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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ele cochila e espera desde sempre

Receita de Ano Novo

Por Carlos Drummond de Andrade



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O problema das três portas

Também referido como o paradoxo de Monty Hall, este problema surgiu a partir de um concurso televisivo nos Estados Unidos, chamado Let’s Make a Deal, exibido na década de 1970.

O jogo consiste no seguinte: Monty Hall (o apresentador) apresentava 3 portas aos concorrentes, sabendo que atrás de uma delas está um prêmio e que as outras não tem prêmio nenhum. O jogo consistia de três etapas, a saber.

1. O concorrente escolhe uma porta (que ainda não é aberta);

2. Em seguida, Monty abre uma das outras duas portas que o concorrente não escolheu, sabendo de saída que o prêmio não se encontra ali;

3. Agora com duas portas apenas para escolher - pois uma delas já se viu, na 2ª etapa, que não tinha o prêmio - e sabendo que o prêmio ainda está atrás de uma delas, o concorrente tem que se decidir se permanece com a porta que escolheu no início do jogo e a abre, ou se muda para a outra porta que ainda está fechada para então a abrir.

A pergunta é: é melhor trocar de porta? Ou é melhor não trocar? Ou é indiferente?

Quando fui apresentado ao problema, imediatamente respondi: “Tanto faz!

Meu raciocínio, que provavelmente será o mesmo seu, caro leitor, é simples. Depois de mostrada uma porta, o meu universo era de duas portas. Uma premiada, outra não. Nesse caso eu teria 50% de chances de acertar, independente de trocar ou não a porta. Simples assim, não?

Ledo engano. Meu e seu, amigo!

O programa abaixo, em java, foi feito de maneira um tanto apressada. Mas dá uma boa evidência de que há diferenças entre as estratégias.

Para executá-lo, tendo o Java em seu computador, basta executar os comandos de compilação (javac Montyhall.java) e de execução (java Montyhall).

O programa basicamente repete o experimento 10.000 vezes, para diferentes estratégias. Numa primeira etapa, jamais trocando de porta; depois, sempre trocando de porta.

Os resultados possivelmente surpreenderão. Mas são esses mesmos, podem repetir. Em média, a estratégia de trocar a porta acerta 66,7% das vezes, enquanto a estratégia de não trocar a porta alcançará 33,3% de acerto.

O que é intrigante, sem dúvidas.

A explicação, porém, é um tanto prosaica. Pensemos em probabilidades: havendo três portas, a chance de a porta correta ser selecionada logo de início é de 33%, contra 67% de chances de iniciarmos com alguma porta errada.

Ora: notem que, se optamos pela estratégia “não trocar”, então certamente permaneceremos com a porta que iniciamos. Que tem 33,3% de chances de ser a correta. Logo, o esperado é efetivamente 33,3% de acerto.

Olhemos agora para o que ocorre quando a estratégia é “trocar”. Se selecionamos a porta correta a princípio, então certamente trocaremos por uma porta errada. Ou seja, erraremos com probabilidade igual à de escolhermos a porta correta, que é de 33%. Por outro lado, se escolhemos uma porta errada, e a outra porta errada é aberta (e não é mais selecionável), então certamente trocaremos uma porta errada pela porta correta. Como a chance de selecionarmos uma porta falsa é de 66,7%, temos que, com esta estratégia, nós acertaremos 2/3 das vezes a porta correta.

Copiem o programa daqui, perdoem os comentários em inglês e o pouco preciososmo na codificação, e divirtam-se com esse problema interessante, que propõe um paradoxo aos nossos cérebros.

