.

Juntando tudo isso à pouca quantidade de escrúpulos das duas campanhas, uma por avidez de retomar o poder, outra pelo desespero de vê-lo escorrer entre os dedos, temos a eleição mais suja que já se viu nos últimos anos.

Ninguém se lembra de ponderar que, independente da religião do Presidente, a Presidência, bem como todo o Estado brasileiro, não professa nenhuma Fé.

E assim corremos para uma eleição onde o homossexualismo é uma Praga Contagiosa. A Nova Lepra. Onde o aborto é o pior mal da sociedade. A Nova Sodoma. Onde todos devem ser radicalmente contra as duas Bestas do Apocalipse, os Gays e as Mulheres. Ou isso, ou sofrerão as penas da Inquisição. A Nova Inquisição, moderna, que não precisa de fogueiras para imolar os que condena.

É uma eleição. Uma Democracia. Prefiro Dilma. Não porque ela é contra ou a favor do Aborto. Eu sou contra, mas sei que há muito entre o Céu e a Terra.

Tampouco prefiro Dilma por conta de suas opiniões a respeito do Casamento Gay. Eu sou a favor. Porque não devemos negar a ninguém o direito de tentar ser feliz.

Tenho formação Católica, ainda sou profundamente religioso, e não faço a menor ideia a respeito da Fé de nenhum dos candidatos. Nunca me interessei em saber.

Prefiro Dilma porque ela representa uma realidade, uma experiência de governo de 8 anos. José Serra representa outra realidade, outro período de 8 anos. Agora é um ou outro. E compará-los não deixa nenhuma dúvida para mim.

Mas sendo eleição, e sendo Democracia, curvo-me como sempre à decisão das urnas. Ocorre que, desde já adivinho, curvar-me-ei em resignação, e não em concordância. Porque nestas eleições, ainda que minha candidata seja a eleita, eu continuarei desconfiando do que realmente motivou o voto das pessoas, sejam elas contra ou a favor de qualquer dos candidatos.

Temo que os motivos não sejam realistas, tampouco ideológicos, nem mesmo refletidos. Deve ser o voto meramente religioso.

Pura Religiotização.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Postagem antiga: Armandinho

Uma postagem antiga, mas daquelas que eu adorei ter feito. Está na série Tabuleiro da Bahia.

Ponho de novo, já que a preguiça de sexta-feira e a exigüidade (este trema aqui ainda existe?) de tempo me impedem de preparar algo novo.

Então vai algo velho. Mas bom.

Armandinho Macêdo!

Vejamos algumas de suas performances.

Bolero de Ravel (lembranças da Praça Castro Alves de Carnavais de Outrora).



Brasileirinho.



Marchinhas de Carnaval.



Czardas.



No frevo rasgado do Carnaval de Salvador.



Ou simplesmente brincando, derramando talento em todos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A Cassetada



Ao contrário de muitos, não achei surpreendente o vídeo acima. Reflete precisamente o tom do programa, que é até interessante em alguns momentos, diga-se de passagem. Muito apropriadamente chamado de "Manhattan Conection", conta com a presença quase initerrupta de pessoas como Diogo Mainardi (leia algo sobre ele aqui) sendo um exemplo a mais das absurdas distorções que a Liberdade de Imprensa pode gerar.

Para quem já leu a coluna de Mainardi na Veja ou já assistiu o programa no GNT não é surpresa nenhuma.

Naturalmente há que se defender a liberdade da Globo em manter seu canal orientado da forma que achar melhor. Não é esse o caso.

Contudo, ao mesmo tempo se pode observar duas coisas muito importantes: primeiro que, apesar das ofensas contundentes, o humorista não aponta uma única crítica real ao governo. Sua fala é apenas uma coleção de frases feitas, que são repetidas ininterruptamente por inúmeras pessoas naquele programa, sem nenhum conteúdo crítico prático.

Em segundo lugar, olhando atentamente, tem-se a sensação de que Marcelo Madureira está um pouco aéreo, fora de si. Talvez sob efeito de algum medicamento, ou coisa parecida. Não parece mesmo saber exatamente o que está fazendo.

Ou então é impressão minha.

Deve ser por isso que, segundo o Blog do Nassil (leia aqui) tanto nas reprises quanto no site oficial do canal GNT a fala do "Casseta" foi cortada.

Já tenho temido os caminhos a que as relações entre esta Imprensa e este Governo nos levará.

Tomara que todos tenham mais juízo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

É fácil escolher agora

Segundo Turno.

Dava para prever, e eu mesmo comentei sobre isso (aqui) frente à pressão da Mídia, cujo poder vem sendo gradativamente minado, mas ainda não foi totalmente vencido. Provavelmente jamais o será.

Também por conta de certa soberba por parte da direção de campanha de Dilma Roussef, que subestimou a força dos adversários, os de dentro e os de fora do jogo, bem como a capacidade de seus “aloprados” meterem os pés pelas mãos.

Mas pessoalmente sinto que a maior fraqueza, ou falta de força, que o PT mostrou nessas eleições foi sua militância. Hoje a militância não é sombra do que foi outrora.

