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quarta-feira, 23 de março de 2016

Xadrez?

É como um jogo de xadrez.

As Brancas avançaram com as Torres-Imprensa e com os Cavalos-Polícia enquanto as Pretas, acovardadas, apenas faziam movimentos evasivos.

O Bispo-Juiz, sempre guardado por um ou mais Cavalos, e com apoio das Torres, foi avançando e capturando as principais peças Pretas. Uma a uma.

Mas o Bispo não sabe que, na estratégia do jogo, não é ele quem importa.




Mais alguns movimentos, Cavalos e Bispo acusam Xeque. Quase!

quinta-feira, 17 de março de 2016

Quando um Juiz vai além

Os grampos divulgados ontem, dia 16 de Março de 2016 na Globo apontam para rumos bastantes incertos no Brasil.

O resultado político é óbvio: primeiro, deu mais um chute no cachorro morto, que é o Governo Dilma. Sim, precisamos dizer a verdade: desde domingo Dilma não governa mais o Brasil (leia aqui).

Segundo, deu um grande golpe no embrionário governo Lula. Sim, o governo que se inicia, ou que estava se iniciando, era comandado pelo Presidente Lula.Se já estava em maus lençóis, agora está encalacrado de vez.

Postas as obviedades de lado, o ponto é outro.

Há alguém que ainda defenda a idoneidade do Juiz Sérgio Moro?

Um dos exercícios mais elegantes que conheço na Ciência é a demonstração pelo absurdo. Para provar que uma hipótese é falsa eu inicialmente assumo que é verdade. Então mostro que a lógica me conduz a um absurdo.Este resultado demonstra que a hipótese que eu supus verdadeira, na verdade não pode sê-lo. É falsa.

Vamos imaginar que o Juiz Moro seja um grande paladino da Justiça. Aquela moça bonita, que é cega. E que, por isso, desce sua Espada apenas ao sabor da Balança.

Até anteontem, dia 15 de Março de 2016, restavam perguntas difíceis para o Juiz Moro responder. Se a Justiça dele é cega, porque insistentes vazamentos aconteciam, sem serem devidamente apurados e repreendidos? E porque estes vazamentos sempre pendiam contra um partido e um governo, havendo tantos opositores igualmente envolvidos? Se a Justiça dele é cega, como explicar que as delações e as suspeitas diversas que recaiam sobre políticos da oposição eram sistematicamente ignorados, enquanto os do governo eram investigados a fundo, resultando em processos e prisões?

Tudo isso já era difícil de responder. Parecia que a Justiça dele não era cega, mas caolha. Tinha um olho bem aberto, que olhava por um dos lados.

Esta tese, apesar de robusta, sempre foi combatida com o argumento de que os políticos da oposição seriam investigados "depois". Além de pueril, esta ideia não se sustenta frente à lógica: porque investigar depois o que pode ser investigado agora? Como ignorar que esta decisão, a de investigar a oposição "depois" tem um resultado político imediato, que favorece francamente a oposição?

Mas ainda assim a Tese sobrevivia. Se fosse vivo, Francis Bacon diria que as pessoas se agarrarão nela porque preferem esta verdade àquela que os Fatos apontam.

Só que agora não há mais como sustentar. Após divulgar os grampos (possivelmente criminosos) feitos na presidência da República, o Juiz Moro conseguiu alcançar alguns objetivos políticos importantes para a oposição: inflamar ainda mais as pessoas contra o governo, impor mais uma saia justa à presidenta Dilma, dificultar o início do governo de Lula, que doravante terá imensa dificuldade em se articular com os demais poderes. Foram muitos os objetivos que o Juiz Moro, sabido como ele só, conseguiu alcançar com o vazamento dos grampos. A pergunta é: algum deles é jurídico?

A motivação de Moro, escancaradamente política, está efetivamente evidenciada agora. Provavelmente ainda haverá quem insista em negar o óbvio. Naturalmente. E uma imensa quantidade de pessoas vai se apegar às suas crenças e negar o óbvio. Naturalmente. Estes, que Francis Bacon os tenha.