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public class Montyhall {
String strategy; int number_of_tries, total_matches;

public Montyhall(String s, int n) {
strategy = s;
number_of_tries = n;
total_matches = 0;
}

public void test() {
System.out.println("Starting with strategy "+strategy);
for (int i=0;i
// monty allways starts by selecting the 0 door
int selected = 0;
// the correct door is randomly chosen between 0 and 2
int correct = (int) ((Math.random() * 3));
// the showed door is always other than the 0 and the correct door
int showed = choose_to_show(0, correct);
if ("change".equals(strategy)) { //in this case the selected door must be other one else than the 0 and the showed door
selected = 3 - showed;
}
if (selected == correct) {
total_matches++;
}
System.out.println("Selected the door "+selected+": correct door "+correct+": matches "+total_matches);
}
System.out.println("Done!");
}

public String result() {
return "Strategy: "+strategy+" Tries: "+number_of_tries+" Matches: " + total_matches+ ": "+ ((total_matches*100) / number_of_tries) + "% of success";
}

int choose_to_show(int i, int j) {
if (i==j) { //the chosen and the selected are equals to 0
return (int) (1+ (Math.random() * 2)); //random selection between 1 or 2
}
return 3 - j; //return 1 if j = 2 or 2 if j = 1
}

public static void main(String args[]){
Montyhall monty1 = new Montyhall("not change", 10000);
Montyhall monty2 = new Montyhall("change", 10000);
monty1.test();
monty2.test();
System.out.println(monty1.result());
System.out.println(monty2.result());
}
}

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal



Noite Feliz.

Na companhia da minha Princesa, e da minha Florzinha. Com a família reunida. Celebrando a paz, a concórdia, a amizade.

Propondo um brinde a todos. Uma proposta de entendimento e de paz.

Aos amigos, aos desafetos, aos que eu não ouvi, aos que não me ouviram, o melhor dos presentes.



Paz!

Um brinde a todos voces.

Feliz Natal.

domingo, 19 de dezembro de 2010

A praça Castro Alves é do povo...

Mas parece que esta praça, na Urbis, em Ilhéus, não é do povo, não.



Hoje, dia 19 de Dezembro, uma das praças do Hernane Sá, em Ilhéus, está sendo simplesmente apropriada por um cidadão. Não pertence mais à coletividade.



A praça fica no final da avenida principal, em frente ao “Bar do Mineiro”. Ali, como podemos ver nas fotos, o novo “dono” aparentemente já está cercando sua propriedade, para impedir que os demais tenham acesso. A praça agora será apenas dele, e dos que ele permitir que a freqüentem.

Cabem então as perguntas: quem está fazendo isso? Este cidadão teve permissão da prefeitura para tomar posse da praça? Quais suas intenções? Será que presenciaremos mais um flagrante de poluição sonora e desrespeito ao descanso e à paz alheios?

São coisas que eu, sinceramente, não consigo entender. Às vezes parece que a prefeitura de Ilhéus prefere atuar de maneira contrária ao interesse das pessoas da cidade

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Uma Lágrima

Uma lágrima neste Natal. Foi-se minha amiga.



Paty, minha coleguinha de faculdade. Minha companheira de apê. Minha coleguinha de trabalho na Humana e na Telpa. Tão bonita. Tão companheira. Tão atrapalhada. Tão alegre. Jamais me esquecerei de seu sorriso, e de seu carinho. Que papai de céu te receba, minha amiga tão querida.



E que o anjinho que você deixou aqui na Terra tenha uma vida feliz.

Daqui me despeço. Com carinho, com saudade, com as alegres lembranças dos anos todos de companheirismo na universidade e no trabalho.

Com uma lágrima neste Natal.

Sê com Deus.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Os aliados do Wikileaks

Esta notícia eu li no Último Segundo (aqui). Parece que os Hackers organizados não vão abandonar a luta de Julian Assange, que constrangeu e denunciou abusos do governo dos Estados Unidos.

Assange, muito convenientemente, foi preso. Acusado de abuso sexual. Mas aparentemente a sua luta contaminou ciber-ativistas ao redor do Globo.