Em nome da governabilidade o PT fez uma série de alianças com grupos muito pouco afinados com a então história do partido, a se ver o PP, onde se abriga Paulo Maluf, ser hoje aliado do governo Lula. A governabilidade também fez o PT ir além, de encontro a um tanto de suas próprias lutas: reforma da previdência tirando direitos dos trabalhadores, intervenção da executiva nacional nas executivas regionais, privatização de rodovias e aeroportos, etc. Não é mais o mesmo PT. Bônus: a governabilidade. Ônus: não tem mais a mesma militância.

E esta fez falta ontem.

A disputa fica mais uma vez entre o PT e seus aliados, alguns dos quais merecem desconfiança geral, versus PSDB e seus aliados, muitos dos quais merecem desconfiança geral. É a disputa entre dois projetos, ambos já experimentados no Brasil. Pessoalmente não gosto muito do projeto do PT, que deveria ser mais ousado, avançar mais. Mas efetivamente gosto menos ainda do projeto do PSDB.

Apesar dos avanços com o Plano Real, bem como algumas mini-reformas necessárias, a gestão PSDB/PFL (hoje DEM) ficou restrita a isso. Não houve nenhum avanço para o Brasil que pulou da 8ª para a 14ª posição no ranking das economias globais durante os anos de gestão tucana.

Época das privatizações mal explicadas e mal conduzidas. Época da PetrobraX, uma tentativa quase infantil de descaracterizar uma marca para posterior venda, aquela que hoje é a segunda maior petrolífera do mundo, potencialmente. Época do salário mínimo de 70 dólares, que mal dava para uma cesta básica. Época em que o Brasil era tão respeitado que um Ministro de Estado tirou os sapatos para ser revistado ao entrar nos Estados Unidos. Época de desemprego rondando os 10%, às vezes 15%. Época de crescimento abaixo de 3%. Época dos juros de até 48%. Época do Apagão, e de nenhum investimento em rodovia, energia ou qualquer tipo de infra-estrutura. Época de programas sociais pífios e sem alcance. Época de Universidades Federais sucateadas. Época sem aumentos para o funcionalismo. Época do Estado sem concursos, sem investimentos. Época em que o Estado Brasileiro praticamente inexistia.

Confrontar isso com a gestão do PT é fácil, e o resultado é uma sonora diferença da água para o vinho. É ver o salário mínimo passando de 200 dólares, comprando quase três cestas básicas. É a economia avançando, com o Brasil ocupando cada vez mais destaque e respeito internacional. São programas sociais fundamentais (com os quais tenho discordâncias, mas sem que lhes diminua a importância) para a elevação do nível de renda da população. São investimentos em infra-estrutura: rodovia, ferrovia, portos, aeroportos, energia, comunicações, etc. em patamares jamais alcançados antes. É o Brasil que, pela primeira vez, começa a deixar de ser o “País do Futuro”, como sempre se ouviu. Apesar de todos os percalços, hoje temos cada vez mais um Brasil do Presente. Dos estudantes, dos trabalhadores, dos professores, dos agricultores. Um Brasil que não se envergonha de assumir que precisa de políticas sociais para a população carente, mas que se orgulha dos resultados destas políticas.

Claro que há problemas de corrupção. De malversação do erário. Este, entre muitos, é mais um dos males que a gestão do PT não atacou, e evidentemente isso deve ser denunciado e cobrado.

Mas ou muito me falha a memória ou o escândalo do SIVAM, aconteceu na gestão do PSDB/PFL. Também a CPI dos Bancos, que foi legitimamente engavetada pelo então Procurador da República, não é lá uma página que deixe orgulhosos os tucanos. E há mais, muito mais: as denúncias de propinas para a privatização, os supostos 200 mil reais por deputados para aprovar a emenda da reeleição, as ligações entre Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do BNDES, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do banco Opportunity na privatização das Telecomunicações, a desvalorização do Real, já que para FHC se reeleger em 1998, o seu governo manteve a quase paridade entre o real e o dólar até passar o pleito. Tudo isso para que, depois, se descobrisse o nome de vários bancos que lucraram muito com a mudança cambial, enquanto a economia do Brasil ficava literalmente na bancarrota.

A lista é imensa, e pode ser conferida pelos que não tenham boa memória, ou não eram atentos à política naqueles anos. (leia aqui).

Questionar o apoio do governo do PT ao presidente da Venezuela, Equador, Bolívia, Honduras, todos democraticamente eleitos é possível? Sim. Mas é estranho quando as críticas partem dos mesmos que se aliaram a elementos verdadeiramente sombrios da História recente da América do Sul, como Fujimori, Menem e Cia. a fim de descaracterizar o Mercosul em total subserviência aos interesses dos Estados Unidos e da Europa.

Há uma lista enorme de motivos, pode-se até os continuar elencando. Fato porém é que, nesse segundo turno, no que pese o fato de nenhum dos dois candidatos ser pessoalmente o de minha preferência, há uma clara diferença entre um projeto que não é o ideal, mas traz avanços, e outro projeto que sempre se revelou lamentavelmente abaixo das expectativas e das possibilidades do Brasil.

É fácil escolher agora.