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domingo, 30 de maio de 2010

Ficou Barato

Mike Conway teve muita sorte. Mas Ryan Hunter-Reay é quem realmente podia ter morrido. Pois o carro de Conway passou a milímetros da cabeça dele.

Automobilismo é fascinante. Mas é absolutamente perigoso. Pilotos estão driblando a morte com seus volantes a cada curva, a cada ultrapassagem, a cada freada.



Conway está no hospital, com uma fratura na perna. Hunter-Reay está em casa descansando do susto.

Um final e tanto para as 500 milhas de Indianápolis deste ano.

Ah! E os parabéns a Dario Franchitti, que pela segunda vez prova o doce sabor lácteo de vencer a corrida de automóveis mais tradicional do Planeta.

O Ocaso dos Meninos

Que lindo era de se ver os Meninos da Vila. Eu também fiquei maravilhado com as jogadas impressionantes de Ganso e com a habilidade estupenda de Neymar. Entendi que eles sobraram no campeonato paulista, dando de sobra o que todo mundo mais gosta de ver: a qualidade técnica, o Belo do futebol.

Mas Dunga não convocou Neymar. E Ganso, apenas para uma reserva dos reservas, de improvável utilidade. E muita gente achou que Dunga era coerente, enquanto outros acharam que ele era um estúpido.

Eu, por mim, achei que Dunga desconfiava da efemeridade dos Meninos da Vila.

Os Meninos que levaram 4 do Corinthians hoje.

Os Meninos da Vila já não estão mais encantando a todos com tanta freqüência. E isso nos permite ver deficiências que ficavam escondidas. O Santos, sem o imponderável desequilíbrio proporcionado por seus Meninos, não é um time forte.

Aí reside uma convicção que eu, muito particularmente, mantenho há muitos anos, apesar de sempre me por alvo de pilhérias e desconfianças.

É triste reconhecer, mas o fato é que não é possível se suportar na vistosidade para se vencer no Futebol. E a busca pela Vitória é o corolário de qualquer Esporte. É precisamente para vencer que os esportistas se esmeram.

Claro que ter Neymar e Ganso, na forma que os dois estavam nos meses de Fevereiro, Março e Abril, é bom para qualquer equipe. Seria tolice discordar disso, a se ver o impressionante massacre que os Meninos proporcionaram a todos os adversários.

Mas ocorre que, infelizmente, essa fase excelente costuma ser muito curta. Exceções de gênios como Maradona, Zico, Zidane. Infelizmente não há jogadores com essa qualidade brotando todos os dias. Nem na Argentina, nem no Brasil, nem na França, nem em qualquer lugar do Planeta.

Quem vir as últimas partidas de Neymar e Ganso, por exemplo, constata facilmente que eles não estão mais desmontando os adversários. Nesse sentido, caso os Meninos continuem caindo de produção como nas últimas partidas, é forçoso reconhecer que Dunga tinha razão.

E o Santos, outrora imbatível, agora mostra-se um time com uma defesa frágil, coisa que ficava escondida com o poderio, agora bastante minado, de seu ataque. No caso, muito provável a se ver a evolução dos Meninos, de o ataque não voltar a funcionar como antes, o Santos de imbatível cai para mero coadjuvante do campeonato brasileiro.

Equipes como o Corinthians e o São Paulo, apesar de, neste 2010, jamais terem mostrado a vistosidade dos Meninos, parecem muito mais preparadas para caminhar consistentemente no decorrer do certame.

O Santos destruiu tudo o que encontrou pela frente no campeonato Paulista e provavelmente vai vencer a Copa do Brasil, já que (muito infeliz e dolorosamente tenho que reconhecer) o Vitória não deve opor resistência suficiente. Dois títulos, resultantes de 3 meses e meio de genialidade. Mas o decorrer da temporada promete ser bem mais difícil para o Peixe, que cometeu o erro estratégico de apostar na encantadora Beleza do futebol dos Meninos da Vila.

Porque a beleza é efêmera, já dizem os poetas. E os esportistas não vivem de beleza.

Vivem de Vitórias.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Fogo Amigo

Tem um pequeno, embora barulhento, grupo de pessoas em Ilhéus que não quer a vinda do Complexo Intermodal. Tem lá suas razões, das quais discordo, mas respeito. Perderam o debate regional e perderam qualquer chance de apoio concreto na região.

Trataram de lutar em outras trincheiras: justiça, opinião pública nacional, parlamento Federal.

Mas talvez recebam uma ajuda de onde menos se espera: do próprio Governo Federal.

Com efeito, o principal planejador do Complexo Intermodal é também um dos que contribui, com trapalhadas dignas de um Pastelão, para que o Projeto não saia do Papel.

Pois uma parte relevante do Projeto, a FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), cuja licitação foi anunciada com toda a pompa pelo Governador e pelo Próprio Presidente Lula, insiste em voltar para ser re-feita, com recorrentes erros de direito e de forma (leia aqui).

Talvez já fosse o caso de a ferrovia já estar sendo colocada no chão, andando o Projeto, mostrando que não haverá danos dramáticos ao meio ambiente, tampouco às comunidades.

Mas a pressa em fazer um evento presidencial, e do Governador em melhorar sua imagem no Sul da Bahia, que está muito justamente arranhada haja vista os parcos lapsos de atenção que esta região recebeu do Palácio de Ondina, atropelou todo o processo, deixando-o eivado de erros que, muito bem preparados com seu batalhão de advogados, os contrários ao Projeto não deixam passar.

Já dizia a minha avó que a pressa é inimiga da perfeição. E já dizia meu avô que se pode confiar mais nos inimigos - de quem sabemos o que esperar - do que nos amigos, que podem nos surpreender a qualquer momento.