Porque a lógica tem esta vantagem: ela se impõe mesmo que insistamos em não vê-la. E a Lógica, neste caso, é implacável. O Governo Dilma acabou, o Governo Lula não começou. E a oposição, mais o Juiz Moro, conseguiram seus objetivos claramente políticos: acuaram o PT. Mas o custo pode ter sido muito alto.

O nosso Estado Democrático de Direito.

domingo, 13 de março de 2016

O último

Frente às manifestações deste domingo, 13 de Março de 2016, a constatação é inegável, por mais dolorosa que possa ser:  O governo Dilma acabou.

Acabou sem nunca ter começado de verdade. Acabou sem nunca ter tido sequer a chance de errar e acertar. Acabou dentro de, entre outras coisas, uma enorme injustiça. Mas acabou.

Porque um governo popular, que se volta para necessidades das pessoas, é capaz de resistir aos ataques da imprensa que lhe faz oposição sistemática, tendenciosa e, muitas vezes, verdadeiramente mentirosa. Também consegue resistir a um judiciário partidário, que prescinde de provas para condenar, que investiga, pune e prende de maneira seletiva, que permite "vazamentos" sempre nocivos ao governo. Também pode resistir ao ódio insuflado pela oposição, desonesta e oportunista, que faz circular boatos sem fundamento, faz as acusações mais esdrúxulas impune e sorrateiramente, que não demonstra a menor responsabilidade com as consequências de sua insanidade.

Mas um governo popular não pode resistir à impopularidade. Principalmente se, além dos fatores citados no parágrafo anterior, esta impopularidade também for causada por escolhas do próprio governo, que simplesmente virou as costas para as bandeiras que o elegeram. Para um governo assim, simplesmente não há possibilidade.



A culpa do fim do governo Dilma é da Imprensa, que levará anos para recuperar sua imagem arranhada. É da Justiça, flagrante e repetidamente demonstrando sua parcialidade. É da Oposição, e sua campanha irresponsável de ódio. Mas é do governo Dilma também. Porque escolheu conviver com os abutres, afastando-se dos que eram verdadeiramente seus. Esta é, talvez, a grande lição que vai ficar para a História.


segunda-feira, 7 de março de 2016

A Jararaca não morreu. Ela vai viver?

"Se tentaram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. A jararaca tá viva, como sempre esteve"

Esta frase emblemática do Presidente Lula vai para a História.



Aliás, é isto o que estamos vivendo neste momento: a História sendo escrita. Daqui a muitas e muitas décadas os relatos deste momento ocuparão parte das páginas mais importantes dos livros de História.

O desfecho da operação Lava-Jato pareceu ter sido finalmente alcançado na sexta-feira, dia 04 de Março de 2016. A imagem da Polícia Federal e de procuradores de Justiça cercando  o Presidente de todas as maneiras foi muito forte. Residência, Instituto, e nem mesmo um depósito foram poupados.

Por um bom tempo pareceu que o objetivo - sim, ninguém que tenha qualquer senso crítico ainda duvida do verdadeiro objetivo da Operação Lava-Jato, que é devolver o poder ao grupo que não o conquista pelo voto desde o século passado - estava alcançado. Excluído Lula do jogo de Xadrez, é só deixar Dilma continuar a sangrar até o desfecho final.

Mas não aconteceu.

domingo, 6 de março de 2016

A Lava Jato atravessou o Rubicão

Luis Nassif
Original aqui.


A Lava Jato atravessou definitivamente o Rubicão, com a história da condução coercitiva de Lula para prestar depoimento.


A nota de Moro – transferindo a responsabilidade do pedido ao Ministério Público Federal, conclamando por tolerância e compreensão “em relação ao outro lado” mostra o risco de se colocar a estabilidade política do país na dependência de um grupo de investigadores provincianos, conduzidos pelas cenouras do Jornal Nacional.

Mas fornece elementos que levam a um desfecho imprevisível para nosso jogo de xadrez.

Peça 1 - A estratégia dos vazamentos