Há alguns anos acompanho, com entusiasmo inocultável, a campanha "10% do PIB para a educação".
De fato, garantir um investimento mais vultoso, constante e, o principal, garantido em Lei para a educação parece ser um caminho possível para diminuir a ganância com que administradores avançam sobre o quinhão da Educação toda vez que há algum aperto na arrecadação ou no faturamento.
O Brasil todo exige investimentos em Educação. Mas 10% do PIB é o caminho?
A vitória de Fernando Alonso, "Dom Fernando I" em Valência deixa duas coisas bem claras, além de fortalecer a hipótese de uma terceira.
A primeira informação a ser capitalizada dá conta de que esta temporada é muito equilibrada e, por este motivo, acabará sendo vencida pelo piloto que melhor consiga aliar arrojo, inteligência, sangue-frio e sorte.
A segunda informação é que este piloto tem nome: Fernando Alonso. O espanhol hoje sobra na turma, e está guiando com a majestade que pode levá-lo a ser um dos mais fantásticos de todos os tempos. Alonso hoje é um piloto que erra muito pouco, e consegue tirar da sua Ferrari um desempenho sempre muito acima do esperado.
Alonso brindou o mundo com uma atuação de Gala em Valencia
A Cúpula da Terra, a 'Rio+20', acontece num divisor histórico que cobra, ao mesmo tempo legitima a busca de novos caminhos para a continuidade da aventura humana no planeta. A singularidade desta reunião, o seu maior trunfo, não pode ser abstraído, tampouco amesquinhado pelas organizações, lideranças e chefes de Estado reunidos a partir desta 4ª feira no Rio de Janeiro: a Rio+20 reverbera o colapso da ordem neoliberal.
Não é um acaso, nem deve ser tratado assim. Se a Rio+20 não associar organicamente a agenda do meio ambiente a um elenco de medidas destinadas a enfrentar a derrocada em curso suas propostas serão contaminadas pelo bafejo da irrelevância. O movimento ambientalista, cuja pertinência está sedimentada em estudos e indicadores científicos que evidenciam o assalto aos recursos que formam as bases da vida na Terra, enfrenta aqui a idade da razão.
A Rio + 20 precisa olhar para múltiplas realidades, mas não desvairadamente
Porque substituir o PIB como medida
(Original publicado aqui)
Uma das grandes discussões - suscitadas pela Conferência Rio+20 sobre o meio ambiente - é a respeito do PIB (Produto Interno Bruto) como indicador fundamental de desenvolvimento.
Há décadas o PIB tornou-se fetiche, sinônimo de possibilidades de melhoria dos cidadãos, de geração de emprego, de acesso ao desenvolvimento sustentado, principal objetivo perseguido pelas políticas econômicas de todos os países.
Ele mede a produção de riquezas do país, tudo aquilo que é gerado pela economia de um país durante um ano.
Suas inconsistências são óbvias, mas pouco discutidas:
O PIB deve ser superado como indicador de desenvolvimento econômico
Há gênios na literatura. E no cinema. São raros, e sempre foram, mas existem. E sempre existiram. George Orwell, apesar de odiado por muitos dos marxistas que eu conheço, notabilizou uma crítica concreta e, o principal, visionária das ditaduras socialistas. Fez isso no clássico "1984" e, de maneira soberba, em "Animal Farm" (A Revolução dos Bichos).
Mas de seu lado o Capitalismo também já foi duramente criticado. Charles Chaplin em "Modern Times" faz uma série de brincadeiras que denunciam o mecanicismo a que as pessoas e o trabalho das pessoas são submetidos pela ordem econômica.
E Aldous Huxley.
A crítica, na verdade a advertência, está em "Brave New Word" (Admirável Mundo Novo), onde se apresenta o futuro. Sem alarmismos ambientais ou militares, mais sutil e assustador pela verossimilhança, o livro mostra um mundo em que a tecnologia possibilitou a produção de humanos geneticamente ajustados às funções que exerceriam na sociedade. Não haveria confronto de classes, pois não haveria a insatisfação das classes. Trabalhadores braçais eram geneticamente preparados para serem trabalhadores braçais. Amavam sê-lo. Não desejam outra coisa.
Haviam castas: Alfa, Ípsilon.
E o Mundo, Admirável Mundo Novo, parecia haver superado todos os seus problemas sociais.
Nem Machado de Assis escreveria roteiro tão insólito.
Um Ministro do Supremo Tribunal Federal enlouquece. Passa a distribuir declarações cada vez mais alucinadas, trasformando o Supremo em circo ou hospício. O presidente do STF nada faz, porque é um poeta apartado das coisas vãs do mundo real.
Os demais Ministros percebem estar convivendo com um louco, mas não querem se meter na questão, porque loucos são imprevisíveis. E se o louco se volta contra eles? E se o louco convoca seu "personal aaponga"? Cada qual trata de se debruçar sobre seus próprios processos e ignorar o Ministro louco.
Uma constatação
sutil, inconveniente e nada alentadora começa a tomar forma. Ainda
não se pode afirmar, mas já se pode colocar o dedo na ferida: o
Complexo Intermodal, está, literalmente, afundando. E com ele as esperanças de tantas pessoas por dias melhores.
Antes era o aeroporto,
que jamais passou de promessas, nunca esteve nem no papel. Agora,
mais realistas, já não há mais quem faça nenhuma promessa. Nem o
governo do Estado, nem o governo Federal.
Restava o alento de
receber o Porto Sul e a Ferrovia. Mas infelizmente o empenho dos
interessados, leia-se governo Federal e Estadual mais a empresa
mineradora Bamin, parece ser cada vez menos relevante. Com efeito, as
ações de divulgação cessaram totalmente, e o cuidado necessário
na condução do processo não foi tomado. Talvez subestimando os
inimigos do projeto, os documentos e os estudos acabaram se mostrando
relativamente falhos, ainda que em questões minúsculas.
Ilhéus seguirá seu caminho: infra-estrutura, segurança e desenvolvimento social
O Slow Food é um manifesto que se contrapõe ao Fast Food, propondo que as refeições devam ser feitas com tempo, em um bom estado emocional e físico, sem pressões de trabalho ou de tempo, pois somente assim o alimento será melhor aproveitado fisiologicamente.
Analogamente aparece, nos meios acadêmicos, o manifesto Slow Science, que se contrapõe a esta Fast Science que está infectando todos os ambientes acadêmicos, e se reproduzindo rapidamente, medindo e comparando cientistas meramente pelo número de suas publicações e artigos. Este modelo leva os cientistas a produzir muito, mas não necessariamente mais ou melhor. É a Ciência feita para o Papel, talvez para a Academia, mas certamente não para as pessoas.
O site do manifesto pode ser encontrado aqui, e seu texto, seguido por uma livre tradução minha, segue abaixo.