Ilhéus quer o Projeto, a Bahia quer o Projeto, o Brasil quer o Projeto. Já estão blindados contra os torpedos vindos do lado dos que são contra. Mas não há como se defender das bobagens feitas pelo próprio grupo.

Não há blindagem para o Fogo Amigo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Última Batalha

O Presidente Lula, e sua ministra-candidata Dilma Roussef estão entre os idealizadores do Complexo Intermodal. Entendem, ao que parece, que este equipamento terá importância estratégica para o País, além de promover algum desenvolvimento econômico regional, este que tem sido um dos melhores legados do mandato do PT: o Brasil está vendo o Nordeste e o Norte se desenvolverem mais do que a média nacional, o que mostra um deslocamento do eixo Rio-São Paulo-Minas. Parece que pela primeira vez está se vendo que o Brasil é mais do que o Sudeste e o Sul.

O modelo é (mais) um sucesso da gestão do presidente Lula. Tanto que o candidato de oposição, José Serra, já manifestou sua concordância e já declarou que uma vocação natural do estado da Bahia é a navegação. E planeja incluir fortemente o estado no plano nacional de Portos. Uma constatação óbvia, sendo a Bahia o estado com maior costa Atlântica em todo o país.

Dos principais candidatos à presidência, apenas Marina Silva ainda não se manifestou favorável ao Complexo Intermodal. Mas é importante lembrar que ela era Ministra do Governo quando o projeto foi gestado. Além disso, pessoalmente não creio que ela se posicionará contra o projeto, arriscando a sua candidatura e a candidatura de seus aliados a colher uma votação incipiente na região.

A mesma análise vale para os candidatos ao Governo Estadual, onde Geddel Lima, Paulo Souto e, evidentemente, Jacques Wagner também já se posicionam favoráveis ao projeto.

Tudo isto posto, é forçoso imaginar que a próxima gestão presidencial e estadual, independentemente do vencedor no pleito de Outubro, deverá apoiar e continuar avançando o Projeto do Complexo Intermodal.

Junte-se a isso o fato de a opinião pública regional ser francamente favorável ao Projeto, e não poderia ser diferente haja vista que as alternativas ao complexo são a manutenção do empobrecimento crescente da região. Então, temos um cenário em que esta pouco aos partidários do movimento “Porto Sul Não”.

De fato, perderam o debate regional. Flagrantemente. Até com exageros, que precisam ser condenados, as pessoas de Ilhéus deixam isto bastante evidente.

Da mesma forma, não encontrarão apoio nas administrações Estadual e Federal, a se manterem os cenários políticos atuais.

Onde residirá a luta, então? Nesse sentido uma entrevista do Prof. Rui Rocha, da ONG Floresta Viva, concedida ao Blog do Gusmão (leia aqui) é muito esclarecedora.

Para ele a luta se decidirá na Justiça.

O que não significa que a luta se restringirá aos tribunais.

Um exército de excelentes advogados, que custam muito dinheiro, estará posicionado de um lado e do outro. Isso será bom para desmascarar um pouco os grandes grupos empresariais que tem interesse de parte a parte. Acho que já é mais do que passada a hora de eles mostrarem o rosto. Mas isso não será tudo.

Pois juizes são convencidos por muitos fatores. E muitas pressões. A eles cabe interpretar as leis e a interpretação é, por excelência, um exercício da Consciência. Ocorre que a consciência de qualquer ser humano é suscetível às impressões que são colhidas.

Reportagens, manifestos, abaixo-assinados, tudo isso conta. Tudo isso pode influenciar os juízes. O grupo “Porto Sul Não” já percebeu isso.

Estão preparando o terreno para a disputa. Posicionando-se na mídia, e em rede com outros grupos pelo país inteiro. Esta pode ser a última trincheira, pois todas as demais já lhes foram tomadas.

Só que pode ser a trincheira decisiva.

Não sou dado a conselhos abelhudos. Mas fico me perguntando se o Grupo dos Favoráveis (entre os quais eu modestamente me incluo, embora não seja um militante) já percebeu esta sutileza e já começou a se mover para disputar esta última trincheira. Cobrar compromissos públicos de pré-candidatos é um bom começo. Apresentar, na Rede Globo ou em outra emissora de alcance nacional, a visão da comunidade da região, denunciando a pobreza extrema que se perpetua com o modelo econômico defendido pelos partidários do “Porto Sul Não”. Enfim, ocupar espaços. Imprensa, Política, Internet.

Pois, conforme a sabedoria de Gengis Khan já ensinava, é a última batalha que decide a guerra.

sábado, 22 de maio de 2010

Cecília Meireles

"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

(Romanceiro da Inconfidência)

Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides. Escreveria mais tarde:

"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.

(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.

(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."

Conclui seus primeiros estudos — curso primário — em 1910, na Escola Estácio de Sá, ocasião em que recebe de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro, medalha de ouro por ter feito todo o curso com "distinção e louvor". Diplomando-se no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 1917, passa a exercer o magistério primário em escolas oficiais do antigo Distrito Federal.

Dois anos depois, em 1919, publica seu primeiro livro de poesias, "Espectro". Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos Poemas", em 1923, e "Baladas para El-Rei, em 1925.

Casa-se, em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem tem três filhas: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, esta última artista teatral consagrada. Suas filhas lhe dão cinco netos.

Sua poesia, traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner, foi assim julgada pelo crítico Paulo Rónai:

"Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo..." A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea.

Deleite de final de semana
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Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Complexo Intermodal: trincheiras e batalhas

A luta entre os que são favoráveis e os que são contrários ao Complexo Intermodal ganha novos capítulos a cada dia.