Hackers aumentam ataques contra sites que boicotam WikiLeaks

Sites da MasterCard, da Justiça sueca e do PostFinance são alvo da 'Operation:Payback', que defende os vazamentos pelo WikiLeaks

"Um grupo de hackers orquestrou uma ampla campanha nesta quarta-feira de apoio ao site de vazamentos WikiLeaks, que vem atraindo críticas pela divulgação de mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA e cujo criador, Julian Assange, está preso em Londres sob acusação de abusos sexuais.

Os alvos incluem a Mastercard.com, que parou de processar doações ao WikiLeaks; a Amazon.com, que retirou o site de seus servidores; o serviço de pagamento online PayPal, que suspendeu sua cooperação comercial; o advogado representando as duas suecas que acusaram Assange; e o PostFinance, braço de serviços financeiros do Correio suíço, que fechou a conta de Assange com o argumento de que ele forneceu informação falsa ao dizer que residia na Suíça.

Segundo o jornal britânico Guardian, o site da MasterCard está parcialmente paralisado no ataque. A empresa, porém, informou ao iG que o ataque não afeta as transações com cartões.

Anonymous, um grupo independente que prometeu retaliar contra qualquer organização que se opusesse ao WikiLeaks, alegou responsabilidade pelo ataque a Mastercard, e, segundo um ativista associado ao grupo, conduzia múltiplos outros ataques sob a chamada 'Operation: Payback' ('Operação: Acerto de Contas', em tradução em livre).

O ativista Gregg Housh disse em uma entrevista por telefone que 1,5 mil hackers estavam em fóruns online e em salas de bate-papo lançando repetidos ataques de 'negação de serviço' (DDos) [nota do blogueiro: é DoS] contra sites que atuaram contra Assange e o WikiLeaks em dias recentes.

Além da MasterCard, o PostFinance confirmou nesta quarta-feira que é vítima há três dias de ataques de DDos depois de fechar a conta de Assange na segunda-feira, quando justificou a medida afirmando que Assange forneceu 'dados falsos sobre seu domicílio'. 'Desde o fechamento da conta, vários grupos lançaram a operação 'Payback' com o objetivo de bloquear o PostFinance, simulando centenas de milhares de conexões com o site para sobrecarregá-lo', indicou.

A Justiça sueca anunciou nesta quarta-feira que apresentou uma denúncia à polícia após ter sofrido um ataque de hackers contra o site nas últimas horas. Por causa do ataque, o site ficou fora de serviço site desde terça-feira à noite até esta manhã e ocorreu depois uma sobrecarga no tráfego em direção a ela."

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Isca?

Muitas e muitas vezes temos ouvido e lido de muitas fontes diversas, notadamente o grupo de ativistas e ambientalistas que são contrários à implantação do Complexo Intermodal, que o novo aeroporto de Ilhéus não virá. Alegam que trata-se apenas de uma “isca”, com o objetivo de atrair a simpatia dos cidadãos.

Observando os fatos recentes, acho que é hora de considerarmos seriamente isso.

Porque as autoridades do executivo estadual e federal, nas pessoas do Governador Wagner e do presidente Lula, bem como de seus assessores diretos, os ministros, secretários e presidentes de estatais, além dos políticos aliados - que deveriam defender os interesses da região - simplesmente não tocam mais no assunto. Falam muito da Ferrovia, que será iniciada em breve, ao que parece, e do Porto. Mas o Aeroporto caiu totalmente no esquecimento.

Se esse for o caso, então Ilhéus e a região toda ficará à mercê do velho aeroporto Jorge Amado.

Em outras palavras, ficará à mercê de uma série de contratempos que se acumulam: companhias que operam com aeronaves de menor porte, o que impede boa parte da logística das empresas do Pólo de Informática e das indústrias da região. Restrições de operação noturna e com tempo ruim, o que encarece as passagens e diminui a competitividade do Turismo. Quantidade limitada de companhias aéreas, que limita a concorrência e deixa os passageiros vítimas de serviços de qualidade lamentável.

O Velho Jorge Amado não suporta os novos desafios. Até o Banco do Brasil já o abandonou, fechando os caixas eletrônicos que ali existiam. Quem sair por último apague a luz.

