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quarta-feira, 4 de maio de 2016

E depois do Impeachment?

O impeachment é inevitável.

O STF não o deterá, seja por fidelidade à independência do legislativo, seja por covardia, seja por alinhamento político, ou por qualquer motivo. E o Senado permanecerá de ouvidos moucos aos argumentos, por mais fortes e coerentes que sejam. Porque, salvo (duvidosas) exceções, o interesse ali não é apurar a validade das acusações. Muito pelo contrário: trata-se de defender a retomada do poder a qualquer custo.

Quem não perde no voto desde o século passado, perderá por outras vias. Qualquer uma serve.



Com alguma culpa, é importante que se diga. O governo e o PT cometeram pecados graves tanto na leniência com a corrupção quanto no relacionamento com o Congresso Nacional. Erros oriundos de pouco pragmatismo, de alguma arrogância, de muita ingenuidade. Erros que os livros de História estudarão nos anos vindouros.

Posto o Impeachment como favas contadas, a pergunta é: e depois?

Qualquer tomada de poder abrupta, rompendo com a normalidade democrática – o que em muitos dicionários (esses autores “comunistas bolivarianos”) pode aparecer como definição de Golpe – deixa seqüelas em vencedores e em vencidos.

A rejeição ao governo que se instalará será grande. Claro que haverá um grande esforço da mídia e de centros organizados do empresariado (leia-se FIESP) para dar uma agenda positiva e reverter o quadro. Mas não será fácil.

O governo Temer será povoado, em níveis de poder, com o que há de mais podre na política brasileira, restando saber se o pior deles está na postura conservadora ou na folha criminal. O “Novo” governo estará, assim como esteve Dilma, sob ameaça constante do Congresso e da Justiça.

Além disso, os movimentos sociais estão se preparando para uma longa batalha. Haverão passeatas, vias bloqueadas, greves, manifestações, invasões, o escambau. Estarão agindo insistentemente em todo o Brasil. Sem tréguas. Dentro ou fora da Lei, pouca diferença fará para eles. Estarão lá, fazendo de tudo para desestabilizar o governo.

Dentro deste cenário caótico – sim, o país estará mergulhado no caos político e administrativo pelos próximos meses – o cenário econômico não tende a melhorar rápida ou espontaneamente. Tampouco rapidamente. O governo Temer será portador de medidas amargas e de efeito lento, talvez incipiente.

Este cenário, não sugere que o governo Temer corre o risco de fracassar. É certo que ele fracassará. Serão meses – no limite de dois anos e meio – em que o rancor do lado que perdeu, somado à ilegitimidade flagrante do lado que venceu, tornarão a vida dos dois lados, e de quem não tem lado também, cada vez mais difícil.

O único alento é que este golpe tem prazo de duração. Novas eleições virão em 2018 e, apesar do cenário ter sido artificialmente alterado, espera-se que alguma normalidade nos visite a partir de então.

Mas daqui até lá muita água ainda vai passar debaixo da ponte.

Esgoto puro.

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