De um lado os favoráveis ao projeto evidenciam que, na cidade de Ilhéus e região, o entendimento geral é que o projeto pode permitir uma recuperação econômica e social para a falida região ex-cacaueira. Uma forte evidência da aceitação ao projeto foi a reunião realizada no Auditório da Justiça Federal em Ilhéus (leia aqui). De fato, o Complexo Intermodal é uma alternativa de diversificação econômica, com o aporte de investimentos vultosos, previsões otimistas de geração de emprego e renda, uma verdadeira alavanca de progresso econômico e social. Isso esvazia totalmente o discurso dos que são contrários ao Complexo, pois o que eles propõem para a região é basicamente a manutenção da estrutura baseada no binômio cacau-turismo, que jamais promoveu significativo desenvolvimento social e simplesmente não é capaz de manter a mínima sustentabilidade econômica para a região.

Mas, do outro lado, os contrários ao projeto não estão vencidos. Muito pelo contrário. Suas armas são poderosas. Como sempre, e parece que isso se tornará cada vez mais constante, eles conseguem espaço na grande mídia nacional – a poderosa Rede Globo (leia aqui) – apresentando ao Brasil inteiro a sua versão dos fatos, contando com uma injustificável parcialidade da emissora, que desrespeita as regras éticas básicas do jornalismo ao conceder a um dos lados um espaço muito superior ao outro.

E nesse jogo de Xadrez parece que os contrários estão com uma percepção mais apurada do momento da contenda.

Eles perceberam que o convencimento e a argumentação são batalhas perdidas. As pessoas olham para sua própria realidade, bem como as perspectivas futuras, e imaginam se desejam manter as coisas como estão ou aspiram uma mudança no Leme.

Fica fácil escolher.

A imagem das pessoas e das organizações que ainda são contrárias ao Projeto junto à opinião pública está bastante arranhada, para dizer o mínimo. Definitivamente a região quer o Complexo Intermodal. Esta trincheira, a do debate, já tem dono.

Ocorre que, apesar de francamente favorável ao Projeto, a opinião pública da região não é decisiva. E o grupo dos que são contrários ao Projeto já mostrou que ali não tem nenhum ingênuo. Dessa forma, perceberam que a próxima disputa se dará na esfera da opinião pública nacional, bem como no tapetão da Justiça.

E estão bastante adiantados a ocupar esses espaços, como ficou evidente ao entregarem à Ministra do meio Ambiente uma lista de “entidades” contrárias ao Complexo Intermodal, composta em sua maioria de entidades de fora da região (leia aqui), e conseguir transformar isso em notícia. Tratam de fazer uma coalizão por todo o país de organizações, entidades, etc., a fim de ganhar a opinião pública nacional, via Rede Globo. Ao mesmo tempo, tratam de abrir espaço no Ministério do Meio Ambiente para futuras interpelações, jurídicas inclusive, no intuito de estagnar ou interromper o processo.

A tentativa é impor de cima para baixo, esmagando o interesse fartamente manifestado de toda a região, a derrocada do Projeto, e com ele a esperança das pessoas por dias melhores. Dessa forma, se o grupo favorável ao Complexo Intermodal não se mover rápido para oferecer a devida resistência, pode ser surpreendido com uma derrota inesperada.

A derrota da Esperança.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Maradona 94

Eu tenho muito respeito pela conquista da Seleção Brasileira de 1994. Ao contrário de muitos, eu não acho que aquela seleção era feita de “cabeças de bagre”. Não acho que Dunga tenha sido perna de pau. Pelo contrário. Era um dos melhores desarmadores e dono de um dos melhores passes que eu já vi. Aquela seleção tinha Jorginho e Leonardo (depois Branco) nas laterais. Jorginho era espetacular. Leonardo e Branco eram excelentes. Tinha uma defesa bem compacta e o melhor goleiro que o Brasil já teve, Tafarel, na época em grande fase. E tinha Bebeto. E tinha Romário, que dispensa comentários.

A derrota de 1990 é que pesava nos ombros daqueles jogadores. Principalmente de Dunga. Mas eles resistiram bem à pressão e conquistaram o título com méritos. Apesar de não ser um futebol vistoso nem brilhante, estava entre o que de melhor havia no mundo naquela Copa. Pelo menos depois que Maradona foi afastado por uso de substância proibida.

Porque, sinceramente, se Maradona permanecesse jogando, dificilmente alguém pararia aquela Argentina.

Para quem duvida, e aprecia o bom futebol (mas tem que ter espírito esportivo!), segue um excelente exemplo.

Aliás, alguns. Todos de 1993/1994. Para se ter uma ideia do que esperava os adversários da Argentina naquele ano. Com Maradona na Copa, a Argentina Sapecou 4 a 0 na Grécia, e bateu a Nigéria por 2 a 1. Sem ele, perdeu para a Bulgária por 2 a 0, passando às oitavas de final em terceiro de seu grupo, mas sendo novamente derrotada pela Romênia por 3 a 2.

Notem que não se mostra apenas três ou quatro “momentos mágicos” de cada partida, como se costuma fazer às vezes, dando uma impressão errônea de certos jogadores e de certas equipes.







domingo, 16 de maio de 2010

Diplomacia de Lula

Como presidente, afrontado pelos governos da Venezuela e da Bolívia, achincalhado pela imprensa e pela oposição, escolheu o diálogo.

E agora, ao que parece, desatou um nó que preocupava todo o mundo: o beneficiamento de urânio por parte do governo do Irã.

Direto da Folha (leia aqui).

"
Irã, Turquia e Brasil chegam a acordo, diz chanceler turco

da Reuters
colaboração para a Folha

O ministro de Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse neste domingo que foi alcançado um acordo entre Irã, Turquia e Brasil sobre a troca de combustíveis nucleares, decisão que pode por fim à disputa com o Ocidente sobre o programa nuclear do Irã. Quando questionado por jornalistas em Teerã se haveria um acordo sobre a troca de combustível, ele respondeu: 'Sim, isso foi alcançado após quase 18 horas de negociações'.