Ilhéus precisa muito de um novo aeroporto: moderno, espaçoso, com alfândega, pista para grandes aeronaves, múltiplas companhias aéreas. A necessidade tão grande quanto urgente.

Infelizmente, de acordo com as atuais propostas orçamentárias, em breve é Vitória da Conquista que terá seu aeroporto de grande porte. Isso atrairá para aquela cidade uma série de operações de carga que hoje ainda são executadas no aeroporto de Ilhéus. Outro duro golpe contra esta cidade, impondo-lhe mais perda de arrecadação e impostos.

Com a vinda do presidente Lula a Ilhéus, na sexta-feira próxima, é a hora de a sociedade organizada cobrar dele, e do governador Wagner, e dos políticos regionais uma palavra final: Ilhéus terá seu Aeroporto Internacional, conforme prometido?

Ou os ambientalistas tinham razão, e a cidade inteira apenas mordeu uma isca?

domingo, 5 de dezembro de 2010

O Leão caído



Foi a crônica de uma morte anunciada.

Anunciada neste modesto blog, ainda no mês de Maio. Leiam aqui.

O Vitória foi rebaixado. Matematicamente pode-se dizer que foi rebaixado porque a arbitragem prejudicou o rubro-negro baiano na partida contra o Corinthans.

Prejudicou mesmo. É verdade. E tomou dois pontos do Vitória. Que fizeram muita falta.

Mas o rebaixamento mesmo não se deu ali. Porque um time que escapa do rebaixamento por dois pontos na verdade foi rebaixado também. Apenas teve a sorte de a Tabela do Campeonato não se aperceber disso.

O rebaixamento do Vitória começou quando não conseguiu um mísero meio-campista de qualidade, fora Ramon.

E Ramon não podia jogar muito mesmo. Jogava apenas metade de cada partida, e mesmo assim não participou de todas.

Não obstante sua grande qualidade, Ramon foi um jogador com o qual o Vitória não pôde contar, ao final das contas.

Ora: um time sem criatividade no meio de campo não consegue ir bem no ataque. O Vitória ficou sem seu velho poderio ofensivo durante todo o ano de 2010.

E isso evidenciou a impressionante fragilidade da defesa, que tomou, como sempre aconteceu nos últimos anos, uma quantidade absurda de gols oriundo de lances ingênuos ou simples, fruto de falhas totalmente inaceitáveis. Sem pecar por excesso, com certeza foram dezenas de gols assim.

Sem o meio-campo para acionar o ataque, a alternativa era construir uma equipe defensiva.

Mas com a qualidade dos jogadores que o time tinha na defesa isso não era possível. Treinador nenhum poderia dar jeito nisso.

O Vitória não teve um time taticamente configurado em nenhum momento do Campeonato Brasileiro. Deu no que deu. Rebaixamento.

Ano que vem, com fé, será melhor.

"Bora Vitória"

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ilhéus sem aeroporto

Segundo notíciado (leiam aqui) a comissão mista de orçamento aprovou um total de 110 milhões de reais para a construção de novos aeroportos na Bahia.

Do total, 60 milhões irão para o aeroporto de Barreiras e 50 milhões para o aeroporto de Vitória da Conquista.

Ilhéus receberá o de sempre: Nada.

Não dá mais para empenhar muitas esperanças de que exista realmente uma grande vontade política, por parte dos governos estadual e federal, para a construção do novo aeroporto de Ilhéus. Ele já nem aparece mais nos discursos oficiais (leia aqui), bem como não consta oficialmente dos planos concretos do orçamento.

Vitória da Conquista está prestes a ver o seu aeroporto ser iniciado. Até Barreiras conseguirá o seu. Enquanto isso a cidade de Ilhéus patina, à mercê das promessas não cumpridas e dos nós não desatados.

Belo futuro aguarda esta Princesa Destronada: em breve os passageiros sairão daqui para embarcar em Conquista.