Nicole, Thomas e a Jurisdição das saias

Pelo que tenho ouvido e lido por aí, parece que Gerald Thomas do Pânico, andou colocando a mão debaixo do vestido da atriz Nicole Bahls. De maneira pouco comovente ela responde: "ele é gay, ele pode".

Geraldo Thomas e Nicole Bahls: a jurisdição da saia

A frase da Atriz repercutiu na imprensa e nas redes sociais como um embaraçoso exemplo da recentemente batizada "ditadura gay".

Ora. Pelo pouco que entendo das mulheres e suas saias, parece-me razoável que Nicole Bahls tenha toda a liberdade para definir os critérios que outorgam a alguém o direito de estar debaixo de seu próprio vestido. 

Questão de jurisdição.

Mas daí a se concluir que se pretende ser esse um direito extensivo a todos os gays e todas as saias é, no mínimo, muita ingenuidade. Ou exatamente o contrário: a malícia de se gerar um fato com algum teor político onde há apenas um programa humorístico de qualidade duvidosa.

Muitos textos tão exacerbados quanto inconsistentes dão conta de uma enorme conspiração dos homossexuais contra a sociedade, a família, a religião, os heterossexuais; a vítima depende do autor. Mas o argumento é sempre o mesmo: estaria sendo outorgado aos homossexuais o direito de invadir a privacidade e atacar o pudor alheio, apenas por sê-lo. A frase da atriz seria a prova irrefutável: ele pode porque é gay.

O que seria um enorme absurdo, se absurdo maior não fosse a falta de contexto em que se toma a frase da atriz. Basta se ter o mínimo de bom senso para entender que Nicole Bahls não estava outorgando a Gerald Thomas, ou a qualquer pessoa, o direito de tocar debaixo da saia de todas as mulheres. Ela estava falando da saia dela. Da intimidade dela. É onde alcança a jurisdição dela também.

Uma situação que surge a partir de um programa "humorista" inescrupuloso, que reiteradamente desrespeita as pessoas, frente a uma atriz (“e modelo”) que se vê espremida entre o possível constrangimento da exposição de sua intimidade e a pressão para aproveitar qualquer oportunidade para mostrar toda a sua beleza e talento na mídia.

Não há nada de homossexual ou heterossexual nisso.

Apenas falta de bom gosto, de criatividade, e de respeito humano.