Segundo o chanceler turco, o anúncio oficial pode ser feito na segunda-feira pela manhã, após revisão pelos presidentes brasileiro e iraniano e o primeiro-ministro turco, que chegou à capital iraniana neste domingo.

Os presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, falaram neste domingo em entrevista coletiva sobre o interesse de incrementar as relações comerciais entre seus países. Porém, eles não tocaram na questão nuclear, ponto central do encontro, como já havia acontecido mais cedo, na nota oficial divulgada no site do governo iraniano.

Os EUA e alguns de seus aliados acusam o Irã de desenvolver um programa nuclear com fins militares, mas Teerã defende que a finalidade é pacífica e se recusa a negociar. Os EUA pressionam por uma quarta rodada de sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o país do Oriente Médio.

Segundo o site da TV iraniana Alallam, os chanceleres de Irã, Turquia e Brasil mantiveram um encontro trilateral neste domingo para discutir, entre outros assuntos, a troca de urânio iraniano.

O porta-voz da chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast, tinha dito que Teerã chegou a um acordo sobre a quantidade de urânio a ser trocada e a modalidade da troca --simultaneamente ou em lotes--, informa a Alallam. 'Há um acordo sobre o momento e o volume de combustível a ser trocado', disse ele. 'Mas ainda falta decidir o local e, se houver garantias concretas, o Irã está disposto a negociar.'

Proposta

A proposta de Brasil e Turquia era pressionar os líderes iranianos a rever uma proposta sob a qual o Irã enviaria urânio baixamente enriquecido a outro país e, em retorno, receberia urânio altamente enriquecido -- um plano que fracassou em outubro do ano passado.

Um acordo apresentado pela ONU em outubro oferecia ao Irã que enviasse 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento --o suficiente para a fabricação de uma bomba se enriquecido no patamar necessário-- para a França e para a Rússia, onde seria convertido em combustível para um reator de pesquisas em Teerã.

O Irã afirmou na época que só trocaria o seu material por urânio em níveis maiores de enriquecimento e somente no seu próprio território, condições que as outras partes envolvidas no acordo consideraram inaceitáveis.

O acordo foi interrompido na época. O Brasil e a Turquia, ambos membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), ofereceram-se para mediar as negociações e tentar convencer o Irã a rever a oferta.

Os Estados Unidos e países aliados estão em negociação para impor uma quarta rodada de sanções da ONU ao Irã. Washington acusa Teerã de tentar ganhar tempo ao aceitar a proposta de mediação de Lula.

O Brasil já apresentou uma proposta segundo a qual o Irã trocaria urânio pouco enriquecido por combustível nuclear na Turquia, país que tem estreitos laços tanto com Ocidente como com o Oriente Médio. O Irã enviaria urânio ao exterior e o receberia de volta enriquecido a 20%, nível suficiente para fins pacíficos.

Segundo a imprensa iraniana, Ahmadinejad tinha dito que aceitava 'em princípio' a proposta de Lula durante uma conversa telefônica com o líder venezuelano, Hugo Chávez.

Viagem surpresa

O primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan viajou a Teerã neste domingo para se reunir com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e com o líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

'Estou indo ao Irã porque uma cláusula será acrescentada ao acordo que diz que a troca será feita na Turquia', disse o premiê. 'Teremos a oportunidade de começar o processo em relação à troca', disse Erdogan. 'Eu garanto que encontraremos a oportunidade para superar esses problemas, se Deus quiser.'

Roda de apostas

Durante visita oficial à Rússia, em entrevista concedida no Kremlin, Lula disse que há 99% de chances conquistar um acordo com o Irã durante sua passagem pelo país. Ao seu lado, o presidente russo, Dmitri Medvedev, não foi tão otimista: afirmou que as chances são de 30%.

'Se não chegarmos a um acordo, volto para casa feliz, porque ao menos não fui negligente', disse o presidente.

Considerado um carismático negociador, Lula conta com o apoio da França, Turquia e da Rússia, ainda que comedido, mas os EUA já advertiram que o Irã não leva o encontro a 'sério'.

Para a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, Lula enfrenta uma 'montanha a ser escalada' para tentar persuadir o Irã a limitar suas ambições nucleares.

'Eu disse a meus colegas em muitas capitais do mundo que eu acredito que não teremos nenhuma resposta séria dos iranianos até que o Conselho de Segurança aja', disse ela, referindo-se aos esforços liderados pelos EUA para a imposição de uma quarta rodada de sanções da ONU contra o Irã.

O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, P.J. Crowley, disse que se o Irã não mudar seu comportamento após a visita de Lula, o país deverá pagar o preço.

'Neste ponto acreditamos que deverá haver consequências por um fracasso em responder', disse Crowley. "

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A Voz do Vilela

Pouco tenho visto comentários a respeito da manifestação que aconteceu ontem no bairro Teotônio Vilela.


Manifestação no Bairro Teotônio Vilela

Os moradores interromperam o tráfego na BR 415 para protestar contra a morte de uma garotinha de 6 anos, que acabou ficando no meio de um tiroteio entre gangues pelo domínio do tráfico de drogas no local.

Vítima inocente de uma guerra que não era sua. Que ela, provavelmente não sabia nem que existia. E ainda era incapaz de entender.

Pessoalmente eu apoio totalmente manifestações dessa natureza. E não aceito o argumento de que “eles podem se manifestar, desde que não incomodem os outros”.

Muito pelo contrário.

Tem que incomodar, sim. Tem que fazer a cidade inteira sentir um pouco de incômodo, para evidenciar a dor de toda aquela comunidade.

A dor, aliás, que deveria ser de toda esta pobre, e a cada dia mais pobre, ex-capital do Cacau. Mas essa lição de solidariedade as elites de Ilhéus ainda estão aprendendo.

Para alguns, parece que o problema não é de todos. É só do Teotônio Vilela. Infelizmente para essa parte da elite, não é assim. O problema não é exclusivo do Vilela. A manifestação dos moradores daquele bairro é o menor dos problemas que se avizinham de Ilhéus.

Porque a pressão social, resultante entre outras coisas do modelo de desenvolvimento falido baseado unicamente no Turismo e na Lavoura Cacaueira, só tende a se agravar, como vem se agravando nos últimos anos. Quem matou aquela criança foi um traficante, mas o tráfico, e a consequente guerra de traficantes, é um sintoma da pobreza.

Pobreza que pode até não ter chegado às elites, aos empresários do Turismo, aos fazendeiros de Cacau. Ainda. Ocorre que é apenas uma questão de tempo.

Pois a mazelas decorrentes da pobreza crescente, da falência econômica e da insistência das elites em reproduzir os mesmos modelos que não sustentam mais a economia da cidade não estão circunscritos a localidades como o Vilela e N. Sra. Da Vitória. Os estudos sociológicos são conclusivos a esse respeito: a malha social não resiste muito tempo à pobreza extrema. As pessoas buscarão alternativas para viver. E frente à quase absoluta estagnação econômica da cidade, os caminhos que restam são, a cada dia mais, os da informalidade, da mendicância ou – o mais promissor do ponto de vista financeiro – o crime.

Essas são três atividades que não param de crescer na cidade. Muito sintomático.

O crime organizado é a atividade que mais se desenvolve em comunidades pobres. Ilhéus está se inchando de comunidades assim. Isso pode ser uma bomba relógio.

São evidências de um modelo falido. Que a cidade está entendendo que precisa superar, embora parte de sua elite insista em reproduzi-lo, sabotando qualquer tentativa de mudança. São verdadeiros sabotadores do Futuro.

Parafraseando a frase (supostamente) de Getúlio Vargas: ou Ilhéus acaba com os sabotadores ou os sabotadores acabam com Ilhéus.

terça-feira, 11 de maio de 2010

O Paradoxo das Motos

Estou meio impossibilitado de escrever textos por esses dias. Por uma série de motivos. Entre eles a insistência da Oi em não me disponibilizar uma mísera conexão Velox, há quase um mês atrasada. Tenho me virado como posso, mas infelizmente estou mais desconectado do que jamais desde que comecei com esta brincadeira de escrever.

Mas muni-me de paciência, e vou peregrinar com meu Lap Top por tantos lugares quantos forem necessários para matar a saudade. Um novo texto.

Hoje estava no meio do engarrafamento matinal (tem um outro na hora do almoço e o último no final do expediente) da Ponte do Pontal. Sem perspectivas de mover meu automóvel, e vendo os demais condutores frustrados, pensei em ligar um som e relaxar. Mas meu carro não tem som.

Aí comecei a divagar. Pensei como faria diferença para a cidade ter a nova Ponte. Aquela que já foi prometida tantas vezes e jamais realizada. Aquela que os ambientalistas garantem que provocará o fim de todos os ecossistemas quando for construída, e que, eles garantem, por isso mesmo não será.

Aí dei-me conta da inutilidade de meus pensamentos. Não há solução, exceto a velha “Nova Ponte”. E, depois de conseguir avançar mais uma dezena de metros, voltei meu olhar em busca de mais motivos de divagações.

Motocicletas.

Elas passavam ágeis, nem sempre com o devido cuidado, e iam embora. Quase indiferentes ao trânsito. Confesso que deu-me uma vontade de preconceito. Um desejo de que elas fossem proibidas, que parassem de derramar sua diligência sobre minha inércia. Era inveja o que eu sentia. Eu sei. Não só pela facilidade inerente de lidar com o trânsito cada vez mais impraticável das cidades como pelo prazer que é conduzir uma motocicleta ao ar livre, sentindo o vento no corpo, curtindo as paisagens. A gente anda de carro. De motocicleta, passeamos.

E pensei no paradoxo que aquela pequena máquina motorizada de duas rodas traz aos planejadores urbanos. Pois vejam se não é paradoxal.

Por um lado, com a melhoria da renda dos brasileiros e dos níveis de consumo, a quantidade de veículos – motocicletas inclusive – explodiu. E na mesma proporção explodiram o número de ocorrências, acidentes, vítimas feridas e fatais. Principalmente entre os motociclistas, por motivos óbvios: o veículo não proporciona proteção suficiente (na verdade quase que proteção nenhuma) e os usuários do trânsito não são especialmente cuidadosos nem precavidos.

E aí dá vontade de tornar a motocicleta um item proibido de ser vendido. Esquecendo, muito convenientemente, que a culpa não é das motos. É dos motociclistas. E dos motoristas e dos pedestres também.

Por outro lado, considerando que consome 1 litro de combustível a cada 25 quilômetros (as menos econômicas entre as populares), a Motocicleta se apresenta como heroína do meio ambiente – muito menos combustível fóssil queimado para realizar o mesmo trabalho – e da economia – muito mais trabalho realizado para cada Real investido.

Além disso, as motocicletas são muito mais ágeis, ocupam menos espaço nas ruas, são mais simples de estacionar e manobrar. Parecem, a cada dia mais, serem a solução perfeita para o tráfego cada dia mais complexo das cidades.

Assim estabeleci esse paradoxo motociclístico. Não podemos mais admitir as motocicletas. Mas não podemos mesmo é viver sem elas. Aliás, precisamos delas cada vez mais. Retirem as motos das cidades e vejam o que acontece com encomendas sem motobóis, transporte de pessoas sem moto-taxi, e o próprio trânsito com todas essas pessoas passando a usar veículos maiores ou o transporte público. A parte engenheira de meu cérebro começou, eu acho, a tentar conciliar esse paradoxo.

Mas não deu tempo, porque eu finalmente cheguei na Ponte, a Velha, e o trânsito voltou a fluir.

sábado, 8 de maio de 2010

O Brasil pode Mais

Eu não tenho muita disposição para defender o presidente Lula ou seu partido. Mas tenho menos disposição ainda para esquecer as mazelas do passado.

Agora escuto um bordão de campanha: o Brasil pode mais.

É verdade. O brasil realmente pode mais. Só que o Brasil sempre pôde mais. Apenas teve que esperar anos sem realizar. Anos em que, aliás, destruiu-se muito do que foi realizado pelas gerações anteriores: Telebrás, Eletrobrás, Petrobrás (sucateada), Universidades Públicas, etc.

O atual governo, no que pese todas as acusações de corrupção e uma série de críticas de gestão, apostou um pouco mais nisso: no Brasil. Apostou que o Brasil pode mais, mas sendo dos brasileiros. Apostou que não precisamos entregar tudo ao capital internacional para poder um pouco. Afinal, nós sabemos que eles podem muito. Mas nós podemos também.

Uma das inúmeras realizações é a recuperação da indústria naval em Pernambuco: a pedido da Petrobrás o estaleiro instalado no Porto de Suape produziu e entregou um mega-petroleiro 100% nacional. Para isso desenvolveu-se uma estrutura muito grande, mas contornou-se os danos ambientais e gerou muito emprego qualificado e geração de renda na região.



O que, aliás, reforça a tese de que os temores a respeito do Porto de Ilhéus são totalmente infundados. O Porto não destruirá a Natureza. Não gerará favelas. Não impedirá as atividades regionais (pelo contrário). Tudo isso depende da gestão.

Desenvolvendo a tecnologia nacional, empregando pessoas no Brasil. Isso, sim, é poder mais.

Tomara que escolhamos sempre certo.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sufoco!

Ontem eu estava indo para casa sem maiores pretenções.

Ontem eu vi que no Bar do Jorge, na Av. Caavieiras, exibe-se jogos do Vitória na Copa Do Brasil.

Ontem eu virei freguês do bar.

Mas ontem eu tive certeza que não tenho nenhum problema cardíaco. Se tivesse, certamente não estaria hoje aqui escrevendo.

Se não fossem Todos os Santos atazanando os jogadores do Vasco da Gama (que, para minha satisfação pessoal parece ter abandonado a camisa estilo ataúde - leia aqui), abençoando o goleiro Viáfara e confundindo o cérebro do árbitro (não creio que tenha sido por desonestidade que ele poupou Viáfara no lance do Pénalti vascaíno), a história seria outra. Bem mais triste.

O Vitória se classificou, mas mostrou muitas fraquezas. Se não fossem esses santos todos, teríamos visto um vexame em São Januário.

E o Vasco da Gama fez jus ao amor de seus torcedores. Perdeu para as circunstâncias que, no futebol como em nenhum outro esporte, às vezes aparecem com sua crueldade.

Não gosto de bancar o pessimista, mas sinceramente estou vendo as coisas mal paradas para o rubro-negro baiano.

Em primeiro lugar, há uma Júnior-dependência que está se tornando crônica. E quando Júnior joga mal, ou está muito bem marcado, o ataque simplesmente não funciona.

Não sou purista, respeito as diversas maneiras de se fazer uma equipe de futebol jogar bem, mesmo as que fogem do tradicional modelo brasileiro que se baseia na habilidade e no poder ofensivo. Mas nao é possível ter esperanças num time sem meio-campo. E o meio-campo do Vitória quando Ramon se ausenta é precisamente isso: inexistente. Os marcadores são limitados e a criação é nula.

Mas o teste para cardíacos mesmo é a defesa. Não acertam um passe, erram frequentemente nas saídas de bola e são facilmente iludidos pelos atacantes adversários. Parecem zagueiros amadores.

Não sei não. Acho que teremos uma triste notícia no final do Campeonato Brasileiro. Esta pode ser a crônica de uma morte anunciada.

Tomara que seja só meu pessimismo desvairado.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Noam Chomsky

Chomsky nasceu na cidade da Filadélfia, no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos da América, filho de um estudioso do hebraico e professor, William Chomsky. Em 1945, começou a estudar Filosofia e Linguística na Universidade da Pensilvânia com Zellig Harris, professor com cuja visão política ele se identificou. Antes de receber seu doutoramento em Linguística pela Universidade da Pensilvânia em 1955, Chomsky realizou a maior parte de sua pesquisa nos quatro anos anteriores na Universidade de Harvard como pesquisador assistente. Na sua tese de Ph.D., um trabalho de mais de mil páginas, desenvolveu a sua abordagem original às ideias linguísticas, tendo um resumo sido publicado no seu livro de 1957 Syntactic Structures (Estruturas Sintácticas), numa editora holandesa, por recomendação de Roman Jakobson. A recensão crítica desta obra por Robert Lees teve um papel fundamental na sua divulgação e reconhecimento como trabalho revolucionário.

Depois de receber o doutoramento, Chomsky leciona no MIT há mais de 40 anos consecutivos, sendo nomeado para a "Cátedra de Línguas Modernas e Linguística Ferrari P. Ward". Durante esse período, Chomsky tornou-se publicamente muito empenhado no activismo político e, a partir de 1964, protesta activamente contra o envolvimento americano na Guerra do Vietname. Em 1969, publica o livro American Power and the New Mandarins (O Poder Americano e os Novos Mandarins), um livro de ensaios sobre essa guerra. Desde então Chomsky tornou-se mundialmente conhecido pelas suas idéias políticas, dando palestras por todo o mundo e publicando inúmeras obras. A sua ideologia política, classificada como socialismo libertário, rendeu inúmeros seguidores dentro do campo da "esquerda" mas também muitos detratores em todos os lados do espectro político. Durante este tempo, Chomsky continuou a pesquisar, a escrever e a ensinar, contribuindo regularmente com novas propostas teóricas que virtualmente definiram os problemas e questões centrais da investigação linguística nos útimos 50 anos.

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Chomsky é famoso por pesquisar vários tipos de linguagens formais procurando entender se poderiam ser capazes de capturar as propriedades-chave das línguas humanas. A hierarquia de Chomsky divide as gramáticas formais em classes com poder expressivo crescente, por exemplo, cada classe sucessiva pode gerar um conjunto mais amplo de linguagens formais que a classe imediatamente anterior. De maneira interessante, Chomsky argumenta que a modelagem de alguns aspectos de linguagem humana necessita de uma gramática formal mais complexa (complexidade medida pela hierarquia de Chomsky) que a modelagem de outros aspectos. Por exemplo, enquanto que uma linguagem regular é suficientemente poderosa para modelar a morfologia da língua inglesa, ela não é suficientemente poderosa para modelar a sintaxe da mesma. Além de ser relevante em linguística, a hierarquia de Chomsky também tornou-se importante em Ciência da Computação (especialmente na construção de compiladores) e na Teoria de Autômatos.

Seu trabalho seminal em fonologia foi The sound pattern of English, que publicou juntamente com Morris Halle. Este trabalho é considerado ultrapassado (embora tenha sido recentemente reimpresso). Chomsky não pesquisa nem publica mais na área de fonologia.

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Crítica da Ciência

Chomsky tem refutado fortemente o deconstrucionismo e as críticas do pós-modernismo à Ciência:

"Tenho passado muito tempo da minha vida a trabalhar em questões como estas, a utilizar os únicos métodos que conheço e que são condenados aqui como 'ciência', 'racionalidade', 'lógica' e assim por diante. Portanto, leio esses artigos com certa esperança de que eles me ajudassem a 'transcender' estas limitações, ou talvez me sugerissem um caminho inteiramente diferente. Temo ter me desapontado. Reconheço que isso pode se dever às minhas próprias limitações. Muito frequentemente meus olhos se esgazeam quando leio discursos polissilábicos de autores do pós-estruturalismo e do pós-modernismo. Penso que tais textos são, em grande parte, feitos de truísmos ou de erros, mas isso é apenas um pequeno pedaço dessa coisa toda. É verdade que há muitas outras coisas que eu não entendo: artigos nas edições atuais dos periódicos de Matemática e de Física, por exemplo. Mas existe uma diferença: neste último caso, eu sei como entendê-los, e tenho feito isto em casos de particular interesse para mim; e eu também sei que outras pessoas que trabalham nestes campos podem me explicar seu conteúdo em meu nível, de modo que possa obter uma compreensão (embora às vezes parcial) que me satisfaça. Em contraste, ninguém parece ser capaz de me explicar que o último artigo 'pós-isto-e-pós-aquilo' não seja (em sua maior parte) outra coisa que não truísmos, erros ou balbúcios, de maneira que eu não sei o que fazer para prosseguir com eles."

Chomsky nota que as críticas à "ciência masculina branca" são muito semelhantes aos ataques antissemitas e politicamente motivados contra a "Física judaica" usada pelos nazistas para minimizar a pesquisa feita pelos cientistas judeus durante o movimento Deustche Physik:

"De fato, por si só a ideia de uma 'ciência masculina branca' me lembra, eu temo, a ideia de uma "Física judaica". Talvez seja outra inaptidão minha, mas quando leio um artigo científico, eu não consigo dizer se o autor é branco ou se é homem. O mesmo é verdade para o problema do trabalho ser feito em sala de aula, no escritório, ou em qualquer outro lugar. Eu duvido que os estudantes não-masculinos, não-brancos, amigos e colegas com quem que trabalho não ficassem deveras impressionados com a doutrina de que seu pensamento e sua compreensão das coisas seria diferente da 'ciência masculina branca' por causa de sua 'cultura ou gênero ou raça'. Suspeito que 'surpresa' não seria bem a palavra adequada para a reação deles."

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Visão sobre o socialismo

Chomsky se opõe profundamente ao sistema de "capitalismo de estado da grande empresa" praticado pelos Estados Unidos da América e seus aliados. Ele apóia as idéias anarquistas (ou "socialistas libertários") de Mikhail Bakunin e exige liberdade econômica além do "controle da produção pelos próprios trabalhadores e não por proprietários e administradores que os governem e tomem todas as decisões".

Chomsky refere-se a isto como o "socialismo real" e descreve o socialismo no estilo soviético como semelhante, em termos de controle totalitário, ao capitalismo no estilo norte-americano. Ambos os sistemas se baseiam em tipos e níveis de controle mais do que em organização ou eficiência. Na defesa desta tese, Chomsky refere por vezes que a filosofia da administração científica proposta por Frederick Winslow Taylor foi a base organizacional para o maciço movimento de industrialização soviético e, ao mesmo tempo, o modelo de empresarial norte-americano.

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A visão sobre o terrorismo

Chomsky difere da abordagem convencional pelo fato de ver o Terrorismo de Estado como o problema mais predominante, em oposição ao terrorismo praticado por movimentos políticos marginais. Ele distingue claramente entre o ato de matar civis do ato de atacar pessoal militar e suas instalações. Ele demonstra daí que as causas, as razões e os objetivos não justificam atos de terrorismo. Para Chomsky, o terrorismo é objetivo, não relativo. Ele afirma: "Assassinato de civis inocentes é terrorismo, não guerra contra o terrorismo"

"Primeiro, temos o fato de que o terrorismo funciona. Ele não falha. Ele funciona. Violência geralmente funciona. Essa é a história do mundo. Em segundo lugar, é um erro de análise muito sério dizer, como comumente é dito, que o terrorismo é a arma dos fracos. Como outros meios de violência, ela é, surpreendentemente e principalmente, na verdade uma arma dos fortes. Tem-se como verdade que o terrorismo é principalmente uma arma dos fracos porque os fortes também controlam os sistemas doutrinários e estes afirmam que o terror dos fortes não conta como terror. Agora, isso está perto de ser universal. Eu não consigo achar uma exceção histórica, mesmo os piores assassinos em massa viam o mundo desta maneira. Veja o caso dos nazistas. Eles não estavam a realizar terror quando estavam ocupando a Europa. Eles estavam a proteger a população local do terrorismo dos partisans. E, à semelhança de outros movimentos de resistência, o que existia era terrorismo. E o que os nazistas estavam a praticar era o contra-terrorismo".

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Contribuições científicas

Linguística

Syntactic Structures foi uma destilação do livro Logical Structure of Linguistic Theory (1955) no qual Chomsky apresenta sua idéia da gramática gerativa. Ele apresentou sua teoria de que os "enunciados" ou "frases" das línguas naturais devem ser interpretados em dois tipos de representação distintas: as "estruturas superficiais" correspondendo à estrutura patente das frases, e as "estruturas profundas", uma representação abstracta das relações lógico-semânticas das mesmas.

Esta distinção conserva-se hoje, na diferenciação entre Forma Lógica e Forma Fonética, embora o processo de derivação transformacional com regras específicas tenha sido substituído pela operação de princípios gerais. Na versão de 1957/65 da teoria de Chomsky, as regras transformacionais (juntamente com regras de sintagmáticas, phrase structure rules e outros princípios estruturais) governam ao mesmo tempo a criação e a interpretação das frases. Com um limitado conjunto de regras gramaticais e um conjunto finito de palavras, o ser humano é capaz de gerar um número infinito de frases bem formadas, incluindo frases novas.

Chomsky sugere que a capacidade para produzir e estruturar frases é inata ao ser humano (isto é, é parte do patrimônio genético dos seres humanos): a "gramática universal". Não temos consciência desses princípios estruturais assim como somos não temos consciência da maioria das nossas outras propriedades biológicas e cognitivas. Chomsky diz que os princípios gramaticais subjacentes às linguagens são completamente fixos e inatos e que as diferenças entre as várias línguas usadas pelos seres humanos através do mundo podem ser caracterizadas em termos da variação de conjuntos de parâmetros (como o parâmetro pro-drop, que estabelece se um sujeito explícito é obrigatório, como no caso da língua inglesa, ou se pode ser opcionalmente deixado de lado (suprimido ou elidido), como no caso do português, italiano e outras).

As evidências que sustentam sua tese baseiam-se na rapidez espantosa com a qual as crianças aprendem línguas, pelos passos semelhantes dados por todas as crianças quando estão a aprender línguas e pelo fato que as crianças realizarem certos erros característicos quando aprendem sua língua-mãe, enquanto que outros tipos de erros aparentemente lógicos nunca ocorrem. Isto sucede precisamente, segundo Chomsky, porque as crianças estão a empregar um mecanismo puramente geral (isto é, baseado em sua mente) e não específico (isto é, não baseado na língua que está sendo aprendida).

Hierarquia de Chomsky

Chomsky é famoso por pesquisar vários tipos de linguagens formais procurando entender se poderiam ser capazes de capturar as propriedades-chave das línguas humanas. A hierarquia de Chomsky divide as gramáticas formais em classes com poder expressivo crescente. Por exemplo, cada classe sucessiva pode gerar um conjunto mais amplo de linguagens formais que a classe imediatamente anterior. De maneira interessante, Chomsky argumenta que a modelagem de alguns aspectos de linguagem humana necessita de uma gramática formal mais complexa (complexidade medida pela hierarquia de Chomsky) que a modelagem de outros aspectos. Por exemplo, enquanto que uma linguagem regular é suficientemente poderosa para modelar a morfologia da língua inglesa, ela não é suficientemente poderosa para modelar a sintaxe da mesma. Além de ser relevante em linguística, a hierarquia de Chomsky também tornou-se importante em Ciência da Computação (especialmente na construção de compiladores) e na Teoria de Autômatos.

Fonte: Wikipedia

segunda-feira, 3 de maio de 2010

É Tetra! É Tetra!



É inevitável.

O histrionismo de Galvão Bueno na final da copa de 1994 é o que mais me vêm à mente nesse dia de celebração.

É tetra!

São 9 anos em seqüência derrotando o rival no campeonato baiano. Feito ímpar, apesar do já distante heptacampeonato "deles".

Eles foram brilhantes, puseram toda a dificuldade possível, e merecem o respeito.

Mas o Tetra - segundo na história do Vitória - é nosso!

domingo, 2 de maio de 2010

Dará Leao no Barradao?

Hoje é o dia! Podemos perder por um gol de diferença, mas isso não é muito. Ano passado era assim e "eles" chegaram a fazer o placar.

Nunca é fácil contra Eles!

Nosso segundo Tetra, e o oitavo título seguido que conquistamos sem perder nenhum campeonato para o Rival, está perto. Mas todo cuidado é pouco!

Haja coração rubro-negro!

Boa sorte Leão!

sábado, 1 de maio de 2010

Amarildo de novo

Impagável, como sempre. Esta eu peguei no Pimenta na Muqueca.



Em tempo: preciso me informar sobre a conformidade de certas postagens, charges e opiniões no que diz respeito à legislação eleitoral.